NRF 2019 – O Novo Varejo: O jogo agora é outro

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Por Alexandre van Beeck, sócio-diretor da GS&Consult

Nos últimos cinco anos, durante a NRF Retail’s Big Show assistimos a morte do varejo físico, a ameaça do digital, a busca pela atenção dos Millenials, a ressurreição do varejo físico e, neste último ano, nos foi apresentado de maneira clara que estamos vivendo um Novo Varejo, recriado pela Amazon, Alibaba, JD.com & Cia, que redefinem de maneira definitiva o papel das marcas, o relacionamento com o consumidor e o negócio do varejo.

Obviamente o varejo físico não renasceu até porque nunca morreu. O que sucumbiu foram modelos de negócio que não se adaptaram às novas exigências do consumidor, não conseguiram reagir na velocidade de seus novos competidores ou não desenvolveram um novo mindset de gestão.

Em diversos exemplos apresentados nas palestras da NRF Retail’s Big Show, nos stands da feira ou visitando operações de varejo em Nova York, ficou claro que a tecnologia e o digital funcionam como pilares fundamentais deste Novo Varejo. Nunca se falou tanto em produtividade e eficiência operacional nos negócios como neste ano. Aliás, não ficou somente no discurso. Pudemos vivenciar na prática os benefícios desta integração. Hoje em dia não existe varejo moderno e eficiente sem análise de dados. De definição de sortimento à facilidade de pagamento, tudo passa pela combinação de inteligência do digital com o físico. A nova loja da Nike em NY, House of Innovation, é um perfeito exemplo deste Novo Varejo.

Toda a jornada de consumo pode ser realizada pelo aplicativo da loja. De reserva de produtos, passando por escolha de cores e tamanhos, até a marcação de um atendimento exclusivo por um dos experts da loja, toda interação cria facilidade para o cliente e gera uma enormidade de dados para a marca conhecer os hábitos de quem interage com a loja e poder oferecer o melhor serviço, oferta e produto para seus clientes. Assim como vimos ano passado na Amazon Books, a loja Nike tem em seu subsolo um andar somente com o sortimento definido de acordo com as preferências de compra digitais dos clientes ao redor da loja. O espaço funciona para quem tem pressa ou para quem quer curtir a proposta da marca.

Após suas ações despencarem com o anúncio da compra do Whole Foods pela Amazon, o CEO do Kroger, 3º maior varejista em faturamento no mundo, afirmou que o papel de suas lojas mudou e busca “redefinir a experiência do varejo alimentar”. Segundo Rodney McMullen, suas operações devem resolver o problema de seus clientes, tendo que estar pronta para atender um pick up in store (compra e retira na loja) ou entregar seus produtos onde o cliente quiser com o delivery. Para ganhar agilidade de desenvolvimento, a empresa buscou parcerias e realiza testes com a rede de farmácias Walgreens, criando novos pontos de distribuição de seus produtos. Assim como desenvolveu uma joint venture com a Ocado para agilizar seu processo logístico de alimentos frescos. Tudo para tirar o “elefante, chamado Amazon, da sala”.

Tornar a operação mais competitiva, mais eficiente e inteligente, a automação e otimização logística também foram temas recorrentes nesta edição do evento. Em 2017 a Target investiu US$7 bilhões para repensar suas 1.800 lojas, transformando-as em centros de serviços, showroom de experiências e hub logístico. Os resultados dessa transformação são evidentes. Nestas últimas vendas de final de ano, três de cada quatro compras digitais saíram de uma de suas lojas, ganhando agilidade na “última milha” de entrega, na gestão de estoque e inteligência logística.

Aliás, a diferença de tempo de entrega entre Amazon e os demais varejistas vem caindo ao longo do tempo, muito em função da aplicação da tecnologia, inteligência artificial, algoritmos e o repensar do papel da lojas no negócio do varejo.

Independente do tamanho da operação do seu negócio, o jogo agora é outro. Aqueles que ainda consideram suas lojas como um simples ponto de contato entre demanda do consumidor e acesso a seus produtos, estão com os dias contados. A tecnologia está cada vez mais acessível e os casos de sucesso estão mais próximos da nossa realidade. Apesar de neste artigo terem sido citados somente grandes empresas internacionais que vimos durante o período em Nova York, existem bons exemplos nacionais, de diferentes tamanhos e segmentos que estão conseguindo tornar a operação mais leve, ágil e moderna.

Como reflexão, em muitos casos, a maior barreira está na gestão do negócio, nas pessoas e na cultura da empresa. O primeiro passo da transformação para o Novo Varejo está dentro de casa, no desenvolvimento de um “mindset de crescimento” e na definição do que é o SEU NOVO VAREJO.

Fonte Mercado & Consumo
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