Como a pandemia acelerou de vez o e-commerce no Brasil

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Por Eduardo Terra, presidente da SBVC 

O ano de 2020 está sendo um divisor de águas para o varejo brasileiro. Com a pandemia, as empresas perceberam a relevância de promover a transformação digital e investir no e-commerce para poder atender seus clientes. O varejo vem passando por uma profunda transformação, que acelerou cinco anos em cinco meses. Em meio à tragédia social e de saúde que o país vive por causa do Covid-19, as empresas sairão mais fortes, equipadas para lidar com o novo consumidor.

Mas, afinal, o que mudou no varejo brasileiro durante a pandemia de Covid-19?
Antes do coronavírus, o e-commerce representava aproximadamente 5,8% das vendas totais do varejo brasileiro, um número bastante baixo quando comparado a outros países. Na China, por exemplo, as vendas online já representavam, antes da crise, 35,3% do varejo, na Inglaterra 22,3% e nos Estados Unidos, 16%. No mercado americano, em questão de semanas esse número subiu para 26%, mostrando a profundidade da transformação digital e da aceleração dos negócios online.

Antes da crise, o Brasil já encontrava um cenário propício à transformação digital dos negócios:
  • 80% dos lares brasileiros têm acesso à internet
  • Existem, no país, 220 milhões de smartphones
  • 150 milhões de brasileiros têm conta no WhatsApp
Eduardo Terra, presidente da SBVC

A inclusão digital dos consumidores, que é uma condição básica para um e-commerce forte, ganhou corpo nos últimos dois anos e já estava presente antes do coronavírus chegar por aqui. O que faltava era quebrar a inércia de hábitos arraigados. E é justamente isso que a pandemia provocou.

Em março, o fechamento do varejo considerado não-essencial e as inúmeras adaptações que o varejo essencial (supermercados, farmácias, lojas de materiais de construção e pet shops) teve de fazer impulsionaram as vendas online. O consumidor, com muito receio de ir às lojas e extremamente inseguro sobre a possibilidade de contaminação, passou a buscar alternativas online.

Segundo dados divulgados pela Neotrust / Compre&Confie, entre abril e junho, 5,7 milhões de pessoas fizeram sua primeira compra pela internet. Um ano antes, 4,3 milhões de pessoas tinham se tornado consumidores digitais. O Mercado Livre conquistou, na América Latina, 5 milhões de novos consumidores, e, assim como a empresa, várias outras tiveram um forte aumento de suas vendas online.

Pessoas que ainda não consumiam online passaram a fazer, enquanto clientes habituais ampliaram suas categorias de consumo e clientes heavy user digitalizaram praticamente 100% de suas compras. Mesmo negócios pouco digitalizados, como supermercados, pet shops e materiais de construção, aprofundaram suas iniciativas online e descobriram que havia demanda. O que faltava era o impulso necessário a fazer acontecer.

Nas primeiras análises que fizemos, a perspectiva é que aqueles 5,8% de participação do varejo online devem subir para algo próximo dos 10%, levando o e-commerce a um novo patamar de vendas e de maturidade. É importante também lembrar que varejistas e consumidores foram além do e-commerce tradicional (em sites ou marketplaces), utilizando redes sociais e aplicativos de mensagens de forma intensa.

Novos hábitos estão sendo criados nesta crise. Do uso de QR Codes e links de pagamento à pesquisa online, o consumidor acelerou sua digitalização. Empresas que não acompanharem esse movimento ficarão para trás. Qualquer mercadinho de bairro passa a precisar ter no mínimo um WhatsApp para contatar o público, sob pena de serem esquecidos por clientes que não querem a insegurança ou a falta de praticidade de uma compra presencial.

Para o varejo e o e-commerce, 2020 será um divisor de águas. Com a pandemia, o brasileiro passou a se relacionar com o e-commerce, provisoriamente para substituir compras online, mas, quando a situação se normalizar, como um canal complementar aos demais. A retirada de produtos nas lojas e o uso dos pontos de venda físicos como mini centros logísticos aumentarão a velocidade e diminuirão os custos das vendas online, melhorando a experiência do cliente. E isso muda tudo no varejo.

No varejo que vem por aí, ganharão destaque as empresas que entenderem que precisam ir atrás dos clientes, usando o digital como um canal de ativação e estimulando o relacionamento por qualquer meio que o cliente considerar relevante. O omnichannel ganhará corpo e a participação direta do e-commerce nas vendas dará um salto.

Esta é a hora de experimentar, criando novas alternativas para relacionamento com o cliente e usando intensamente os dados para entender comportamentos e identificar oportunidades. O varejo não será mais o mesmo, e isso é muito bom!

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1 comentário
  1. Roosevelt de toledo diz

    A pandemia veio para acelerar o que já estava por vir essas novidades da internet não tem mais volta,agora temos que nos adaptar ao novo formato de mercado, tanto para compra ou para vendas etc.mas para isso temos que ter uma de qualidade e que funcione de verdade, e tem que ter mais segurança nos sites de compras virtuais há ainda muito roubo de dados pela internet.

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