Empresas de balas e doces têm novas versões para crescer

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A indústria de balas e derivados aposta em lançamentos e na diversificação, como embalagens individuais e produtos sem açúcar, para conseguir crescer acima das projeções do mercado, que indicam um incremento baixo para este ano. A Fini, marca do grupo espanhol Sanchez Cano, cresceu na casa dos dois dígitos em 2017 e neste ano espera incremento de 20% a 30%. “Acreditamos que este será um ano muito bom, que começou positivo e com menos desafios”, afirma a gerente de marketing da companhia, Andrea Köler.

Parte dessa estratégia de crescimento prevê a intensificação da aposta em embalagens voltadas para o consumo individual – as chamadas monoporções, de 15 a 17 gramas –, iniciada há um ano como forma de ampliar as vendas em meio à crise e diversificar o público consumidor no País. “Essa estratégia deu um grande resultado e ainda vai se estender a outros produtos. Mas isso não significa que vamos parar de olhar para o mercado premium”, avalia. “Hoje, a monoporção é essencial para a companhia”, acrescentou.

Outra estratégia da indústria para ampliar as vendas é o lançamento de linhas de produtos sem açúcar e com ingredientes funcionais, vendidos apenas em farmácias. Após identificar a preocupação crescente do consumidor em evitar produtos artificiais, com químicos, e também um maior interesse em cuidados com a alimentação de crianças e adultos, a empresa deve colocar os produtos nas gôndolas dos supermercados no ano que vem. “Esse é um mercado que tem crescido muito. Investir em produtos voltados para a saúde é uma tendência sem volta.”

Para dar suporte a esses planos e ao ritmo de lançamentos de produtos, em torno de 40 a 50 por ano, a empresa optou pela expansão da unidade de Jundiaí, em São Paulo, que deve ser concluída entre 2019 e 2020. As exportações também devem ter papel relevante nesse cenário. Hoje, os embarques representam entre 5% e 7% das vendas da empresa e têm como foco países da América Latina. “Estamos intensificando esses contatos na área de exportação”, assegura Andrea.

No caso da gaúcha Peccin, o acirramento da disputa no mercado de balas e doces levou a empresa a ampliar a aposta no segmento de chocolates, que tem maior valor agregado e deve garantir um incremento de 15% nos volumes e 20% em faturamento neste ano. No ano passado, o incremento da empresa foi de 10%. “A gente trouxe uma proposta diferente e os clientes perceberam isso, o que nos ajudou a vender mais em um momento de menor consumo”, afirmou o presidente da companhia, Dirceu Pezzin.

Há seis anos, a Peccin começou a trabalhar com chocolates, que têm 38% de cacau na composição como diferencial, uma forma de se reiventar, explica o gerente de marketing da fabricante, Carlos Speltri. Atualmente, esses produtos respondem por 30% das vendas da empresa.

“Temos uma sensação de acerto nessa estratégia de inovação”, relata. Conforme Pezzin, as exportações também devem ter um papel importante na estratégia para este ano. A empresa exporta para 60 países e os embarques representam 20% das vendas. “Nos próximos quatro anos, esperamos que essa fatia seja de 25% a 30%”, projeta.

Ele explica que, por muito tempo, os produtos brasileiros no segmento eram comprados por outros países em razão dos preços mais acessíveis. “Mas ao longo do tempo aumentamos a qualidade dos produtos”, garante.

No mercado de balas, a Peccin optou por desenvolver itens mais sofisticados. “Adotamos tecnologias que poucos fabricantes têm no mundo, assim, fica mais difícil de copiar”, esclarece.

A empresa está ampliando a unidade que mantém em Erechim, no noroeste gaúcho. “Nos próximos três anos, teremos uma linha nova [de produtos] a cada ano, o que aumentará em pelo menos 50% a nossa produção”, afirmou Pezzin. A atual capacidade instalada da empresa é de 4,5 mil toneladas por mês.

Otimismo contido

Embora a meta dessas empresas seja de crescimento expressivo, o balanço anual da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) mostra que o consumo aparente, que inclui importações, cresceu apenas 2,1% em 2017, para 318 mil toneladas. “Com resultados praticamente estáveis no volume de produção, o setor segue otimista com um cenário que acompanhe a retomada do consumo aparente do brasileiro”, disse o presidente da associação, Ubiracy Fonseca.

Ele salienta que a indústria de alimentos como um todo foi fortemente impactada pela crise econômica, que obrigou o brasileiro a rever as suas escolhas de compra. “No setor de balas e gomas não foi diferente, principalmente por não se tratar de um produto de primeira necessidade”, acrescenta.

Segundo ele, parte do resultado esperado para o segmento neste ano e do crescimento alcançado em 2017 se deve ao consumo frequente dos produtos. Pesquisa encomendada pela Abicab, realizada pelo Ibope, apontou que 55% dos brasileiros consomem balas e gomas de três a cinco vezes por semana. “Em virtude dos resultados do ano anterior, o segmento apresenta um reforço assíduo para o prosseguimento de um mercado cada vez mais estável e confiante”, destaca Fonseca.

Ele avalia que a retomada do consumo pode ter influenciado o volume de produtos importados, que registou um aumento de 7 mil toneladas em 2017.

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