Estes são os segredos da liderança bem-sucedida do técnico Tite

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Eram 14h10 do dia 14 de junho de 2016 quando Adenor Leonardo Bacchi, que você deve conhecer como Tite, decidiu que ouviria a proposta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para se tornar técnico da seleção brasileira.

O gaúcho de Caxias do Sul estava em seu escritório, no centro de treinamento do Corinthians, em São Paulo, às voltas com um dos maiores dilemas de sua vida. Adorava o time em que trabalhava, com o qual tem uma identificação forte e uma história vitoriosa. Mas acabara de receber uma oferta para realizar um sonho. Antes de anunciar sua decisão, Tite embarcou no jatinho da CBF, voou até o Rio de Janeiro e passou quase 3 horas conversando com a diretoria da instituição para entender qual era o projeto dos dirigentes e que grau de autonomia teria para trabalhar.

À noite, retornou para São Paulo. No avião, não sabia o que fazer. “Saí de lá convicto de que eu seria o novo técnico da seleção. Mas, quando estava voltando para casa, tinha a certeza de que não seria”, afirmou Tite em entrevista à VOCÊ S/A. Quando chegou a seu apartamento, sua mulher, com quem está há 35 anos, não conseguia decifrá-lo. “Ela me disse: ‘Não te li. Eu não sabia o que tu ias decidir’ ”, diz Tite.

Aos 55 anos, o treinador estava com o rumo de sua carreira nas próprias mãos — algo que não aconteceu no começo de sua caminhada. Se um amigo não o tivesse convidado a voltar a jogar no Guarany de Garibaldi (RS) — após a lesão que quase o levou à aposentadoria dos gramados aos 28 anos de idade —, Tite teria se tornado professor de educação física e proprietário de uma loja de artigos esportivos. “Disputei alguns jogos, mas meu joelho inchou e parei. Então fui ajudar o preparador físico. Depois de uns meses o técnico saiu, e o diretor do Guarany, Gilberto Piva, falou: ‘Assume os cinco jogos finais’. E eu estou nessa até hoje”, diz Tite.

Vinte e seis anos depois, o treinador tinha diante de si a chance de chegar ao auge. Por um lado, estava inseguro para deixar o Corinthians e tinha as suas rusgas com a CBF — chegou a participar de um abaixo-assinado, em dezembro de 2015, pedindo a saída de Marco Polo Del Nero, investigado por corrupção, da presidência da entidade. Por outro, estava animado a realizar seu grande objetivo. Para decidir, Tite se lembrou de uma história do livro Herr Pep (Martí Perarnau, Roca, e-book por 20,49 reais), uma espécie de diário de Pep Guardiola no primeiro ano à frente da equipe alemã Bayern de Munique.

Ali, o técnico catalão conta sobre uma conversa que teve com o jogador de xadrez russo Garry Kasparov, que, aos 37 anos, disputou o campeonato mundial com Vladimir Kramnik, então com 25 anos. Guardiola perguntou se, naquela época, Kasparov achava que seria campeão. Ele disse que não, pois estimava que o jogo duraria de seis a sete dias e que só teria fôlego para uma disputa de dois dias. Dito e feito. Kasparov perdeu. “Isso me marcou. Eu não sabia se teria outra oportunidade como essa e não tinha certeza se daqui a seis ou sete anos estaria com o mesmo pique para o trabalho, para pagar o preço das viagens, da paixão. Aí ponderei que era o momento e decidi.”

No comando desde junho de 2016, Tite pegou a seleção após a desclassificação na Copa América Centenário. O trabalho de Dunga, seu antecessor, não vingava e o time estava fora da zona de classificação para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Sob a batuta de Tite, a equipe renasceu: foram seis vitórias consecutivas nas eliminatórias (igualando o recorde da seleção nas eliminatórias de 1969) e uma goleada de três gols de diferença na maior rival, a Argentina. A boa fase não é à toa.

Com um estilo bem definido de liderança, investimento em seu preparo intelectual e implantando uma filosofia própria de gestão, Tite tem muito a ensinar sobre gestão de pessoas — dentro e fora do campo.

1. Motivação intrínseca

Quando estão na seleção brasileira, os atletas têm um desafio específico: entregar bons resultados para uma instituição que não é sua empregadora. Estão jogando não pelo salário, mas por outra coisa. É aí que entra o desafio do técnico, que precisa identificar que “outra coisa” é essa. Tite sabe como fazer isso.

