Pandemia acelera transformações no varejo – saiba o que vem por aí

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A pandemia acelerou o processo de transformação do varejo. Confinado dentro de casa, o consumidor nunca fez tantas compras online ou usou tantos aplicativos de entrega. O cliente aprendeu que a jornada de compra online não se resume ao app ou site da loja. Dá para fechar a transação pelo WhatsApp, Instagram ou outro canal digital.

Nunca tantas pessoas fizeram compras online. Estima-se que que o comércio digital tenha conquistado cerca de 6 milhões de consumidores entre abril e junho. Ou seja, pessoas que fizeram compras online pela primeira vez na vida durante a pandemia.

Para atender esse comprador, o varejo precisou se reinventar. Em alguns casos, a inovação começou na indústria. Em entrevista ao 6 Minutos, Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, falou sobre as  as mudanças que já aconteceram e o que vem de novidade no pós-pandemia. Veja algumas conclusões:

Online vai continuar crescendo

As vendas online representavam 5% das vendas totais do varejo antes da pandemia. Esse percentual saltou para 10%. Não dá mais para o comerciante abrir mão dos canais digitais.

“Esse percentual não vai regredir mais. O consumidor criou intimidade com o e-commerce por conta da pandemia. Ele já incorporou isso. O lado positivo é que o e-commerce amplia as perspectivas de atendimento. A gente vê fabricantes criando alternativas para chegar direto ao consumidor”, afirma o fundador da Gouvêa.

Venda direta ao consumidor (D2C)

Gouvêa diz que o terceiro nível do chamado D2C (venda direta ao consumidor) já e muito forte nos Estados Unidos e tem tudo para ganhar força por aqui. No que consiste esse novo DTC? É a venda direta do produto ao consumidor combinada à prestação de serviços, tudo isso embalado em um novo modelo de negócio.

Entre os exemplos desse modelo está a Omo Lavanderia, que faz a venda direta de produtos Omo em lavanderias. “Nos EUA, existem lojas da marca de tintas Sherwin-Williams, que faz a venda direta e também presta o serviço de pintura para o consumidor. São 4.600 lojas”, diz Gouvêa.

Qual a vantagem da venda direta? Para começar, o fabricante não precisa depender do varejo para vender. Com a pandemia, muitas lojas fecharam as portas, afetando o produtor. “O fabricante aprendeu que pode chegar ao consumidor sem precisar de uma loja física.”

Outra vantagem é estratégica. Gouvêa diz que o fabricante tem acesso direto aos dados de compra do consumidor. “Ele pode capturar em tempo real a reação do consumidor, suas preferências”, afirma. “Ele sabe a hora que o consumidor entra na loja, que departamentos visita, quais produtos visualiza e o quê de fato compra. Essa modalidade traz uma riqueza de dados que não é possível sem a venda direta.”

Marcas próprias

O fundador da Gouvêa diz que as marcas próprias são muito fortes nos EUA e Europa. No Brasil, elas representam apenas 6,5% das vendas dos supermercados. Mas existem muitas oportunidades de marca própria para serem desenvolvidas. Ele cita o caso do vestuário, material de construção e farmácias.

“Essa é outra vantagem competitiva. O varejo já sabe o que o consumidor gosta, o que prefere, quanto quer pagar. Em vez de ser apenas um comprador, ele usa um fabricante para produzir produtos da sua marca”, diz. “Isso melhora sua rentabilidade. Na pandemia, empresas com marca própria sofreram menos.”

Pagamentos digitais

O varejo também vai ter que investir na aceitação de pagamentos digitais, segundo Gouvêa. “O consumidor ficou com receio de manipular dinheiro e cartão e por isso deu preferência ao pagamento digital. Isso vai explodir com a chegada do PIX ao mercado”, afirma Gouvêa.

Segundo ele, as informações de pagamento, mesmo que não individualizadas, adiantam tendências de comportamento e de consumo. “Dá para consolidar por cluster, por segmento, por região e daí se tem um perfil de comportamento de consumo. E mostra o mais importante: quem compra o quê e como paga”, afirma Gouvêa.

Compra consciente

A quarentena despertou no consumidor uma preocupação maior com a qualidade e origem dos produtos que compra. “Cresceu muito a preocupação com esses itens. Somado a isso, as pessoas passaram a valorizar o produtor que está próximo dele.”

Esse comportamento começou na pandemia, mas deve perdurar na vida pós-isolamento. “Esse consumidor recebe tanta informação, que às vezes é difícil distinguir o que é bom do que não é. As marcas têm um papel fundamental para tornar essa decisão menos estressante.”

Apps de entregas em alta

A pandemia impulsionou ainda mais os apps de entrega de comida, remédios, supermercado e outros itens. Esse comportamento não deve cair na volta ao novo normal, pois as pessoas valorizam a conveniência de receber a compra em casa.

Dark kitchens

As dark kitchens, cozinhas que funcionam apenas para atender apps de entrega, devem se expandir ainda mais. “Muitas empresas passaram a apoiar o desenvolvimento dessas cozinhas”, afirma Gouvêa.

 

Fonte 6 Minutos
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