Limite de quatro horas desagrada varejo em SP

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A reabertura, a partir de ontem, do comércio no Estado de São Paulo exige que shoppings e lojas de rua definam planos para controlar a circulação de pessoas em suas áreas, e levará a uma nova onda de negociações de aluguel e condomínio entre empresas e lojistas.

Na cidade de São Paulo, a reabertura do comércio continua vetada – a quarentena foi prorrogada para até o dia 15 de junho. Mas a prefeitura já publicou decreto com regras de funcionamento, e neste momento, está recebendo protocolos de reabertura de cada setor.

Pelo determinado nos decretos estadual e municipal, lojas de rua e shoppings devem funcionar por quatro horas na fase 2 do plano de retomada, que inclui parte do Estado e a capital. Num segundo momento, sem data definida, o período sobe para seis horas. Nas quatro horas, shoppings e lojas de rua só podem ter em circulação 20% da capacidade de pessoas definida no alvará de funcionamento.

A questão central é que a limitação de 20% pode ser de difícil controle pelas prefeituras e obriga o empreendimento a ter algum sistema para acompanhamento do dado em tempo real. “Cabe a cada prefeitura fiscalizar. O que acreditamos é que os protocolos definidos por cada setor dão aos municípios a segurança de que as empresas estão aptas a seguir as normas”, disse o secretário estadual de habitação do Estado de São Paulo, Flavio Amary, interlocutor nas conversas com shoppings e lojistas.

O limite de quatro horas desagradou lojistas e shoppings. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) pedia oito horas, mas só abrindo de quarta a domingo (segunda e terça os empreendimentos ficariam fechados).

“Entendemos, porém, que era isso ou nada. Na ABF [associação de franquias], só uma parte vai abrir neste período, na Alshop [representa lojistas satélites], boa parcela ainda pode ficar fechada. Já no IDV [ligado às grandes redes], acharam mais razoável. Negociamos agora o que foi possível”, afirma Glauco Humai, presidente da Abrasce. O secretário de governo diz que não está em discussão ampliar o período agora.

Lojistas entendem que abrir nessas condições pode ser impraticável. “A receita com vendas, que já não seria proporcional a uma abertura de oito horas, será ainda menor, e pode não valer a pena, pois é preciso voltar com empregados e ainda rever as condições de aluguel e condomínio negociadas em março”, diz Antonio Moreira Leite, vice-presidente da ABF, associação das franquias. Em março, locadores e locatários renegociaram aluguel e outras taxas.

Além disso, ao definir 20% como teto de circulação, a oferta de vagas em estacionamentos de shopping também deverá ser limitada. Grandes shoppings em São Paulo têm de 3 mil a 4 mil vagas – a restrição significará liberar de 600 a 800 vagas. “Você vai fazer o que quando chegar nesse limite, correr e fechar o estacionamento, num dia de pico como sexta-feira? E se algum motorista aparecer, vai mandar ele para casa? Ainda há aspectos do decreto difíceis de adotar”, diz um gestor de shoppings.

As empresas têm discutido ações com base nos decretos e no protocolo enviado aos governos. O Valor contatou as maiores empresas do setor – Ancar, Aliansce Sonae, BRMalls, General Shopping, Iguatemi, JHSF e Multiplan – para verificar o que tem sido feito e comparou os seus planos. Parte das medidas são simples e já aplicadas, como instalação de álcool em gel, limpeza contínua das áreas e sinalização de distanciamento.

Todos falam em “rígido protocolo” e em “reabrir com segurança”. Mas há estratégias diferentes.

A maior parte vai aferir a temperatura de clientes nas entradas. Para Iguatemi e Ancar, se a pessoa apresentar febre, será impedida de entrar. Aliansce Sonae, BR Malls e JHSF dizem que vão orientar para que busque um médico. No caso de aglomeração nas portas, todos dizem que os clientes terão que manter distanciamento do lado de fora. Na Austrália, a aglomeração na entrada obrigou shoppings a alterar procedimentos.

A BR Malls importou 104 câmeras para seus 29 shoppings com sensor infravermelho que identifica a temperatura à distância.

Sobre formas de respeitar a taxa de 20%, a Ancar fala em “contadores de fluxo nas portarias”, a Multiplan diz que tem um “sistema de câmeras” e “contadores manuais” e a JHSF afirma que já opera com “software de controle de pessoas”.

Neste momento, os shoppings e lojistas ainda precisam retomar as conversas sobre cobranças de aluguel, condomínio e fundo de promoção após junho. Até agora, os acordos incluíram isenção total ou desconto parcial no aluguel e condomínio, a depender da empresa

Fonte Valor Econômico
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1 comentário
  1. André Bruno diz

    Nunca se viu tanta incompetência dos gestores públicos para tratar de assunto tão sério. Concordo que se trata de uma situação nova para todos. No entanto, essa gente está tomando tanta decisão errada, que só pode ser sacanagem.

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