Em seus treinamentos, ele apresenta uma série de slides contendo não só informações táticas mas também emocionais. Em um deles, setas indicam gatilhos motivacionais. “Eu pergunto: o que te motiva mais? Sua valorização profissional, sua oportunidade de crescer, de ser melhor? Ou as razões pessoais? As de cunho pessoal são muito maiores do que as de cunho profissional, inevitavelmente”, diz Tite.

Com base nesse mapeamento dos gatilhos motivacionais dos jogadores, ele descobre como despertar a vontade de jogar em cada um. “O Marcelo me contou que, desde os 17 anos, adora ser convocado porque sua família fica numa felicidade só”, diz Tite sobre o lateral esquerdo do Brasil e do Real Madrid. “Muitos dizem que os jogadores são mercenários, que só jogam por dinheiro. Mas, na seleção brasileira, a maior motivação é dividir alegrias, é tirar foto com um menino que está feliz.”

Essa é a tal motivação intrínseca, que dá um propósito ao trabalho e que todo líder deve tentar despertar em sua equipe. “O que Tite faz é resgatar o prazer de jogar, fechar o grupo e extrair a essência dos grandes talentos”, diz Edmarson Bacelar Mota, coordenador do MBA em gestão estratégica de pessoas, da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.

Para isso, o treinador tem duas técnicas: conversar muito com seus liderados, para entender quem são essas pessoas; e proteger seus atletas, o que cria vínculos fortes. Na seleção, em que há mais tempo e recursos disponíveis, isso pode parecer fácil. Mas a estratégia de Tite dá certo mesmo quando ele tem de fazer mais com menos. Foi o que aconteceu no primeiro semestre de 2016, quando o Corinthians, campeão brasileiro de 2015, foi desmontado pela venda de jogadores ao futebol chinês.

Naquele momento, a tarefa de Tite era animar quem continuaria no elenco. “Quando enfrentava situações como essa, meu papel era motivar pela segurança, demonstrando que os atletas estavam prontos para assumir mais responsabilidades”, afirma Tite.

2. Laços de confiança

No jogo Brasil x Argentina, Tite chamou Daniel Alves para uma correção de posicionamento. Explicou, detalhadamente, por que ele estava com o tempo de bola atrasado e como isso poderia prejudicar seu rendimento. Daniel, embora acreditasse estar no tempo certo, escutou e começou a sair um pouco antes para disputar as bolas — e isso fez com que sua atuação melhorasse.

O lateral-direito deu ouvidos a Tite não apenas porque ele é a figura de liderança, mas porque confia que o técnico está totalmente preparado para aquela função. “É profissional, inteligente, respeitoso. Se você tiver a junção de todas essas coisas, vai conseguir ter êxito. Não é sorte o que o Tite consegue hoje. É porque ele se preparou para a oportunidade”, disse o jogador numa entrevista ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo.

Além do preparo intelectual, pesa o fato de o treinador falar bem a língua de sua equipe e passar as instruções de um modo que faz os atletas se conectar com sua filosofia de trabalho. “Hoje, um técnico tem de estar ligado ao que acontece no mundo, mas isso não basta.

É preciso ter a capacidade de olhar no olho e dizer por que o jogador precisa fazer isso ou aquilo”, diz Paulo Vinicius Coelho, o PVC, colunista esportivo do jornal Folha de S. Paulo e comentarista dos canais Fox Sports, do Rio de Janeiro. Quando há equilíbrio entre essas duas habilidades, o time compra as ideias de seu gestor. O que ajudou Tite a agir assim foi a crença de que os jogadores têm mais a ensinar do que muitos imaginam. “Quem mais conhece de futebol são os atletas. Às vezes, eles não têm um nível alto de verbalização, mas sabem o que fazer porque passam a vida toda fazendo aquilo. Se passar uma orientação que não tem consistência, ele vai escutar, mas não vai ouvir, porque não fez sentido para ele”, diz Tite.

3. Transparência total

Uma questão em discussão em todas as empresas é a transparência. Numa época de investigações de corrupção e de informação em tempo real, as companhias sofrem para contar aos funcionários o que eles querem saber. Tanto que o estudo Liderança 2030, da consultoria Hay Group com 171 organizações e 968 000 entrevistados, revelou que 48% dos empregados não acham que suas empregadoras têm comunicação transparente. Diminuir esse índice é uma tarefa dos líderes. E a experiência de Tite pode trazer pistas sobre como fazer isso.

