Guerra da BRF: querem Abilio fora da presidência do conselho

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Os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras, lideram as conversas, segundo relataram três fontes a par das tratativas ao jornal O Estado de S. Paulo. Os dois fundos são os principais acionistas da BRF, com cerca de 11% cada. Segundo uma dessas fontes, a ideia é que os fundos redijam um comunicado, sinalizando o descontentamento com o comando da empresa.

Eles avaliam a convocação de uma assembleia de acionistas em seguida. O plano em estudo é angariar apoio para a destituição de todo o colegiado, colocando em votação uma nova chapa. O assunto foi antecipado nesta sexta-feira (23/02), pelo jornal Valor Econômico. O atual conselho foi eleito em abril do ano passado, com mandato até agosto de 2019.

Há meses os fundos questionam os internamente os rumos da BRF. A divulgação na quinta-feira (22/02), do prejuízo de R$ 1,1 bilhão registrado em 2017 acirrou os ânimos -a BRF vem de prejuízo de R$ 377 milhões em 2016.

Procurados, os fundos Petros, Previ, Tarpon e Aberdeen, a BRF e o empresário Abilio Diniz não quiseram comentar. Os fundos de pensão esperam contar com o apoio de outros investidores, que também estão insatisfeitos. A BRF, fruto da união de Sadia e Perdigão, tem capital pulverizado.

Além de Petros e Previ, os principais acionistas são os fundos de investimento Tarpon (7,26%) e Aberdeen (5%). Abilio também é acionista. Por meio da Península, veículo de investimentos da família do empresário, possui 4% da BRF.

Segundo um acionista, a rede de apoio de Abilio esvaziou-se, já que os fundos de pensão preferem sua saída e não há mais alinhamento entre ele e a Tarpon – aliança mantida desde que entrou na BRF, em 2013. Para ter sucesso em qualquer movimento, os fundos de pensão precisarão angariar votos de outros acionistas, especialmente dos investidores estrangeiros.

Integrantes da família fundadora da Sadia também apoiariam um movimento de renovação e o consequente afastamento de Abilio, apurou o jornal.

A família é desarticulada, com muitos herdeiros detendo pequenas fatias, mas integrantes estimam que, juntos, tenham entre 6% e 8% do capital. Uma fonte próxima aposta que ainda há espaço para negociação. Uma possibilidade seria Abilio oferecer a saída de José Aurelio Drummond Junior do conselho, uma vez que ele acumula duas funções, o que daria aos fundos a maioria no colegiado. Uma pessoa próxima aos fundos, porém, vê a costura difícil.

Insatisfação

A insatisfação de parte dos sócios decorre dos maus resultados e da profunda desvalorização da BRF na bolsa – só nesta sexta-feira, 23, houve perda de R$ 2 bilhões em valor de mercado. Maior exportadora de frango do mundo e dona de fatia importante no mercado brasileiro, a BRF valia R$ 54,55 bilhões na Bolsa em 2015. Agora, está avaliada em R$ 23 bilhões.

As rusgas entre Petros e Previ e o bloco Abilio e Tarpon, então aliados, começaram no início de 2017 e foram se intensificando ao longo do ano, segundo relato de três conselheiros. Os fundos pressionaram pela saída da presidência de Pedro Faria, sócio da Tarpon alçado ao comando com apoio de Abilio, mas votaram contra Drummond para substituí-lo, em novembro passado.

Queriam a eleição de um executivo sem ligação com qualquer sócio. Drummond, que já era conselheiro, foi indicado por Abilio. Com a votação empatada, ele foi aprovado quando Abilio deu o “voto de Minerva”. Em dezembro, Abilio disse que o desentendimento entre os sócios da BRF estava “completamente ultrapassado”. Na ocasião, os fundos afirmaram em nota que seguiam insatisfeitos com os resultados.

Na sexta-feira, em conferência para falar do prejuízo recorde da empresa, Abilio afirmou que se surpreendeu com o resultado e que deixaria de ser protagonista nas decisões da BRF. Desde 2013, quando assumiu a presidência do conselho, o empresário tinha por hábito assinar a carta de abertura do relatório que apresenta os resultados aos investidores. Desta vez, o documento foi publicado só com o nome e a foto de Drummond.

Fonte Diário do Comércio
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