Consumo das famílias deve aumentar nos próximos anos

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As condições para que o consumo das famílias retome um sustentado ciclo de crescimento estão dadas. Com a inflação no menor nível em duas décadas e os juros no mais baixo patamar da história, o cenário é favorável para que os consumidores voltem a demandar bens e serviços. Após dois anos de uma das mais duras recessões da história do país, eles querem, e, aos poucos, sentem que podem gastar. Sobretudo, pelos sinais de melhora do mercado de trabalho. Para garantir a sustentabilidade desse período de reaquecimento em 2019, será necessário que o próximo presidente da República mostre comprometimento com o equilíbrio fiscal.

Motivos não faltam para crer que o consumo avance nos próximos anos. Em 2017, em face do processo de redução de dívidas das famílias, desaceleração da inflação e queda dos juros, a conjuntura para os gastos é favorável. Ao ponto de a Rosenberg & Associados projetar alta de 1,2% no consumo das famílias em 2017, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), que avançará 0,9%. Para 2018, as expectativas da consultoria apontam para a manutenção do crescimento das despesas dos consumidores, de 2,8%, acima da geração de riquezas do país, que subirá 2,5%.

A explicação para o aumento dos gastos está ancorada na conjuntura criada pela atual política econômica. Com as expectativas de inflação acomodadas, os juros caíram e as concessões para consumidores se recuperaram. Para a economista-chefe da Rosenberg, Thaís Zara, o quadro deve ser mantido em 2019. “Com a melhora dos mercados de crédito e de trabalho, a perspectiva é muito boa para o consumo das famílias nos próximos dois anos”, avalia.

Puxado por tais condições, o consumo em 2019 subirá 3,5%, mas a perspectiva de alta acima do PIB para por aí. A previsão de geração de riquezas da Rosenberg para o ano é a mesma das demandas das famílias. “É uma projeção sujeita a choques, dado o horizonte mais longo”, justifica Zara. Não é para menos. Se, por um lado, a economia deve deslanchar em 2018, por outro, as incertezas em relação à próxima política econômica tornam mais difíceis a assertividade das projeções. Sobretudo no campo político. “Até 2019, saberemos quem vai ser o presidente e sua capacidade de fazer reformas”, diz.

No caso de a reforma da Previdência ficar para 2019, o próximo governante precisará mostrar aos agentes econômicos a adoção de medidas necessárias para evitar a interrupção do crescimento. Sem o equilíbrio fiscal, os impostos tendem a subir e os investidores podem aplicar capital no mercado externo, o que elevaria o dólar em relação ao real. Os dois fatores provocam pressão sobre a inflação, obrigando o Banco Central (BC) a subir os juros, o que assusta empresários e inibe investimentos, fundamentais para a geração de empregos. “Ou seja, o quadro ficaria adverso para o consumo”, adverte o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores. “O consumo é uma junção de salário e crédito. Uma candidatura que não transmita comprometimento com os ajustes pode significar nova alta de juros e do câmbio. E, assim, o consumo vai encolher”, alerta Silveira. A reforma da Previdência, no entanto, não é a única medida que o próximo presidente deverá adotar. “Quem assumir vai ter que mexer em supersalários e nos benefícios do funcionalismo”, avalia.

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Ter um bom relacionamento com os mercados internacionais poderá dar uma sobrevida ao próximo presidente da República. Portanto, a proposição de medidas austeras é imprescindível para obter apoio e confiança desses agentes econômicos e evitar a perda do mandato, alerta o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores. “O mercado internacional financia importações e exportações, com efeito sobre juros e câmbio. É necessário ter uma boa relação com esses agentes. Peitar as regras desse mercado colocaria o Brasil em risco de terminar como a Grécia ou a Venezuela”, adverte.

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