Econ Supermercados pede recuperação judicial

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A rede de supermercados Econ protocolou no fim de março pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências do Foro Central Cível, em São Paulo. O comando da varejista tem até o fim da próxima semana para apresentar à Justiça a sua lista de credores, balanço patrimonial e de resultados, e relação de ações judiciais contra a rede. Em 2 de abril o pedido foi remetido ao Diário de Justiça Eletrônico.

O Econ é controlado desde o ano passado por um grupo de investidores liderado por Martinho Paiva Moreira, empresário do setor varejista, segundo informou a diretoria do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, com base em dados da Junta Comercial de São Paulo.

Uma das maiores redes de supermercados populares no passado, a empresa acumula pendências com bancos, fornecedores de alimentos e funcionários. A rede entrou numa difícil situação financeira após registrar lento crescimento nas vendas, baixa geração de capital de giro e, com isso, aumento no endividamento para cobrir compromissos financeiros nos últimos anos. Há dez anos, a rede somava 85 lojas no país e hoje, esse número chegaria a 12 pontos apenas na capital paulista, pelos cálculos do sindicato.

Em 2004, a Companhia Brasileira de Alimentos (CBA), fornecedora de cestas básicas, adquiriu o Econ do fundo de investimentos Nexus, do Bank of America. Em maio do ano passado, apurou o Valor, a CBA negociou a venda da operação para um grupo de investidores. Quem comprou foi Martinho Paiva Moreira, empresário do varejo e diretor da MPM Holding, disse Josimar Andrade, diretor do sindicato.

Na época em que foi vendida do fundo para a CBA, a varejista tinha 30 pontos e receita bruta de cerca de R$ 100 milhões, mas já estaria operando no prejuízo. No ano passado, a varejista acumulava receita de R$ 160 milhões, segundo fonte ligada à rede, mas continuava operando no vermelho. Os passivos da empresa girariam entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões.

Desde o fim do ano passado, lojas têm sido fechadas. Entre janeiro e abril, 420 empregados foram demitidos, calcula o sindicato. Fonte próxima ao Econ disse que um dos investidores que faziam parte da negociação de compra da rede teria deixado a operação e recursos para a reestruturação da varejista não foram aportados na empresa.

Varejistas consultados pelo Valor observaram que faltam produtos nas lojas da Econ, cuja negociação com os fornecedores está mais difícil. A rede precisa manter um volume de lojas em operação para ter o pedido de recuperação aceito pela Justiça.

O juiz Daniel Costa, da 1ª Vara de Falências do Foro Central Cível, pode aceitar ou rejeitar o pedido de recuperação judicial, a depender dos documentos a serem enviados pela empresa.

Procurados pelo Valor, a CBA informou que não controla mais o Econ Supermercados. Martinho Moreira disse que não comentaria o assunto por razões ligadas ao “imbróglio jurídico” da empresa. Afirmou ainda que não assinou o livro de registro de transferência das ações da rede até o momento. Fonte próxima à CBA confirma o fato, mas ressalta que o contrato de compra e venda foi assinado e o valor da operação foi pago.

O Ministério Público do Trabalho convocou, neste ano, representantes da Econ para uma audiência para tratar de atrasos nos pagamentos de FGTS e não liberação de guia aos ex-funcionários para obtenção de seguro-desemprego, disse Andrade, do sindicato. “Foram advogados da empresa na audiência e foi dado prazo de 10 dias para a rede se posicionar, mas não houve retorno”, disse.

O Econ foi fundado em 1999, com lojas operando no conceito de “hard discount”, com foco nos preços baixos, poucas marcas nas gôndolas e custos reduzidos. Após 2003, a varejista migrou para o modelo de supermercado de vizinhança, com preços um pouco mais elevados e variedade maior de mercadorias.

A decisão de se desfazer do negócio foi tomada pela CBA porque o Econ estava com resultado abaixo do esperado e a companhia não conseguiu transformar os pontos de venda do Econ num canal de distribuição representativo para as suas cestas de alimentos, principal negócio da CBA no país. Os passivos do Econ foram transferidos aos novos sócios após a venda.

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