Quando estava à frente do Corinthians em 2012, ele passou por uma situação complicada. O time paulistano tinha acabado de conquistar a Libertadores da América e a equipe estava radiante. Só que a alegria começou a atrapalhar. Na sexta rodada do Brasileiro, o alvinegro estava na zona de rebaixamento. Tite chamou todo mundo, da comissão técnica ao pessoal da cantina, e disse que era preciso mudar a postura. “Estamos vivendo de oba-oba e nosso comportamento não deixa que eu exija dos atletas o nível de concentração necessário. A etapa da Libertadores passou e temos de ser os porta-vozes da mudança”, disse Tite. Mas os atletas continuavam com a cabeça no passado.

Então, em um jogo contra o Náutico, quando o Corinthians perdia de 1 a 0 no primeiro tempo, Tite fez o que descreve como “uma das palestras mais iluminadas” de sua vida. No vestiário, num misto de indignação e emoção, com um tom de voz elevado, cobrou os jogadores: “Eu tenho avisado e o comportamento não muda. No treinamento, no jogo, sempre a mesma batida de que, uma hora, o campeão da Libertadores vai voltar. Da minha parte, sempre tiveram respeito e eu não estou recebendo o mesmo respeito”.

A partir da conversa, o time virou o jogo — venceu por 2 a 1 — e começou a ir melhor no Brasileirão — no qual terminou em sexto lugar. “Sempre digo o que eu sinto. Na hora. Não vou reprimir elogios nem críticas. Não se pode perder a oportunidade de falar a verdade — que não é a definitiva, mas é a sua”, diz Tite. Essa transparência ajuda a aumentar a motivação e a união dos times.

Para Leni Hidalgo, professora de gestão estratégica do Insper, de São Paulo, se não existe o elo conferido pela sinceridade, as equipes ficam disfuncionais. “Se não há transparência, não há confiança e as pessoas preferem não falar o que sentem e não fazer o que é necessário”, diz.

4. Leitura do ambiente

O volante Fernandinho tinha uma missão bastante difícil no clássico Brasil x Argentina: marcar um dos jogadores mais habilidosos do mundo, Lionel Messi. Aos 6 minutos do primeiro tempo, depois de levar um drible do argentino, o brasileiro cometeu falta e recebeu cartão amarelo. O risco de receber outro cartão e ser expulso era altíssimo.

Antes de qualquer decisão, Tite começou a ler os sinais dados por Fernandinho: “Fiquei monitorando se ele estava emocionalmente forte. Prestei atenção por 5, 10 minutos, deixando uma substituição pronta, caso fosse necessário. Mas ele se reequilibrou e o deixei no jogo”, diz.

O treinador recorreu à mesma tática em outro momento, na disputa entre Brasil e Bolívia. Embora a seleção vencesse por 3 a 0, os jogadores estavam abatidos no intervalo. O motivo era um cartão amarelo recebido por Neymar que o deixaria de fora da partida seguinte. Tite notou, chamou todos e disse: “Estão acostumados a ouvir a verdade de seus treinadores? Porque eu só falo a verdade. E a verdade é que vocês estão jogando muito! Não sabem qual é o sentimento do técnico em ver esse grande jogo que a equipe está fazendo. Curtam esse momento, que ele é maravilhoso. Neymar, deixa o seu cartão comigo. Vai para cima e não se envolva com a arbitragem”. Foi o bastante para reaquecer os ânimos e aumentar o placar no segundo tempo.

Essa habilidade de compreender se a equipe está confortável ou não faz com que o líder seja mais respeitado — pelos subordinados e por seus pares. Um dos elogios dos quais Tite mais se orgulha de ter recebido veio do técnico Carlos Bianchi, que comandou o argentino Boca Juniors, durante a Libertadores de 2012. Bianchi disse a Tite que se impressionou com a frieza do Corinthians, pois os jogadores não caíram nas provocações dos hermanos, famosos por tirar os brasileiros do sério. Tite sabia que essa seria uma questão — ao ler o ambiente — e preparou os atletas nesse sentido. “Trabalhei para que o grupo tivesse o mesmo nível de concentração jogando na Bombonera [estádio do Boca Juniors] ou em Jundiaí”, afirma Tite.

