A Prefeitura de São Paulo interditou nesta quarta-feira (21) uma loja da rede Atacadão que pagava propina a um funcionário público da gestão municipal para operar sem alvará, na Zona Leste da capital. O funcionário da Subprefeitura do Itaim Paulista foi preso na terça-feira (20).
De acordo com o Ministério Público, o Atacadão funcionava desde dezembro sem alvará. A interdição aconteceu um dia depois que Celso Gabriel Arruda, funcionário da Subprefeitura do Itaim Paulista, que fica a cerca de 500 metros da loja interditada, foi preso.
De acordo com a investigação, ele, que era responsável pela coordenação de licenciamentos, pediu R$ 300 mil para deixar o supermercado aberto. Na terça, a polícia encontrou R$ 200 mil em dinheiro na casa de Arruda.
Nesta tarde, agentes da prefeitura acompanhados da Polícia Civil e do Ministério Público estiveram na loja Atacadão e os seguranças foram avisados para não permitir a entrada de clientes. Quem já estava no supermercado finalizou as compras e saiu para que as portas fossem fechadas e lacradas.
A prefeitura informou que Celso Gabriel Arruda foi exonerado e que vai fazer uma auditoria em todos os processos conduzidos pelo ex-agente público. Os advogados do homem foram procurados pela reportagem, mas não houve retorno.
A Justiça também decretou a prisão de um funcionário do Atacadão. Ele não foi localizado e é considerado foragido.
Investigação
A ação é um desdobramento das investigações sobre a ‘Máfia do ISS’, um esquema de corrupção descoberto em 2013. Segundo o Ministério Público, o supermercado fechado na Zona Leste não era o único que funcionava de maneira irregular.
O promotor disse que a sede do grupo Atacadão, na Zona Norte da cidade, funcionou durante 7 anos sem alvará porque pagou R$ 1,5 milhão em propina. “Funcionou praticamente sem o alvará de funcionamento entre os anos de 2007 a 2014, só foi regularizado formalmente sete anos após a inauguração do grupo. E nesse período, não houve o fechamento da loja em troca do pagamento desse valor milionário de propina”, disse o promotor.
Em nota, o Atacadão disse que repudia todo e qualquer ato de corrupção e que se colocará à disposição das autoridades para colaborar com o esclarecimento dos fatos. A rede disse ainda que possui um código de ética e políticas alinhadas com a legislação brasileira.