Crescimento forte da Heineken no Brasil pode ser boa notícia para a Ambev

0 782

A Heineken divulgou na segunda-feira (30) um crescimento de 2 dígitos em um dos maiores consumidores de cerveja do mundo. Um observador pouco atento poderia assumir que esta foi uma ótima notícia, mas as ações da companhia afundaram 5,26% no pregão de hoje.
Parece contraditório, mas não é: como resultado da expansão acima do esperado no mercado brasileiro, a holandesa perdeu margem de lucro. A previsão de margem EBIT consolidada para 2018 caiu para uma contração de 0,2% ante 2017, quando o resultado foi de crescimento de 17%. Até então, a companhia previa aumento de 0,25% para este mesmo número. Vale destacar que, atualmente, a lucratividade da Heineken no Brasil chega longe dos números que registra na Europa (onde o volume de vendas caiu 0,1%).

Embora a Heineken tenha se tornado a segunda maior cervejaria do país após a compra da Brasil Kirin (20% do mercado), sua enorme distância da Ambev (ABEV3 -0,56%) (que detém quase 64%) faz com que os custos em marketing sejam enormes. Também devem crescer consideravelmente os gastos operacionais, já que a empresa está em busca de independência logística – hoje, a distribuição dos produtos da Heineken no Brasil é realizada através de uma parceria com a Coca-Cola Femsa.

“Acreditamos que a integração dos ativos da Brasil Kirin pode ser complexa e resultar em ineficiências temporárias para a Heineken Brasil no curto prazo”, escreveram os analistas Thiago Duarte e Vito Ferreira, do BTG, após a divulgação de resultados.

Quanto à Ambev, as novidades parecem ser uma faca de dois gumes. Por um lado, a Heineken comprovou o poder do seu incremento de portfólio crescendo acima da líder de mercado – a AB-Inbev viu aumento de 9,4% na receita no Brasil no segundo trimestre. “É improvável que a Heineken desista tão cedo já que ‘forçou’ uma entrada no terceiro maior mercado de cervejas do mundo”, escrevem Duarte e Ferreira.

O analista Leandro Fontanesi, do Bradesco BBI, estima que a Heineken pode tomar 5% de fatia de mercado da Ambev em 5 anos. A instituição prevê ainda que o gap de distribuição entre as duas empresas seja preenchido em 3 anos. Por isso, estimam upside de apenas 1% para a ação da brasileira.

Mas sempre é possível ver o copo meio cheio: parte dos analistas observa o momento de fraqueza da Heineken como uma oportunidade para a Ambev retomar fatia de mercado e reforçar sua presença em um mercado que já domina como ninguém.

A ação da Ambev caía 0,56% nesta segunda-feira. No mês, com a divulgação de resultados acima do esperado, a cervejaria acumulou alta de 9,57%, enquanto a queda acumulada em 2018 fica em 6,33%.

Fonte InfoMoney
Notícias Relacionadas
Deixe um comentário

Seu endereço de email não será publicado.