Com preços competitivos, flores ganham força nos supermercados

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Durante muito tempo decorar a casa com um arranjo ou até mesmo presentear alguém com um vaso de flores era um hábito restrito a classes abastadas. O consumo também era algo exclusivo a floriculturas que não cobravam menos de R$ 150 por uma orquídea.

Isso mudou. O consumo de flores e plantas se popularizou no Brasil e chegou às gôndolas dos supermercados. Orquídeas brancas, amarelas e azuis a partir de R$ 19,90. Flores de corte, vasos ou buquês por R$ 9,90. As redes de varejo têm investido cada vez mais em espécies, que têm atraído vários consumidores não só pela beleza, mas também pelo preço.

Gigante das flores

Um dos maiores compradores de flores do país, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) é um dos agentes responsáveis pelo sucesso desta comercialização. São quase 470 lojas Brasil afora, das marcas Extra e Pão de Açúcar, com mais de 300 itens diferentes.

Todas as flores saem para as lojas a partir do Centro de Distribuição em Holambra, distante 130 quilômetros da capital paulista, dedicado exclusivamente para as flores. Ali, a regra é não deixar que nenhum item permaneça por mais de 24 horas no CD, para que as flores cheguem ainda frescas aos clientes. Somente neste galpão, 30 funcionários lidam diariamente com cerca de 600 carrinhos com vasos e flores.

No período que antecede datas como Dia das Mães, Dia dos Namorados e Finados, o número de trabalhadores dobra e a produção é ininterrupta, de acordo com Clayton Marques do Nascimento, do grupo GPA. Além da venda sazonal, os supermercados que trabalham a seção sentem que o cliente também é atraído pela compra por impulso, uma vez que o abastecimento é regular e de boa qualidade. “Isso repercute diretamente no faturamento e na participação de mercado do estabelecimento”, diz.

Preços mais baratos

Após três anos de desemprego e consumo apertado, o basileiro recuperou seu otimismo e agora, se anima a pegar uma flor e colocar no carrinho. Isso fica evidente, especialmente, nas unidades do Extra, de acordo com Nascimento, onde o consumo é dirigido para a classe C. Além disso, comprar flores em supermercados sai mais barato do que em floriculturas, e isso ficou evidente para consumidores. O poder de barganha junto aos fornecedores e as negociações em larga escala resultam em preços até 50% mais baixos do que em lojas especializadas.

No Extra, por exemplo, o vaso grande de crisântemo sai em média por R$ 13,99, enquanto o médio é vendido a R$ 8,99. A flor é a mais procurada em finados, dia das mães e dia dos pais, por ser mais resistente à exposição ao sol.

Representatividade

Sem revelar o volume comercializado e a representatividade da categoria no faturamento das lojas, Nascimento afirma que o setor tem potencial para ganhar ainda mais espaço dentro dos supermercados, como aconteceu, com as padarias e açougues. Atualmente, 28% da produção nacional de flores vai para os supermercados, lojas pets e de bricolagem, como Leroy Merlin.

Em 2016, o setor de autosserviço nos supermercados faturou mais de R$ 400 milhões, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Floriculturas (Ibraflor). Já o faturamento do setor atinge R$ 6,6 bilhões anuais –um mercado que cresce entre 6% e 8% ao ano, segundo o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura). A previsão é manter o ritmo em 2017 – crescer 9% e arrecadar R$ 7,2 bilhões.

Embora os números sejam relevantes, o mercado de flores no país ainda não é tão explorado como em outros países. O consumo per capita anual de flores na Europa é sete vezes maior se comparado com o mercado brasileiro. No ano passado, o consumo médio por habitante no Brasil passou de R$ 14 para R$ 23, de acordo com Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor. O número ainda passa longe do mercado europeu, em que cada pessoa desembolsa R$ 140 por ano com flores.

Holambra

Conhecida como a capital das flores, a cidade de Holambra é uma antiga colônia holandesa. Com cerca de 12 mil habitantes, o município é hoje, o maior produtor de flores e plantas ornamentais do país. Sozinha, Holambra responde por 50% do mercado brasileiro do setor, por meio de duas importantes cooperativas: Veiling e Cooperflora.

No primeiro semestre de 2017, os negócios foram bem tanto para produtores quanto varejistas. Juntos, os 380 associados da Veiling produzem mais de 3,5 mil variedades durante o ano todo. Como fornecedores do GPA e de outras 60 empresas de redes supermercadistas, os números dos seis primeiros meses do ano mostram a força do negócio: 140 milhões de unidades comercializadas, sendo 87 milhões de flor de corte, 41 milhões de flor em vaso e outros 12 milhões de ornamentais.

A tendência de compra não se restringe às grandes redes. De acordo com Rachel Osório, gerente comercial da cooperativa Veiling, as cadeias regionais de supermercados também incorporaram o setor a suas lojas. Com 11 lojas no interior de São Paulo, a rede Confiança também investiu em uma área destinada a flores e arranjos decorativos em todas as unidades.

Assim como em outras redes, a seção fica localizada na entrada dos supermercados para atrair a atenção do público.
De acordo com Alexandre Fátimo dos Santos, gestor de compras da rede, essa localização ajuda a criar o hábito de compra desse tipo de produto e a fidelizar o consumidor.

Além de datas sazonais, que dão grande impulso às vendas, novas comemorações começam a render boas vendas, como o Dia da Avó, comemorado em 26 de julho.

Um bom negócio

A venda de flores na Veiling Holambra acontece por leilão ou por meio de intermediação direta com os produtores da Cooperativa. Assim como o GPA, as maiores redes de supermercados mantêm boxes no pavilhão de comercialização. Há pouco mais de um ano, a Benassi, uma das maiores distribuidoras de frutas e legumes do país, se aventurou no setor para atender o cliente supermercadista. Reforçou o portfólio com orquídea, kalandiva, e plantas como, bonsai e samambaia.

Para atender lojas da capital e Grande São Paulo, a empresa mantém um depósito de 1,3 mil metros quadrados e uma equipe de 18 pessoas para operar e distribuir os itens. Ao comercializar flores, a Benassi registrou um aumento de 50% no faturamento da Grande São Paulo e 75% em volume ao longo do ano.

 

 

Fonte Diário do Comércio
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