5. Lealdade e meritocracia

Nas equipes de Tite, nenhum jogador chega para tomar o lugar do outro — e não importa o nome que esteja estampado na camisa. Para o treinador, o que conta é quem está melhor naquele momento. “Os que chegam precisam de tempo para mostrar o trabalho. Se um jogador está bem e toma cartão amarelo, volta. E, se alguém substitui outro e se sai melhor, terá a oportunidade de continuar em campo. Avalio isso constantemente”, afirma Tite. É a boa e velha meritocracia, mas com uma dose de lealdade.

Recentemente, esses dois conceitos afloraram em uma disputa pela titularidade do meio-campo da seleção. Philippe Coutinho tinha entrado como substituto de Willian, nos minutos finais, em duas ocasiões: contra o Equador e contra a Colômbia, e melhorou muito o poder ofensivo do time. Isso fez com que o técnico ponderasse sobre quem seria o titular da posição.

Os dois atletas estavam disputando a vaga e, num treino na Arena das Dunas, em Natal, Tite elogiou a lealdade da dupla, que saía abraçada do treino. Quando decidiu por Philippe Coutinho, Tite explicou seu ponto a Willian pessoalmente. Na entrevista coletiva antes do jogo contra a Bolívia, em que Philippe seria titular, ele elogiou o modo como o outro meia recebeu a informação: “Eles têm de competir, sim. Mas serem leais. É para ter personalidade forte. Willian tem isso. Sair da equipe, ser informado, ir lá e trabalhar forte”.

Com essa postura, transparente e justa, o técnico elimina possíveis descontentamentos da equipe. “Nenhum jogador gosta de ficar fora do time, mas, quando ele vê que a decisão tem argumentos que a sustentam, ele respeita”, diz Wilson Borges, ex-jogador de futebol profissional com passagens por times como São Paulo, Palmeiras e Panathinaikos, durante a década de 70, e atual CEO da farmacêutica Natulab Group Brasil. O equilíbrio entre a justiça e a lealdade faz Tite deixar o clima do grupo tranquilo, pois leva todos em consideração. “A meritocracia é mais eficiente quando se pensa no coletivo”, afirma Leni, do Insper.

No fim de 2013, Tite não renovou seu contrato com o Corinthians. Ele sentia que havia chegado o momento de dar uma pausa no dia a dia dos clubes, estudar o futebol, viajar para a Europa e assistir aos 64 jogos da Copa do Mundo no Brasil — com caderno e caneta nas mãos para fazer anotações táticas que guarda até hoje.

Esse período sabático repercutiu muito, pois Tite demonstrou que era um tanto diferente dos técnicos de sua geração. “O futebol brasileiro está começando a pensar em formação de treinadores, deixando de lado o estilo boleiro e migrando para uma gestão mais antenada com o futebol que está sendo jogado mundo afora”, diz Celso Unzelte, comentarista dos canais ESPN, em São Paulo.

No caso de Tite, essa preocupação com o próprio desenvolvimento vem de longe. Aos 20 anos, ficava sem jantar e pegava um ônibus de Bento Gonçalves a Caxias do Sul para estudar comunicação social na Universidade de Caxias do Sul — quando já era jogador. Alguns anos depois, concluiu a segunda graduação, em educação física, na PUC de Campinas. Era comum ter de repor aula às quintas pela manhã, porque jogava nas quartas à noite. “Nunca parei de estudar. No período sabático, apenas potencializei. Mas foram anos de experiência e competência”, diz Tite.

O notável é que o treinador consegue demonstrar para seus times a importância de se aperfeiçoar. “Ele é um líder que desenvolve, deixa as pessoas com vontade de ler o que ele leu, sem forçar. Sinto essa curiosidade porque, se eu não correr atrás, não vou aproveitar tão bem as discussões”, afirma Edu Gaspar, coordenador técnico da seleção brasileira e ex-gerente de futebol do Corinthians.

Além de estimular o desenvolvimento intelectual, Tite tem algumas táticas para melhorar as competências comportamentais de sua equipe. Uma das mais interessantes é a rotatividade da braçadeira de capitão — algo que tem feito na seleção e que surgiu no Corinthians quando, de repente, ele perdeu seus capitães. Como não havia, naquele momento, nenhum jogador que preenchesse todos os requisitos para usar a braçadeira, a solução foi criar um rodízio.

