*Por Gustavo Carrer
No mundo dos negócios e da tecnologia alguns termos ou abreviações são adotados e disseminados tão rapidamente que muitas vezes acabam não sendo compreendidos na sua essência por todos. Notavelmente, isso vem acontecendo com os conceitos de PoC, MVP e dos Pilotos de softwares e hardwares. Entender suas diferenças e saber quando usar um ou outro é fundamental para obter melhores resultados e evitar problemas.
A PoC (Proof of Concept ou prova de conceito) é uma técnica utilizada nas fases iniciais de desenvolvimento de tecnologias. Trata-se do primeiro rascunho ou ensaio da solução, definindo a abordagem e o possível escopo do projeto. Ela é usada para validar precocemente se uma ideia é tecnicamente viável, antes de avançar para o desenvolvimento de protótipos. Ocorre na empresa, é desenhada pelo corpo técnico e avaliada por especialistas.
Vale ressaltar que consumidores finais raramente participam da etapa de PoC, pois trata-se de um estudo conceitual de base, envolvendo conhecimentos técnicos específicos e, muitas vezes, segredos industriais. Se a PoC for bem-sucedida, o projeto avança para as etapas seguintes, que podem compreender a construção de um MVP.
O MVP (Minimum Viable Product ou versão mínima do produto) é um tipo de protótipo que contém as funcionalidades básicas da solução. Ele é usado para testar os conceitos das fases anteriores, agora traduzidos em produto. Como todo protótipo, seu objetivo é avaliar a usabilidade da solução, levantar dados de performance, potenciais problemas, além da demanda por suporte e manutenção.

Em geral, o MVP é testado em laboratório e posteriormente em clientes, cuidadosamente selecionados, pois a sua operação envolve dedicação e monitoramento constantes. Muitos ajustes são feitos nessa etapa, exigindo paciência e comprometimento do cliente com tecnologia. Se ele for bem-sucedido, a versão final do produto, com todas as funcionalidades, é finalmente desenvolvida, absorvendo todo o aprendizado dos testes no cliente.
Por fim, o Piloto (Try&Buy) é usado para que os clientes testem uma solução madura e comercial. Por isso também é chamado de Try&Buy, ou seja, experimenta e compra. Trata-se de uma estratégia de vendas, não de pesquisa e desenvolvimento de produtos.
Os pilotos são oferecidos ao mercado para confirmar parâmetros de performance que são usados para o cálculo do retorno sobre o investimento (ROI), importante para a comercialização de produtos complexos e investimentos mais vultuosos.
A rigor, o Piloto não é usado para testar se a solução funciona, mas para provar que ela vai entregar os resultados que a equipe de vendas está prometendo. É uma “degustação” antes da compra. Todo Piloto envolve investimentos das duas partes e, portanto, não deve ser realizado se o cliente não tem orçamento previsto ou a real intenção de comprar a solução.
A utilização de contratos de Try&Buy é bastante recomendada, pois oferecem segurança jurídica e estabelecem as variáveis utilizadas para avaliar os resultados do piloto, bem como prazos e valores envolvidos.
Veja abaixo um quadro comparativo:
Conceito | Objetivo | Quem participa | Etapa |
POC | Validar conceitos técnicos | Corpo técnico e especialistas | Pré-desenvolvimento |
MVP | Testar e aperfeiçoar protótipo | Clientes selecionados (cooperação) | Protótipo, pré-lançamento comercial |
Piloto (Try&Buy) | Confirmar ROI | Clientes em geral | Pós-lançamento comercial |
O principal problema do uso indiscriminado desses conceitos é gerar expectativas incorretas. Não se deve esperar de um MVP (protótipo) os resultados de um Piloto (produto comercial), ou ainda, chamar tudo isso de PoC, que é uma análise técnica conceitual.
Em suma, a PoC é usada internamente para avaliar uma abordagem tecnológica, o MVP é um protótipo usado para testar o mercado e o Piloto é uma estratégia de conversão de vendas.
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