Cresce o intercâmbio voltado para negócios

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A ideia comum é a de que intercâmbios estão diretamente associados a adolescentes que vivem experiências fora do Brasil enquanto fazem cursos de idiomas. Mas a verdade é que essa visão está caindo por terra. Motivados pela incerteza no mercado de trabalho, profissionais brasileiros buscam oportunidades no exterior e qualificação mais especializada. Com a demanda intensificada, agências investem em programas destinados a adultos com foco em negócios.

Se antes era preciso a disponibilidade de tempo (pelo menos um semestre letivo) e investimento de cerca de R$ 58 mil, hoje é possível realizar programas de três semanas voltados para a área corporativa com aproximadamente R$ 11.800. O valor inclui acomodação em apartamento estudantil, quarto duplo, seguro saúde, transfer de chegada e taxa de matrícula, além de dar direito a um passeio.

João Mofati, diretor da unidade de Niterói da Bex (Brazilian Exchange – Intercâmbio Cultural), nos últimos dois anos, houve um aumento de 40% na procura por programas voltados para negócios, o que motivou escolas internacionais a criarem cursos especializados e mais curtos.”Muitos profissionais que perderam o emprego e ganharam a rescisão decidiram investir na carreira, já que tinham tempo e dinheiro. No entanto, era um público mais restrito. Agora, um profissional pode dar uma boa incrementada no currículo durante as férias, por exemplo. Outro ganho é que os cursos eram mais gerais, hoje é possível fazer cursos bem mais específicos”, explica Mofati.

O administrador Thiago Calado, de 30 anos, que já havia feito intercâmbio na época do ensino médio e da faculdade, vendeu um restaurante que tinha em Niterói e, com o dinheiro que recebeu, decidiu embarcar, no fim do ano passado, em mais um programa. A ideia era construir uma carreira no Canadá. Durante três semanas, por meio da Bex, Calado foi aluno do Toronto Business Academy, curso voltado para empreendedorismo. Os planos de Calado, no entanto, tiveram uma reviravolta. Durante o curso, ele conseguiu uma vaga como representante no Brasil de uma indústria farmacêutica. “Eu queria apostar num outro país e vi essa possibilidade por meio do intercâmbio. Mas foi ainda melhor do que eu esperava, e esse é um dos benefícios desse tipo de programa. Além do aprendizado dos conteúdos das aulas em si, fazemos um network grande, ainda mais num curso em que todos estão em busca de novos negócios. Apesar de o programa que fiz ter sido curto, ele é muito direcionado. Fizemos visitas a empresas, participamos de palestras de diretores de instituições e da formatação de um plano de negócios”, detalha Calado.

Já a corretora de imóveis Marisa Barros, de 50 anos, viu no intercâmbio a possibilidade de valorizar o seu currículo. Ela já fez quatro cursos de 15 dias cada, em países diferentes, para aprimorar o seu inglês. Dessa vez, Marisa embarca em março para um programa de 14 semanas em Queenstown, na Nova Zelândia, pela CI Intercâmbio. Para fazer o curso, ela conseguiu uma licença do seu emprego no Brasil. “Muitas vezes nos deparamos com negociações com estrangeiros e antes eu não podia fazê-las. Hoje eu me sinto muito mais confiante. Mas este ano quis investir mais, e ter uma experiência de trabalho lá fora, o que certamente me deixará mais preparada”, avalia.

O gerente da CI Intercâmbio Niterói, Thiago Pessanha, ressalta que houve um aumento de 30% na procura desse tipo de programa por adultos acima de 40 anos. “Países como Austrália, Nova Zelândia, Irlanda, Canadá e Emirados Árabes têm leis específicas que permitem conseguir um visto para trabalhar legalmente”, esclarece.

O pacote que Marisa fará de 14 semanas em Queenstown, com direito a 20 aulas por semana, taxa de matrícula e material didático custa R$ 9.093,60, na CI. Na agência, é possível contratar um curso voltado para trabalho com duração de quatro semanas em Toronto, no Canadá, com 30 aulas por semana, material didático e taxa de matrícula por R$ 3.571,36.

Na Bex, um curso para Vancouver no Canadá, com as mesmas características sendo 17 aulas por semana, custa R$ 2.700. Já para quem quer investir mais, um curso na Universidade de San Diego, na Califórnia, com duração de três meses, com tópicos como negociação, empreendedorismo, planejamento financeiro, recursos humanos e logística, custa R$ 34.500 e inclui, além das aulas, acomodação em apartamento estudantil, quarto duplo, seguro saúde, taxa de matricula e material didático.

Fonte Época Negócios
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