Por Marc Tawil, head da Tawil Comunicação, comentarista da Rádio Globo e LinkedIn Top Voices
Sinto calafrios todas as vezes que ouço um profissional maduro, 40 anos ou mais, se referir a outro como “jovem”, “menino” ou “novo demais para isso”. O arrepio se explica: quem ainda se prende a pré-conceitos geracionais ou está morto ou em vias de desaparecer do mercado.
Aquela ou aquele que confunde idade com capacidade não só não entendeu para onde caminha a humanidade, como corre o risco de ser percebido como alguém mal informado: até o ano que vem, os millennials — espécie de extensão da geração Y nascida entre 1985 e 2000 — irão representar 50% da força de trabalho no mundo, informa um estudo da Deloitte.
Segundo a ONU, a população global de millennials em 2019 alcançará 2,43 bilhões de habitantes (de um total de 7,7 bilhões), perdendo apenas para a Geração Z, nascida a partir de 2001 (2,47 bilhões).
No Brasil, a proporção é de 79 nascidos a partir de 2001 para cada 100 millennials.
Com mais relevância nas empresas e um respeitável poder de fogo para o consumo, a geração do milênio, hoje entre 19 anos e 34 anos de idade, tornou-se objeto de desejo de quem vende, contrata e pesquisa.
“São os millennials, como geração, que têm coragem e encontram meios de deixar rapidamente um trabalho que não gostam, abraçando caminhos que os levem ao empreendedorismo e exigindo que as empresas para as quais trabalham deem a eles mais do que precisam. E eles estão certos”, disse à publicação Consumidor Moderno o britânico Simon Sinek, autor dos best-sellers “Comece pelo porquê” e “Líderes Se Servem por Último”.
Sinek estuda, há anos, o comportamento millennial.
Insistir, portanto, em estereótipos como “eles não sabem lidar com frustrações”, “fazem parte de uma geração de pessoas infelizes” e “não querem crescer” é um tremendo despautério.
Não trate o millennial como criança e queira que ele responda como adulto.
“Rotular as pessoas segundo grupos identitários fechados é uma atitude para lá de arriscada. Não dá para reduzir a complexidade psíquica de uma pessoa a um esquema. Mas isso não quer dizer que os estudos geracionais são descartáveis, e é fácil entender o porquê”, escreve Claudia Gasparini, editora do LinkedIn Brasil e autora da newsletter “Millennials no Trabalho” na mesma plataforma.
Claudia está certa.
Aceitar que a geração do milênio está focada em aprender e colaborar, ao invés de ordenar e concorrer, prova-se essencial para o sucesso de qualquer organização no século 21, seja ela de qual tamanho ou área for.
Encarar os millennials como adultos advém do respeito, transparência, aprendizado mútuo e compreensão do seu propósito e bandeiras bem demarcadas.
Abaixo os diplomas pomposos nas paredes, os empregos de décadas e o status. Viva a diversidade, a inclusão, as novas aprendizagens e habilidades, os relacionamentos genuínos e as experiências!
Seja bem-vindo o feedback sobre competências, assertivo e recorrente, em vez dos longos bate-papos realizados a cada seis meses e carregados de vieses inconscientes.
A nova regra do jogo é demonstrar o porquê investiu-se técnica e emocionalmente em cada profissional e, por meio de uma conversa franca, engajá-lo e comprometê-lo.
Na essência, os millennials querem o mesmo do que qualquer baby boomer, X ou Y raiz: um reconhecimento autêntico por seu desempenho e não por sua data de nascimento.
Tratá-lo como adulto passa por tomar ações diferentes para colher resultados diferentes.
Reavaliar comportamentos e se livrar de práticas tóxicas e antiquadas traz benefícios a todos.
A começar por você.