Riachuelo inaugura loja com espelho inteligente, área de convivência e venda de eletroportáteis

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Em tempos nos quais a palavra “jornada do consumidor” entrou no vocabulário de todas as empresas, a Riachuelo inaugura na quinta-feira, 26, uma loja que pretende aproveitar esse movimento. A unidade conceito será aberta no Morumbi Shopping, em São Paulo e servirá como uma espécie de laboratório de inovações. No antigo espaço ocupado pela livraria Fnac, que saiu do Brasil há um ano, foram colocados espelhos inteligentes nos provadores, wi-fi de alta velocidade, espaço para carregar celulares, uma área destinada à venda de eletroportáteis e outra para reforma e customização de peças, além de armários para retirada de produtos. Ah, e é claro, as roupas da marca, com preços atraentes.

“Os clientes estão exigindo que as lojas ofereçam mais serviços, comodidade, flexibilidade e rapidez para resolverem problemas, desejos e necessidades”, afirmou Oswaldo Nunes, presidente-executivo da Riachuelo ao Estadão/Broadcast. “E, claro, precisamos continuar oferecendo produtos e coleções com bom custo benefício, qualidade e coordenação de moda”.

Com a nova loja, a Riachuelo também vai reposicionar a linha de moda casa, que passa a se chamar Casa Riachuelo. “A gente vai estender um pouco mais a linha, trazendo alguns eletroportáteis, desde máquina Nespresso até equipamentos de uso para cozinha”, disse Elio Silva, diretor executivo de marketing.

Já nas inovações tecnológicas, a rede pretende gerar experimentação. No caso dos espelhos, a promessa é de que os clientes possam consultar no provador cores disponíveis do produto, solicitar novos itens, criar uma lista de desejos e compartilhar conteúdo nas redes sociais. Na área de reformas de roupas, a ideia é ter uma programação de ações que vai desde estamparia de camisetas até ajustes e consertos.

Além do investimento em experiência de compra, a Riachuelo montou uma área de convivência, com Wi-Fi de alta velocidade e espaço para carregar celular e computador.

Antes de expandir as ações para outras lojas da rede, a Riachuelo quer medir o sucesso dessas novidades entre os consumidores. Os armários para retirada de produtos, por exemplo, começaram a ser testados há um ano na loja da Avenida Paulista, e foram expandidos para outras unidades. Na loja do Morumbi Shopping, haverá a opção de retirada pelo armário via QR Code ou atendimento presencial. A unidade será a sexta inauguração da empresa neste ano, chegando a um total de 318 lojas no Brasil inteiro.

Para Alexandre Machado, sócio-diretor da GS&Consult, a expansão no ramo de moda casa segue a tendência dos grandes varejistas digitais em explorar as multicategorias de produtos, principalmente no marketplace, os shoppings virtuais nos quais as grandes marcas abrigam outros vendedores. Com a venda desses eletroportáteis e utensílios domésticos nas lojas físicas, porém, serão necessários investimentos em readequação do espaço e em storytelling, como é chamado o discurso para atrair o consumidor. “Vai precisar ser competitivo em preço ou em algum nível de serviço para disputar com as lojas especializadas”, observa.

Ainda com relação às inovações tecnológicas, a empresa já está trabalhando para quando sua estrutura da plataforma digital e de marketing para o braço financeiro do grupo, a Midway Financeira, se tornar banco múltiplo. A Riachuelo segue no expectativa da autorização do Banco Central.

Câmbio

Ao mesmo tempo em que investe na nova frente para atender ao consumidor, a Riachuelo trabalha para reduzir o impacto cambial. O dólar acima de R$ 4 deverá reduzir as margens da empresa. Apesar de não ter proteção às variações do câmbio, Nunes demonstra tranquilidade com o tema porque o dólar em alta também afetará os concorrentes do varejo de moda.

Bangladesh, China, Índia, Turquia e Vietnã são alguns dos países nos quais as empresas do setor têm buscado fornecedores. Isso tem feito com que as coleções das grandes lojas seja cada vez mais internacional. “No caso da Riachuelo, os itens importados devem estar na faixa dos 25%, com concentração mais forte em inverno e em categorias que a indústria têxtil brasileira não tem vocação ou interesse em produzir localmente”, disse ele.

Sem a proteção cambial, o normal é que o dólar caro seja repassado ao consumidor, mas Nunes afirma que terá dificuldade em reajustar preços no atual momento de fraqueza da economia. “Claro que, num momento em que a economia cresce pouco e o desemprego ainda é alto, é difícil repassar para o preço final dos produtos a desvalorização do real, o que acaba, em alguma medida comprimindo um pouco as margens de todo mundo”, disse.

Apesar disso, ele afirmou que a Riachuelo tem uma vantagem estrutural, já que a empresa tem cerca de 75% do catálogo produzido em fábricas próprias. “Isso nos protege dessa variação do câmbio”, diz.

Crescimento orgânico

Sobre o futuro, a varejista reafirma a intenção de prosseguir com expansão orgânica no Brasil, onde o mercado é altamente pulverizado. No longo e médio prazos, Nunes afirmou que ainda há muito espaço para que as principais varejistas de moda no País – Renner, C&A, Pernambucanas, Marisa e a própria Riachuelo – cresçam sem precisar partir para aquisições. “Essas cinco concorrentes devem ter participação de 10% a 15% de todo o mercado de moda no Brasil. Tem 85% de mar aberto para todas navegarem juntas, sem precisar tirar mercado umas das outras”, disse.

No último mês, a notícia de que a norte-americana Forever 21 estaria prestes a pedir falência abriu especulações sobre quem poderia se interessar em assumir as operações. Para Nunes, há interessados em ocupar os pontos em shoppings importantes. Questionado se a Riachuelo poderia ser um deles, ele disse apenas que sua empresa tem espaço para crescer organicamente.

A expectativa de crescimento da Riachuelo para este ano, porém, é de que seja menor do que no ano passado. Em 2018, as vendas no critério mesmas lojas, ou seja, em lojas abertas há mais de 12 meses, subiram 3,7% e a receita líquida total de mercadorias avançou 7%, totalizando R$ 5,1 bilhões.

No segundo trimestre deste ano, as operações de todas as varejistas de moda foram prejudicadas pelo inverno de temperaturas amenas. A Riachuelo começou o ano com estoque elevado e expectativas vendas durante o inverno. Segundo Nunes, foi feito um ajuste na compra das peças deste ano.

“Hoje temos 35% menos estoque de inverno do que tínhamos na mesma época do ano passado. Isso é bom para a próxima estação, pois gente já pode iniciar uma coleção mais renovada, com mais frescor”, afirmou.

Fonte Estadão
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