Vendas do GPA e do Carrefour reagem

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Carrefour e Grupo Pão de Açúcar devem divulgar crescimento forte nas vendas referentes à fase de maior isolamento social, de abril a junho, segundo analistas de cinco bancos. As margens de lucro também devem vir um pouco melhores e, caso isso se confirme, será em boa hora após números decepcionantes do primeiro trimestre.

As expectativas refletem, em parte, algumas boas surpresas no caminho, que podem acabar beneficiando os negócios. Com as mudanças de comportamento recentes, os hipermercados podem, pelo menos temporariamente, renascer nessa pandemia.

Após anos criticado pelos fracos números no país, o formato retoma o fôlego depois que clientes buscaram resolver tudo em uma só compra, o chamado “one stop shop”, para evitar maior risco de contágio pelo novo coronavírus.

Segundo a administradora de cartões de crédito Cielo, as vendas de Supermercados e hipermercados sobem 16% desde o início da pandemia. A ABRAS, associação do setor, divulgou que em maio as vendas subiram 12% sobre 2019.

“O isolamento veio de forma abrupta, ajudando modelos como o do hipermercado, a venda on-line e o ‘atacarejo’, que é forte nos itens essenciais. Mas a volta à normalidade não será tão rápida, então esses formatos saem fortalecidos”, afirma Gustavo Oliveira, analista do UBS. O Carrefour publica seu balanço trimestral no dia 27 de julho e o GPA, dois dias depois.

O desempenho das duas companhias foi avaliado por cinco instituições: BTG Pactual, Genial Investimentos, Goldman Sachs, Safra e UBS. Suas equipes de analistas estimam um aumento do on-line na receita total dos grupos, com alta na lucratividade dessa venda por conta de ganhos de escala.

Outro ponto positivo é que as despesas, que subiram em março (com máscaras, equipamentos de higienização etc.), devem perder força, o que pode melhorar a margem operacional. “Criou-se uma expectativa grande no primeiro trimestre, em parte pelo que as lojas diziam no começo da pandemia. Mas eles sabem que a rentabilidade não foi uma maravilha [de janeiro a março]. Se as margens caírem de novo, pode ter efeito negativo sobre as ações”, diz Antonio Castrucci, analista da Genial.

Os analistas fazem algumas ressalvas importantes para o segundo trimestre: estimam queda nos resultados financeiros das redes obtidos com a operação de financiamento, por conta da contenção de crédito e aumento de inadimplência após abril. E consideram que a crise atual deve afetar o desempenho no médio e longo prazos, com ajustes já no segundo semestre.

Nos próximos dois anos, frente ao risco de recessão, com clientes cortando gastos e menores ganhos financeiros, a área de análise do Safra começou a rever para baixo dados de vendas e margem bruta de GPA e Carrefour de 2020 e 2021.

Entre as redes, haverá diferenças no segundo trimestre. “Esperamos que GPA performe relativamente melhor, principalmente no Assaí, com projeção positiva para vendas ‘mesmas lojas’ [com mais de um ano] e margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos e amortização”, diz em relatório a analista Irma Sgarz, do Goldman Sachs.

Para o Carrefour, continua ela, “a exposição ao financiamento ao cliente pode pesar negativamente sobre os resultados e percepção geral de risco”. Essa questão é citada ainda por UBS, Genial e Safra.

O Carrefour, dono do Atacadão, já havia mencionado em maio que decidiu reduzir a liberação de crédito frente ao maior risco de calote. A rede tem um braço próprio de crédito que pesa mais nos resultados do que o GPA, o que trouxe ganhos em trimestres passados. Em junho, esse efeito financeiro negativo já teria se reduzido, mencionou o Carrefour a analistas semanas atrás, apurou o Valor.

Para Guilherme Assis, analista do Safra, apesar de o Atacadão ter decidido não levar adiante o seu evento promocional em abril (chamado “Dia A”), para evitar aglomeração, o grupo não deverá sentir tanto essa perda pois a demanda geral subiu na rede, diz em relatório. Já Oliveira, do UBS, acha que há algum impacto do cancelamento.

“Eles vendem R$ 830 milhões nesse dia (da promoção em abril), versus uma média de R$ 170 milhões, e isso não entrou”. Um aspecto positivo é que, sem a campanha de ofertas de preços, a margem do Atacadão pode ter sido beneficiada pela decisão.

Irma Sgarz, do Goldman, faz um resumo dos efeitos nas duas cadeias, líderes desse setor. Para ela, o Carrefour deve continuar crescendo no segundo trimestre mais que o GPA nas vendas “mesmas lojas” no braço de varejo. E o GPA tem chances de ter um desempenho geral “relativamente melhor” que o rival, principalmente pelo Assaí.

Fonte Valor Econômico
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