Mondelez anuncia novo CEO global

0 2.482

Irene Rosenfeld, há muito a CEO da Mondelez International, fabricante dos chocolates Bis e dos biscoitos Club Social, está deixando o cargo. Será substituída por Dirk Van de Put, atual presidente e CEO da McCain Foods.

A saída de Irene, que comanda a empresa desde 2006 e fez grandes apostas, como a compra da Cadbury e a tentativa frustrada de adquirir a Hershey, representará uma mudança de grandes proporções para a Mondelez, numa época em que as grandes marcas enfrentam desafios.

A exemplo de outros gigantes de produtos de consumo, a fabricante dos biscoitos Oreo está encontrando dificuldades para elevar as vendas, em meio às grandes mudanças de hábitos do consumidor. A companhia tem sido vista como uma provável candidata a alvo de aquisição ou fusão no setor.

“Ao longo de minha gestão, o mundo e nossa área de atuação passaram por mudanças sem precedentes”, disse Irene aos investidores, acrescentando que “ficará na intensa torcida, a distância” na qualidade de acionista de participação considerável. Aos 64 anos, ela deixará o cargo de CEO em novembro e permanecerá como presidente do conselho de administração até março de 2018, quando se aposenta.

A empresa optou por contratar um executivo de fora, após um “abrangente processo global” de vários anos, disse Irene. Van de Put trabalhou no mercado de produtos de consumo por 30 anos, em empresas como a Coca-Cola e a Mars. Ele ingressará na Mondelez vindo da McCain Foods, uma empresa canadense de capital fechado e 9,1 bilhões de dólares canadense de valor de mercado (US$ 7,25 bilhões), que é a maior fabricante de batata frita congelada, produtos especiais e aperitivos de batata.

Mondelez
Irene Rosenfeld assumiu multinacional em 2006 e fez aquisições relevantes

O desafio que aguarda Van de Put foi enfatizado pelos resultados do segundo trimestre da Mondelez. As vendas orgânicas, uma métrica fundamental do setor, caíram 2,7% no comparativo ano a ano no período de três meses encerrado no fim de junho, e empurraram para baixo a receita total do grupo em 5%, para US$ 5,98 bilhões.

A queda foi especialmente grande na América do Norte, seu segundo maior mercado. As vendas na região despencaram 8,5%, para US$ 1,57 bilhão, uma vez que as reduções dos volumes foram agravadas pela acirrada competição de preços com indústrias de alimentos concorrentes. A Europa, o maior mercado da empresa, deu pouca sustentação -as vendas no continente sofreram uma queda de 5,3%, para US$ 2,1 bilhões.

A Mondelez atribuiu boa parte da retração das vendas ao ciberataque mundial do “WannaCry”, em junho. O ataque, que afetou dezenas de empresas em mais de 60 países, interferiu na distribuição ao varejo e ceifou cerca de 2,3% das vendas líquidas no trimestre. No geral, a Mondelez estima que o ataque comprometeu as receitas em cerca de US$ 140 milhões.

A companhia disse não prever qualquer impacto de longo prazo sobre as relações com os clientes, e reiterou sua projeção de um crescimento das vendas líquidas orgânicas de 1% para este ano.

Irene Rosenfeld era conhecida como uma executiva “compradora”, uma fama reforçada pela tomada de controle hostil da Cadbury, a fabricante britânica de chocolates, e pela Kraft, no valor de 11,7 bilhões de libras esterlinas. Ela foi alvo de fortes críticas no Reino Unido por se recusar a comparecer à audiência realizada por uma comissão parlamentar sobre o negócio em 2011.

A aquisição da Cadbury criou o impulso para Irene cindir a Kraft, com uma das partes absorvida pela subsidiária que passou a se chamar Mondelez, focada em “snaks” (petiscos). A Mondelez, a exemplo de congêneres voltadas para produtos de consumo, enfrentou pressões de investidores ativistas para acelerar o crescimento das vendas. A gestora de investimentos Pershing Square, do bilionário Bill Ackman, comprou uma participação acionária de US$ 5,5 bilhões na empresa em 2015, enquanto o Trian Fund Management, de Nelson Peltz, detém cerca de 44 milhões de ações.

Fonte Valor Econômico
Notícias Relacionadas
Deixe um comentário

Seu endereço de email não será publicado.