Marcas próprias do varejo ganham espaço

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A crise causada pela pandemia fez o brasileiro colocar no carrinho mais arroz, feijão e leite com marcas dos supermercados. Em abril, as vendas desses alimentos de marcas próprias cresceram 32,6%, em base anual, bem acima da taxa de 10% de todo o setor de alimentos, segundo a Nielsen. Até o consumidor de alta renda está comprando esse tipo de produto, mais barato que o vendido por fabricantes tradicionais.

O cenário leva a uma projeção de avanço de 9,6% nas vendas das mercadorias de marca própria em 2020, considerando também outras categorias, como os produtos de higiene e limpeza. Essas linhas devem movimentar R$ 8 bilhões até dezembro, conforme projeção da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro).

“O custo-benefício em relação às marcas das fabricantes é um diferencial para o consumidor”, disse Roberto Butragueño, diretor de atendimento do varejo e e-commerce da Nielsen. No mês de abril, os produtos de marca própria movimentaram R$ 420 milhões, 8,1% mais que em igual período de 2019. Desse total, R$ 91 milhões foram provenientes da venda de commodities, ou alimentos básicos. Nessa categoria, o leite liderou o crescimento nas vendas, com avanço de 73,7% no mês, seguido por óleo (65,9%) e farinha de trigo (63,9%).

Segundo Neide Montesano, presidente da Abmapro, os preços dos produtos são até 40% menores quando comparados às demais marcas. “Os fornecedores são pequenos, portanto, têm menos custos com folha de pagamento, marketing, embalagem e logística. A margem deles também é menor”, afirmou.

Pesquisa da consultoria Bain & Company corrobora a busca do consumidor por produtos de menor preço como forma de reduzir gastos na pandemia, sejam itens de marca própria ou versões de marcas tradicionais em embalagens menores.

O movimento deve levar fabricantes a rever seu portfólio. “É melhor ter uma segunda oferta, ter uma canibalização você mesmo, do que a marca ser abandonada”, afirmou Federico Eisner, sócio-diretor da Bain.

 

Entre os consumidores de baixa renda, 35% a 40% dos entrevistados migraram para produtos de menor preço em maio. O movimento também foi verificado na camada mais abastada da população no mês passado.

Eisner disse que, até abril, cerca de 10% das pessoas com renda maior buscavam marcas mais baratas em segmentos como comida, bebida, e itens de higiene e limpeza. Em maio, essa fatia dobrou ou mais que dobrou em algumas categorias. Em comida embalada, subiu de 9% para 30%. Em cuidados com a casa, o salto foi de 11% para 28%.

Segundo Eisner, o movimento surpreendeu, porque havia uma expectativa de que os mais ricos migrassem para produtos ainda mais caros como forma de indulgência em um momento de privações. “Os mais ricos veem a crise e também fazem a mudança de marcas para gastar menos e poupar, já que têm expectativas ruins sobre o futuro próximo”, afirmou.

Na avaliação do diretor da Nielsen, o brasileiro está confiando mais nas marcas dos supermercados e isso é resultado do trabalho de anos feitos por grandes varejistas como GPA, dono de redes como Pão de Açúcar e Extra, e Carrefour para mostrar os benefícios de seus produtos ao consumidor. O varejo regional e as farmácias também registram crescimento maior nesta área.

Entre os produtos de higiene pessoal, os destaques em marcas próprias são o papel higiênico e sabonete líquido, enquanto na cesta de limpeza, os mais populares são desinfetante, sabão líquido para lavar roupa e detergente. “Os produtos de limpeza são a porta de entrada dos varejistas nas marcas próprias”, disse a presidente da Abmapro.

Fonte Valor Econômico
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