A startup de ex-funcionários do Google ameaça varejo de vizinhança

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Uma startup lançada este mês por dois ex-funcionários do Google deixou um monte de gente irritada nos Estados Unidos. Trata-se da Bodega. A proposta da empresa é instalar máquinas com produtos não perecíveis em locais como academias e prédios residenciais.

Quem quiser comprar algum item na máquina deve usar um aplicativo para destravá-la. Então, uma câmera vai identificar o item escolhido pelo comprador e fazer a cobrança de forma automática pelo cartão de crédito.

A questão que tem deixado alguns americanos irritados é que o negócio pode ameaçar centenas de lojinhas de conveniência espalhadas pelo país, e que em geral são geridas por famílias de imigrantes. Não satisfeito, ainda se apropria da palavra em espanhol usada para nomear esse tipo de comércio: bodega.

“Com certeza eles podem encontrar algo mais nobre do que inventar uma solução disruptiva para um modelo de negócio cujos donos são em geral imigrantes ou minorias”, escreveu no Twitter a jornalista da Vanity Fair Maya Kosoff.

Outro crítico, o editor da revista Inc Jeff Bercovici, foi além: “A Bodega é a epítome de um dos aspectos mais bobos do Vale do Silício: o hábito de pegar algo que já existe, vestir aquilo com um aplicativo e um pouco de tecnologia, e apresentar com uma inovação miraculosa”, escreveu no site da revista.

Apesar das críticas, há quem acredite e aposte alto no projeto. Segundo o TechCrunch a startup levantou nada menos que 2,5 milhões de dólares numa rodada de investimento liderada pelo First Round Capital e também conta com investimento anjo de executivos de empresas como Facebook, Twitter Dropbox e Google, segundo a Fast Company.

Fundada por Paul McDonald  e Ashwath Rajan, ambos ex-funcionários do Google, a Bodega já instalou 30 máquinas na região de São Francisco para testar o modelo. Como as compras ficam sempre registradas no app, a ideia dos empreendedores é usar essas informações para prever quais os itens mais procurados naquela comunidade, seja um prédio residencial ou uma academia.

Os testes têm deixado a dupla de empreendedores animada já que, segundo reportagem da Fast Company, eles buscam locais para instalar 50 novas máquinas e pretendem expandir para o restante dos Estados Unidos até o final 2018.

Porém, a ideia de que o negócio ameaça pequenos comerciantes parece ter acendido a luz amarela para os empreendedores, e McDonald publicou nesta quarta-feira um texto de desculpas, em que afirma que sua empresa definitivamente não está tentando tirar as lojas de conveniência do mercado.

“Lojas de esquina estão nos bairros há gerações. Seus donos sabem que produtos oferecer, e muitas vezes sabem quem compra. E elas são geridas por pessoas que, além de venderem tudo – de papel higiênico a leite – também oferecem uma conexão humana que nossas máquinas nunca terão”, afirmou o empreendedor. Segundo ele, o objetivo do negócio é levar comércio para lugares em que ele não existe.

Sobre o nome da startup,  McDonald disse que a escolha “provocou uma onda de críticas nas redes sociais muito além do que podíamos imaginar” e deixou aberta a possibilidade rever essa escolha também.

Fonte Exame.com
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