O varejo na era dos drones e bitcoins

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Contemplando uma feira e uma convenção, a NRF  é realizada pela Federação Nacional do Varejo americana (NRF, na sigla em inglês). Na edição de 2018, a 109ª, a estimativa é que cerca de 18 mil profissionais do setor tenham participado da jornada de três dias.

O objetivo é mostrar o que há de mais moderno em tecnologia para varejistas e debater as profundas mudanças que o setor vive atualmente. O Big Show reuniu mais de 300 palestrantes, que compartilharam histórias inspiradoras sobre negócios de sucesso e deram orientações sobre como as empresas podem aumentar as vendas e adequar seus negócios para o futuro do varejo.

Numa palestra para cerca de 800 alunos do programa de estudantes da Fundação NRF, jovens empreendedores de destaque no varejo compartilharam histórias inspiradoras. Uma das expoentes do novo comércio é Kavita Shukla, fundadora da Fenugreen, empresa que desenvolve um papel biodegradável e 100% orgânico utilizado para embalar alimentos frescos.

A inovação da Fenugreen consiste na capacidade até quatro vezes maior de impedir o crescimento de fungos e bactérias quando comparada a uma embalagem de papel padrão. A ideia de criar o negócio surgiu quando a jovem americana foi visitar parentes na Índia.

Acostumada a beber água da torneira em casa, ela foi orientada a não manter o hábito durante a viagem, uma vez que a Índia possui sistema de saneamento básico precário. Lá, beber água da torneira pode causar sérias doenças. Por outro lado, a ameaça faz com que os moradores locais tomem um chá de misturas de ervas que combate a proliferação de bactérias e fungos na água e no organismo. Navita, então, usou as mesmas ervas para desenvolver as embalagens para prolongar a vida útil de alimentos – ideia que patenteou nos Estados Unidos. “Quando estiver inseguro, tente dar um pequeno passo à frente todos os dias”, afirmou Navita.

Outro palestrante foi Michael Lastoria, fundador da rede de pizzarias &pizza. Fundada em 2012, a marca foi desenvolvia para mudar o conceito de restaurante de pizzas. A ideia era ter um negócio atrelado às demandas do jovem do século 21. Além do ambiente casual e refeições feitas com ingredientes naturais, a marca utiliza pequenos fornecedores que atuam no entorno de suas 26 unidades. A ideia é fomentar os negócios da comunidade local.

O trato com funcionários também é diferente. O empreendedor costuma chamar a equipe de “tribo”. E o senso de pertencimento deve ser alto mesmo. Em 2015, a empresa firmou parceria com um estúdio de tatuagem para ofertar desenhos gratuitos para os empregados – e parte dos funcionários escolherem tatuar o logo da marca. “As pessoas que você escolhe para te cercar é algo crítico”, afirmou Lastoria.

Transformação digital no varejo

Numa época em que tecnologias como realidade virtual, bitcoin e drones estão na boca do povo, um assunto que tem crescido no meio varejista é transformação digital – ou como fazer com que uma loja se torne mais atrativa para os consumidores ultraconectados. Não, sua loja não precisa adotar a criptomoeda nas opções de pagamento, nem fazer entregas por meio de drones –ao menos por enquanto. Inclusive, apenas adicionar tecnologias digitais ao modelo de negócio não é nada recomendado –e esse é um equívoco comum entre os lojistas.

De acordo com Leslie Hand, vice-presidente da IDC Retail Insights, empresa de análise de mercado e tendências de varejo, a verdadeira transformação digital consiste em repensar o modelo de negócio, estrutura organizacional, gestão de pessoas, gerenciamento de informações e as tecnologias e processos para envolver o cliente. “Na maioria das vezes, o varejista se concentra na tecnologia e não transforma o modelo comercial dentro de sua própria cabeça”, disse Hand.

De acordo com a executiva, para se manter inovadora e impactar o cliente, o empreendedor precisa pensar de maneira estratégica. E como fazer isso? Ela aconselha a dar um passo para trás. Pensar em quem são os clientes e o que eles esperam da marca. Ao mesmo tempo, saber quem quer ter como cliente e como poderá satisfazê-lo.

Um dos casos abordados na discussão foi o da Rainbow Apparel, rede americana de vestuário com 1.100 lojas. De acordo com David Cost, vice-presidente de comércio eletrônico e marketing digital, 45% das compras são feitas em dinheiro (um dos motivos são os preços baixos da marca).

Como pagar em dinheiro ainda é inviável no comércio eletrônico, a empresa está desenvolvendo uma tecnologia para que os clientes façam pedidos no site e depois paguem e retirem a mercadoria numa loja física. A ideia é muito simples: adotar novas formas de pagamento baseada em mobilidade e quebrar as barreiras que impedem os consumidores de comprar.

Fonte Diário do Comércio
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