CEO da Netshoes revela qual foi seu maior erro na gestão da empresa

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No início dos anos 2000, quando a ideia de digitalizar uma empresa era praticamente inexistente, Marcio Kumruian e seu primo, Hagop Chabab, decidiram abrir um marketplace digital de vendas de sapato. Esse projeto pioneiro, conhecido por Netshoes, conquistou o mercado brasileiro, assim como o argentino e o mexicano, e inspirou muitos novos empreendedores.

“Costumo dizer que nós pegamos um tempo bom. Em 2002, quando ninguém falava sobre o online e a mídia digital tinha um baixo custo, nós aproveitamos isso. Junto a isso, decidimos vender produtos que o Brasil não tinha e para regiões interioranas do país, onde era muito difícil de se chegar”, afirmou Kumruian, durante a 4ª Conferência Brasileira de Venture Capital, nesta quinta-feira (05/10).

De 2002 para cá, segundo o empresário, o segredo para manter o negócio foi muita paciência, resiliência e trabalho. “Acredito que nosso grande mérito para estarmos aqui hoje é que soubemos nos auto-desenhar. Naquele momento em que surgimos, não havia muitos modelos a serem copiados, não existiam cases de sucesso a serem replicados. Por isso, desenvolvemos o nosso jeito e criamos um modelo que hoje é replicado ao redor do mundo”, afirma o diretor da empresa, que hoje possui mais de 20 milhões de brasileiros cadastrados em sua plataforma.

Durante esse percurso, todavia, Kumruain avalia que sua principal falha como gestor foi manter-se distante, por muitos anos, de investidores. “Sinto que nós deveríamos ter buscado o mercado e recursos. Ficamos muito tempo nos ocupando com operações e esquecemos de buscar um braço financeiro. Isso só de fato ocorreu quando os investidores de capital de risco vieram até nós, mas deveríamos ter ido até eles.”

Para ele, esse tipo de comportamento costuma ocorrer com grande parte dos novos empreendedores brasileiros. “Não há uma cultura aqui a respeito de investimento. Precisamos cultuar e difundir essa ideia. Sem essas entradas de capital privado que tivemos a partir de 2009, a Netshoes não existiria hoje”, completa Kumruain.

Outra ação da empresa para continuar com seu projeto de crescimento foi optar por abrir seu capital na bolsa de valores de Nova York em abril deste ano. “Essa foi uma decisão que tomamos para colocar capital na companhia. Nós optamos pelo mercado norte-americano para ter uma maior liquidez e para estarmos próximos aos fundos de investimento em tecnologia dos Estados Unidos. Além disso, os recursos que adquirimos ao fazer o IPO foram fundamentais para manter a companhia de pé até os próximos cinco anos.”

Para o futuro

Um dos projetos para os próximos anos da empresa é se aproximar de startups de tecnologia. Segundo Kumruain, a Netshoes irá investir em novas ideias de mercado. “Estamos vivenciando uma revolução digital de processos e fazemos parte disso. Queremos continuar buscando caminhos para chegar até o resultado final. Ainda não sabemos como será, por isso, estamos investindo em novos projetos. Em 2018, vamos começar a nos aproximar de regiões brasileiras mais familiarizadas com iniciativas de tecnologias.”

Fonte Época Negócios
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