Em pouco mais que quatro meses, a pandemia de coronavírus virou o mundo de cabeça para baixo, e com o consumo não poderia ser diferente. As dificuldades trazidas pela quarentena e a imprevisibilidade do cenário atual acabaram dividindo os consumidores em quatro tipos principais.
Uma pesquisa feita pela consultoria empresarial Accenture mostra que a maior parte dos brasileiros se enquadra na categoria cauteloso. São aqueles que estão preocupados com as finanças e a saúde, mas que ao mesmo tempo continuam frequentando lugares essenciais ou que consideram confiáveis.
Na outra ponta, há uma minoria de consumidores que ainda estão a procura do velho normal, e que não acreditam em mudanças estruturais em um mundo pós-pandemia.
Veja abaixo as diferentes categorias identificadas pela Accenture:
No limite (29% dos consumidores)
Extremamente preocupados com a saúde e as finanças, continuam com muito medo de frequentar lugares públicos. Acreditam que o isolamento social está sendo levantado muito rapidamente e estão reduzindo gastos em maior intensidade.
Frase que os define: “Tivemos que mudar todo o nosso modo de vida, e se as pessoas pensam que podemos voltar ao normal, elas estão erradas”.
O cauteloso (35% dos consumidores)
São prudentes na volta à sociedade e na retomada da rotina, e evitam lugares que não confiam ou que não são essenciais, como bares, restaurantes, transporte público ou eventos esportivos.
Frase que os define: “Espero que todos retomem as atividades de forma controlada e responsável”.
Um “eu” reinventado (21% do consumidores)
Estão aproveitando a pandemia, com as mudanças que ela traz, para se reinventarem, apostando em compras mais sustentáveis e investindo mais na sua saúde (comendo melhor e se exercitando). São mais seguros para visitar lugares públicos e viajar, ao mesmo tempo em que aumentaram as compras através de canais digitais.
Frase que os define: “Vou me exercitar mais, cuidar de mim mesmo e passar mais tempo com a minha família”.
À procura do “velho normal” (15% dos consumidores)
São os consumidores indiferentes à mudança, que apenas buscam retornar ao mundo de antes alterando os seus hábitos o mínimo possível. Não devem mudar seu padrão de gastos depois que a infecção terminar, e tendem a acreditar que o isolamento esta sendo feito de forma excessiva.
Frase que os define: “É hora de podermos sair”.
Da estocagem ao novo normal
Esses diferentes perfis vieram sendo moldados ao longo dos últimos meses, segundo Carlos Fan, diretor de vendas e serviços da Accenture.
“No início, em abril, o choque inicial levou a uma necessidade do consumidor de hiper estocar em algumas categorias”, aponta ele. “Em maio o consumidor começa a se ajustar, e em junho já vemos a maior parte das pessoas adaptada à nova realidade”.
A despeito dessa adaptação, a preocupação com a saúde continua a dominar os pensamentos da maioria dos ouvidos na pesquisa.
Questionados sobre suas prioridades para o futuro próximo (um horizonte de seis meses), 81% dos consumidores apontaram o bem estar de amigos e familiares como um dos pontos mais importantes.
Preocupações anteriormente importantes, como educação, entretenimento e realização pessoal, foram citadas por menos de 10% dos entrevistados.
Além disso, 71% das pessoas afirmaram que ainda se sentem desconfortáveis em frequentar locais de muita aglomeração, como bares, jogos esportivos ou shows. “As empresas devem se adaptar a um consumidor que ainda tem receio de sair de casa”, avalia Fan.