Desmentindo mitos sobre o impacto das bets no varejo

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Nos últimos anos, principalmente de 2023 para cá, o mercado de apostas online (bets) no Brasil tem crescido de forma exponencial, levando muitos a acreditarem que isso estaria afetando diretamente o desempenho de alguns setores, principalmente o de varejo. 

No entanto, essa correlação não é tão clara quanto parece, e é importante examinar os dados e as análises mais recentes para desmentir a ideia de que o varejo perdeu força por causa das apostas, uma vez que, na realidade, diversos fatores econômicos mais amplos e a necessidade de estabelecimento de regulamentação adequada têm maior peso sobre o setor.

Com o crescimento acelerado do mercado de apostas esportivas, com muitas plataformas ganhando força e crescendo em popularidade entre jogadores, como é o caso do cassino online da KTO no Brasil e outros nomes também conhecidos como Betano e Betfair, muitas especulações surgiram sobre a relação entre o consumo das famílias e os gastos com jogos de cassinos. 

Um estudo da PWC indicou que, até 2023, o mercado de apostas esportivas movimentou cerca de R$ 40 a R$ 50 bilhões, representando 1,38% do orçamento das famílias de baixa renda​. No entanto, essa parcela ainda é pequena quando comparada a outras despesas discricionárias, como alimentação e vestuário​. 

Esse cenário é apoiado por dados da XP Investimentos, que indicam que, embora as apostas estejam cada vez mais presentes no orçamento familiar, especialmente nas classes C, D e E, elas ainda não representam uma parcela substancial do consumo total dessas famílias, sendo que a maior parte dos apostadores gasta valores relativamente pequenos, o que diminui a pressão direta sobre o consumo de bens essenciais​.

O próprio CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, em evento realizado pelo Banco Santander, ressaltou que não vê um impacto imediato das apostas no varejo. Embora ele reconheça o crescimento das bets, não há evidências concretas de que esse fenômeno tenha prejudicado as vendas no setor de forma significativa​.

No mais, em uma nota técnica recente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sob a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin, contestou as alegações de que as apostas online estariam causando um impacto negativo significativo no varejo. 

O documento foi elaborado a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), como parte de uma ação movida pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) no Supremo Tribunal Federal, que busca a suspensão da lei das bets. 

O Ministério argumenta que os dados disponíveis e apresentados pela CNC não indicam uma desaceleração do varejo atribuível ao crescimento das apostas​, sendo ainda que de acordo com o Ministério, as vendas no varejo cresceram 0,6% em julho de 2023 em comparação ao mês anterior, acumulando uma alta de 5,3% no primeiro semestre do ano. 

Nos últimos 12 meses até julho, o setor registrou um crescimento acumulado de 3,7% e esses números sugerem que o comércio está em trajetória positiva, o que contradiz as alegações de que as apostas online estariam prejudicando o desempenho do varejo​.

Temos ainda que levar em conta a regulamentação do setor de apostas, que ainda está em desenvolvimento pelo governo federal e que desempenhará um papel crucial para evitar abusos e proteger consumidores, o que também refletirá de forma positiva em outros setores. 

Entidades como a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) e o Instituto Brasileiro do Jogo Legal (IJL) defendem que uma regulamentação clara e responsável é fundamental para mitigar qualquer impacto negativo das apostas, garantindo que o setor opere de forma sustentável​ para todos.

Embora o setor de apostas esportivas esteja em crescimento no Brasil, os dados oficiais e as análises mais recentes sugerem que seu impacto no varejo não pode ser considerado negativo, sendo que os maiores desafios enfrentados pelo setor de varejo, na realidade, são pontos como a inflação e mudanças nos hábitos de consumo, que têm maior influência sobre o desempenho do setor do que os gastos com apostas​.

Todos esses dados, somando-se com a regulamentação em andamento, que ajudará a trazer mais transparência e a proteger os consumidores, permitindo que o setor de apostas cresça de forma responsável e equilibrada, sem prejudicar outros segmentos importantes da economia, faz com que a narrativa de que o varejo perdeu força por causa das bets se torne pouco crível, devendo ser vista com cautela, uma vez que a situação envolve uma série de fatores econômicos mais amplos.

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