Crise afasta das lojas os compradores de eletros

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Com desemprego em alta e crédito cada vez mais escasso, o consumidor brasileiro tem evitado fazer dívidas e está concentrando suas compras em itens básicos e indispensáveis à sobrevivência. Foi o que mostrou,  a última pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Em outubro, as vendas do setor no Estado registraram queda de 10,2%, pressionadas pelos segmentos de vestuário, móveis e decoração, veículos e eletroeletrônicos. O novo padrão de consumo já se reflete no resultado das maiores varejistas do País.

Segundo o economista Altamiro Carvalho, da Fecomércio-SP, as famílias se concentram nos produtos de primeira necessidade nos momentos de crise. “Houve, em 2015, queda real do rendimento. Isso é um obstáculo para o consumo de bem durável”, explica o especialista. O presidente do instituto Data Popular, Renato Meirelles, afirma que a base da pirâmide está fazendo de tudo para economizar. “Diante da instabilidade econômica, a classe C tem feito um ajuste fiscal doméstico, que é basicamente aumentar receita, reduzir despesas e não gastar mais do que ganha.”

O receio das famílias em consumir bens de maior valor, que costumam ser comprados a prestação, está refletido no balanço das grandes companhias. O Grupo Pão de Açúcar divulgou ontem uma alta de 5,5% em sua receita em 2015, para R$ 69,1 bilhões, com resultado desigual entre as áreas. O faturamento do ramo alimentar subiu 7,1%; enquanto isso, a Via Varejo, que concentra as redes Casas Bahia e Ponto Frio, teve retração de 15%.

O Magazine Luiza, outra rede de eletrônicos que tem ações negociadas na BM&F Bovespa, teve a nota de crédito rebaixada pela agência de risco Standard & Poor’s na segunda-feira. A rede Máquina de Vendas (das bandeiras Ricardo Eletro e Insinuante) tem capital fechado, mas também está reestruturando seu negócio com a ajuda de consultores externos.

Segundo os dados da Fecomércio-SP, a venda de eletrodomésticos caiu 16,3% no acumulado de janeiro e outubro do ano passado. E, por enquanto, não há sinais de recuperação no horizonte. “A gente não vê nenhum ponto de inflexão na queda de demanda dos semiduráveis (categoria de bens em que se enquadram os eletroeletrônicos)”, diz o analista de varejo do Banco Brasil Plural, Felipe Cassemiro.

Foi por causa dessa falta de perspectiva macroeconômica que o banco passou a recomendar a venda de ações do Magazine Luiza, apesar de considerar que a empresa vem se defendendo bem da crise, com ações para reforçar o seu caixa e ganhar mercado frente a concorrentes mais fortes, como a Via Varejo.

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