Irmãos Batista rejeitam oferta de donos do Itaú pela Alpargatas

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As negociações para a venda da Alpargatas, controlada pelo grupo J&F, para a Cambuhy Investimentos, administradora do patrimônio da família Moreira Salles, e a Itaúsa Investimentos foram encerradas. Os irmãos Joesley e Wesley Batista não aceitaram o valor oferecido pelo ativo, e decidiram encerrar as discussões. A informação foi antecipada pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim, em seu blog.

Segundo uma fonte que acompanha as conversas, o Cambuhy e a Itaúsa teriam oferecido inicialmente entre R$ 3,3 bilhões e R$ 3,5 bilhões pelos 86% das ações ordinárias que a J&F detém da Alpargatas. Mas, questionando os resultados recentes da Alpargatas, os compradores queriam pagar menos.

“O Cambuhy também pressionou para baixar o valor do negócio, aproveitando-se do momento de fragilidade da J&F, que precisa fazer caixa para pagar os R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência”, disse uma fonte.

De acordo com levantamento da Economática, o valor de mercado da Alpargatas é atualmente de R$ 6,5 bilhões. As ações negociadas em Bolsa somam R$ 2,2 bilhões. Em novembro de 2015, os irmãos Batista compraram da construtora Camargo Corrêa 67% das ações ON (ordinárias, com voto) da Alpargatas, por R$ 2,7 bilhões. E em setembro do ano passado, aumentaram sua participação para os atuais 86%, desembolsando R$ 499 milhões por outros 45,3 milhões de ações.

Segundo analistas, a Alpargatas é considerada um dos melhores ativos do grupo J&F. No ano passado, a empresa teve alta de 36% no lucro, que chegou a R$ 358 milhões. A companhia tem grande presença no exterior, especialmente com as sandálias Havaianas, que responderam por 16% das vendas totais e 23% da geração de caixa, que chegou a R$ 595 milhões. A Alpargatas também é dona da marca Osklen.

“É um ativo fora do negócio da carne e, portanto, não haverá necessidade de parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a venda. Mas dado o sentido de urgência para a venda, quem comprar vai pressionar para ter um bom desconto”, diz um analista que não quis se identificar.

O acordo de exclusividade para a negociação firmado entre a Cambuhy e a Alpargatas expirou no fim de semana passado. Agora, a expectativa é que a J&F passe a negociar com outros interessados. Procurada, a Alpargatas não comentou o fim das negociações, assim como o fundo Cambuhy.

Em meio às pressões que enfrenta desde a delação premiada de seus executivos, e o fechamento do acordo de leniência, a J&F tenta se desfazer de alguns de seus ativos para fazer caixa. Em junho, a empresa anunciou um plano de desinvestimento, que prevê arrecadar R$ 6 bilhões no curto prazo.

Chineses de olho

Estão neste plano a venda da fatia de 19,2% na empresa de laticínios Vigor, a participação na Moy Park, que atua na Europa no segmento de frangos e alimentos processados, e a alienação dos ativos da Five Rivers Cattle Feeding, que inclui áreas de confinamento e fazendas nos Estados Unidos e no Canadá. Também estão à venda a Eldorado, empresa de celulose do grupo. A Fibria e o grupo chileno Arauco já manifestaram interesse pelo negócio.

Segundo fontes do mercado, o grupo chinês WH também manifestou interesse pelas operações da Moy Park, sediada na Irlanda. A empresa foi adquirida da Marfrig em 2015 por US$ 1,5 bilhão e fazia parte dos planos da JBS de expandir suas atividades na Europa. Procurado, o WH não se pronunciou.

“Os chineses são candidatos naturais à compra da Moy Park. Já controlam a Smithfield Foods, nos Estados Unidos, maior empresa de carne suína do mundo, e estão sempre olhando oportunidades. As importações de proteína animal na China saltaram de 1,7 milhão de toneladas para 3,6 milhões de toneladas no ano passado”, explica o consultor Osler Desouzart.

Fonte Época Negócios
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