Greve dos caminhoneiros atrasa reposição de estoque no varejo

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Passados quase 20 dias desde que começou a crise de desabastecimento no País, decorrente da greve de caminhoneiros, 15,2% dos varejistas brasileiros ainda consideravam o nível dos estoques aquém da normalidade, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), obtido pelo Estadão/Broadcast. Em 17 unidades da federação, os estoques estavam significativamente abaixo do adequado no período.

A dificuldade de reposição de mercadorias no comércio varejista deve prolongar os reflexos da greve sobre as vendas e os índices de preços no mês de junho, observou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC e responsável pelo estudo, que ouviu 6 mil empresas. “O reflexo é uma demora maior na redução dos preços. Se está faltando mercadoria, a tendência é que os preços mais altos se sustentem. Os dados de maio seguramente serão ruins, mas o mês de junho também será muito pior que o do ano passado.”

A CNC calcula que os dois segmentos mais afetados pelo bloqueio das estradas tenham perdido R$ 5,2 bilhões em receita bruta entre os dias 21 de maio, quando começou a greve, e 4 de junho em cinco Estados. Supermercados perderam R$ 2,8 bilhões e o segmento de combustíveis, R$ 2,4 bilhões. A maior perda ocorreu em São Paulo (R$ 2,6 bilhões), seguido por Minas (R$ 700 milhões), Rio (R$ 628 milhões), Bahia (R$ 596 milhões), Paraná (R$ 547 milhões) e Distrito Federal (R$ 155 milhões). “Se extrapolarmos essa perda para todos os Estados, seguramente esse prejuízo passou de R$ 8 bilhões no varejo”, estimou Bentes.

Embora a normalização dos estoques tenha começado pelos bens de consumo não duráveis – como alimentos, combustíveis e perfumaria –, a queixa sobre o desabastecimento desses itens permaneceu maior em algumas capitais, como em Natal (RN), onde 16,4% dos comerciantes de bens não duráveis reclamaram de estoques abaixo do adequado em junho.

Em Florianópolis, onde 28,2% dos empresários enfrentam problemas para estabilizar o volume de mercadoria, o cozinheiro Matheus Linhares, de 23 anos, teve dificuldade para comprar um celular. “Os preços estão bastante diferentes de uma loja para outra e alguns modelos estão em falta”, disse. “Se pudesse, até esperaria um tempo, mas como meu aparelho quebrou vou ter de escolher entre os disponíveis.”

Fonte Estadão
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