Fabricante da Dolly reabre fábrica e diz que foi vítima de fraude

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A fábrica de refrigerantes Dolly pagou 33 milhões de reais em impostos atrasados para o governo de São Paulo. Esse valor foi fixado no acordo fechado entre a empresa e a Secretaria da Fazenda de São Paulo para poder reabrir sua fábrica de Diadema, na Grande São Paulo.

As fábricas de Diadema, Tatuí e dois escritórios da Dolly localizados em São Paulo foram alvos da Operação Clone, da Secretaria da Fazenda, que na semana passada. As inscrições desses endereços foram cancelados e as unidades foram fechadas.

Segundo a Fazenda, a Dolly deve quase 2 bilhões de reais ao Estado e é considerada uma das grandes devedoras de São Paulo. Ela já está inscrita na dívida ativa do Estado.
Para fechar o acordo e reabrir a fábrica de Diadema, a Dolly terá de cumprir outras exigências, como entregar toda a escrituração fiscal digital das empresas dos últimos quatro anos no prazo de 30 dias e apresentar um plano de diminuição de dívida, baseado na adesão ao Programa Especial de Parcelamento do ICMS (PEP) – o programa será reaberto para todos os devedores do Estado em julho.

A Fazenda informa que a unidade de Tatuí está aberta, mas continua com a inscrição estadual suspensa. Isso significa que ela pode produzir, mas está proibida de comercializar as bebidas ali fabricadas.

Dono da Dolly diz que contador desviou 100 mi da empresa

O proprietário da Dolly, Laerte Codonho, afirma que foi vítima de um esquema de desvios promovido pelo contador Rogério Raucci, sócio da empresa que cuidava da área fiscal, jurídica e trabalhista da empresa.

Segundo ele, o contador falsificou vários documentos, como guias de arrecadação estadual e decisões trabalhistas. “Foram mais de 200 decisões trabalhistas falsificadas. A empresa ganhava a ação, mas ele apresentava uma sentença informando que tínhamos perdido. E aí pagávamos a ele”, disse Codonho. “É importante falar sobre isso, pois outros empresários podem estar sendo vítimas do mesmo golpe.”

O empresário estima que o contador desviou 100 milhões de reais da Dolly desde 2001, quando passou a prestar serviços para a fabricante de refrigerantes. Codonho afirma que não desconfiava do contador, pois ele era tido como uma pessoa de confiança. “Ele almoçava com a gente pelo menos duas vezes por semana.”

A relação de confiança começou a se quebrar depois que Esau Domingues, sócio de Raucci no escritório, procurou o empresário e contou o esquema de desvios. “Ele percebeu que a empresa iria quebra se continuasse assim, por isso relatou o que estava acontecendo.”

Codonho afirma que partiu da empresa a decisão de procurar a Procuradoria Geral do Estado para informar que a Dolly estava sendo vítima de um esquema de desvios que prejudicavam o cumprimento das obrigações fiscais. Uma reunião com a Procuradoria, segundo ele, aconteceu em 26 de abril, portanto antes da Operação Clone. “Foi uma operação desnecessária.”

Domingues se comprometeu a devolver 5 milhões desviados para a Dolly e vem colaborando com os promotores de justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo. Em seu depoimento, ele conta que o antigo sócio adquiriu com os desvios mais de 30 carros de luxo, entre eles uma Maserati, um BMW 750, um Porsche Cayenne, dois Porsche Cayman, um Corvette, um Mercedes S500, duas Mercedes SLK, um Dodge Ram, um Chevrolet Suburban e dois Mini Cooper.

Além disso, o contador teria financiado o patrocínio de seus três filhos em provas de automobilismo na Europa (um deles corre na Fórmula 4, na Itália, os outros dois na Fórmula 3).

Sobre o valor dos débitos com a Fazenda, Codonho afirma que o cálculo desconsidera créditos tributários que a empresa teria direito se os contadores não tivessem deixado de prestar informações ao governo. O empresário afirma que os contadores impediam os fiscais de entrar na empresa, gerando outras multas.

Agora, segundo ele, a Dolly contratou uma empresa de auditoria e está realizando a parte contábil internamente.

“O e-mail cadastrado na Fazenda era o do escritório de contabilidade. As cobranças iam todas para eles. Nós achávamos que os pagamentos estavam sendo feitos corretamente”, afirma o empresário sobre as dívidas com impostos.

Fonte O Estado de S.Paulo
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