O aumento dos preços do arroz, que subiu quase 20% no ano, e de outros componentes essenciais da cesta básica, como o feijão e o óleo, com altas de mais de 12% e 18%, respectivamente, tornou-se um sério fator de preocupação para os brasileiros.
Mais da metade dos entrevistados (55%) acredita que a inflação dos insumos básicos continuará aumentado. “O consumidor vai ao mercado e comprova, dia após dia, esses aumentos”, diz Moura. “Por isso, a percepção é de que a inflação deverá continuar crescendo”.
EXAME/IDEIA também perguntou a quem se deve atribuir o aumento dos preços – 41% responsabilizam a política econômica do governo federal. Só 11% culpam os donos de supermercados e redes de alimentos.
Não foi só o arroz. O feijão e o óleo também tiveram seus preços remarcados. O tomate ficou 12% mais caro. Hoje, também é preciso pagar 7% a mais pelos ovos e frangos, em comparação aos últimos 12 meses.
Com as refeições consideravelmente mais caras, 72% dos brasileiros acreditam que o custo de vida teve um aumento superior aos índices de inflação divulgados pelo governo.
O baque tem sido sentido principalmente pela população mais pobre. Cerca de 70% das pessoas que ganham até um salário mínimo precisaram diminuir as compras de alimentos e 35% tiveram que reduzir os gastos com transporte.
A maioria (73%) da população que se encontra nessa faixa de renda também cortou as compras de roupas e sapatos. Mesmo entre 46% dos brasileiros que ganham do que cinco salários mínimos, esse tipo de despesa ficou no passado.
“É um dado preocupante, porque a redução do consumo pode levar a uma piora do nível de emprego”, diz Moura. “Os dados mostram que setores importantes da economia, como o de serviços e a indústria, podem ser afetados”
Entre os mais pobres, 36% tiveram que reduzir custos com as contas de celular e internet. Outros 24% diminuíram os investimentos em educação.
As decisões sobre cortes no orçamento também variam conforme a região do país e a renda das famílias. No Sul, 75% dos moradores optaram por reduzir despesas com lazer e turismo. Entre as pessoas que tiveram que trocar os alimentos que estavam acostumadas por outros mais baratos, a maioria (58%) se encontra no centro-oeste e nordeste (49%).
“Esses indicadores impactam diretamente a aprovação do governo e os índices de confiança dos consumidores”, diz Moura. “O brasileiro já está precisando reduzir investimentos importantes, o que não é um bom sinal”.