“Aquilo foi irradiando e o pessoal foi gostando”, diz o técnico. Até quem confessou ao treinador que não queria ser capitão, com medo de perder a concentração no jogo, gostou da experiência. “Foi o caso de Ralf. Ele não queria no começo, porque não tinha vontade de se manifestar com o árbitro. Mas cedeu e achou legal. É uma responsabilidade, mas também uma valorização do profissional”, afirma Tite

6. Aprender com as frustrações

Mesmo antes de a Copa do Mundo do Brasil começar, Luiz Felipe Scolari anunciou que não continuaria como treinador da seleção brasileira depois do Mundial. Com a desclassificação e o 7 a 1 na bagagem, o anúncio do novo técnico foi acompanhado com ansiedade. Tite era o mais cotado — pelos críticos e pelo público.

Na época, uma pesquisa do Datafolha com 5 377 pessoas em 233 municípios, feita em julho de 2014, revelou que ele era o preferido de 24% dos brasileiros. Mas a CBF optou por Dunga, uma frustração para Tite. “Eu tinha criado uma expectativa, não por ser o melhor técnico, mas por estar em um momento melhor profissionalmente”, diz ele. “Brinco que fiquei triste por sete dias. No oitavo, eu pensei: ‘Fui à luta a minha vida toda, não vou me fazer de coitadinho, de injustiçado; vou continuar trabalhando’.” Foi exatamente o que fez. Leu, viajou e trocou informações com alguns dos técnicos mais respeitados do mundo, como Carlo Ancelotti, atual treinador do Bayern de Munique, e Carlos Bianchi, ex-treinador do Boca Juniors.

Entre os fracassos da carreira, um dos que mais marcaram Tite foi o rebaixamento do Atlético Mineiro em 2005. Ele assumiu o time numa situação difícil. No ano anterior, o Galo tinha se salvado do rebaixamento na última rodada. Mas não seria a primeira vez que o técnico teria um cenário adverso à sua frente. “Peguei o São Caetano na 14a colocação do Brasileiro, tirei o Grêmio e o Inter da zona de rebaixamento. Todos com sucesso. Quando entrei no Atlético em abril de 2005, tinha certeza de que ia conseguir também”, afirma. Só que deu errado.

O treinador não conseguiu entregar resultados, demitiu-se da equipe em agosto e o time foi rebaixado. “Até hoje isso me machuca. Mas eu aprendi que não era o salvador da pátria, que não tinha varinha de condão. Num campeonato com esse grau de dificuldade, eu precisava de tempo para fazer um trabalho com começo, meio e fim”, diz Tite. Esse aprendizado tem conduzido as decisões de carreira do gaúcho até hoje.

7. Lidar bem com a pressão

Nas duas vezes em que dirigiu o Corinthians, Tite sentiu a pressão de uma torcida que, de acordo com uma pesquisa de 2015 do jornal Lance! e do Ibope, soma 27,3 milhões de pessoas e é a segunda maior do país. Na seleção, Tite é pressionado por uma população de mais de 200 milhões de habitantes. Como nas empresas, a cobrança é por bons resultados. “Mas, diferentemente do mundo corporativo, o futebol exige entregas mais rápidas. Se você falha duas vezes seguidas em uma semana, a pressão é enorme”, diz Wilson, CEO da Natulab.

Para lidar com isso, é preciso ter um misto de inteligência emocional com racionalidade e gosto por adrenalina. “Eu adoro a responsabilidade que essa expectativa alta traz e prefiro que a pressão venha para mim e não para minha equipe”, diz Tite. É por isso que o treinador protege seus atletas e se coloca como escudo. Quando um jogador chega ao time e gera ansiedade na torcida e na imprensa, Tite costuma deixá-lo no banco. Foi o que fez com Marcelinho Paraíba, em 2001, no Grêmio.

“Todo mundo falava que ele era o cara, o astro. Eu o deixei de fora das partidas para ele ganhar confiança, ficar mais fortalecido. Quando o coloquei para jogar, a atuação foi normal. Ganhamos o jogo e, no fim, ele me agradeceu. Entendeu que eu tinha tomado aquela decisão para protegê-lo”, diz Tite.

É claro que, para aguentar tamanha pressão sem enlouquecer, o técnico tem algumas armas. Uma das mais importantes é cuidar da saúde — mental e física. Todos os dias, Tite faz exercícios. Católico, reza pela manhã. E, sempre que pode, passa seu tempo livre com a família. Para ele, o segredo para ter sucesso e encontrar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é, teoricamente, muito simples: fazer aquilo que ama.

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1 comentário
  1. Rafael diz

    Eu li, li novamente e li a terceira vez, e até agora não vi quais são os “segredos” do Tite abordando seus métodos de liderança. Texto não condiz com o título. Mal escrito.

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