Com inovação nos negócios, Lemann se diz um ‘dinossauro apavorado’

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Ao participar de um seminário de inovação nos Estados Unidos, o brasileiro Jorge Paulo Lemann, um dos fundadores do 3G Capital – sócio da AB InBev e da Kraft Heinz –, afirmou que se sente como um “dinossauro apavorado” em relação às mudanças que estão acontecendo no mundo dos negócios atualmente.

Segundo ele, durante muito tempo, a forma de operar do 3G em suas empresas se baseava em conceitos de eficiência e gestão que vigoraram por muito tempo. Agora, novas habilidades estão sendo exigidas e adicionadas às companhias, tanto na composição do portfólio de produtos quanto na forma de entregá-los aos clientes. “Sempre trabalhamos com marcas tradicionais e grandes volumes, em um mundo que não mudava tanto. Bastava que nós nos concentrássemos em sermos eficientes e nos sairíamos bem”, explicou Lemann.

O investidor admitiu que agora há desafios para empresas de bens de consumo tanto com a proliferação de marcas de pequeno porte quanto com as exigências dos clientes, que muitas vezes preferem receber o produto em casa do que comprá-lo em um supermercado.

Surpresa. Lemann citou o exemplo do movimento das cervejarias artesanais, que pegou o 3G de surpresa justamente na hora da compra da Anheuser Busch, dona da Budweiser nos Estados Unidos, para a formação da AB InBev, líder global em cervejas.

“Foi uma surpresa, pois sempre acreditamos no poder de marcas sólidas e de sua capacidade de durar para sempre. Mas estamos correndo para nos adaptar. Já compramos 20 produtoras de cervejas artesanais nos Estados Unidos”, ressaltou. “E, se acharmos oportunidades nesse setor no Brasil ou na Argentina, vamos adquirir também.”

O empresário e investidor disse ainda que existem casos de empresas de alimentos, bebidas e vestuário que conseguiram se adaptar melhor às novas formas de ofertar e entregar produtos aos clientes do que as companhias do portfólio do 3G. Ele usou o caso da empresa de moda espanhola Zara, da gigante americana de roupas esportivas Nike e da rede de cafeterias Starbucks, também sediada nos Estados Unidos.

Ao ser questionado se sua equipe teria a capacidade de trazer inovação ao negócio – uma vez que estava acostumada a trabalhar com números –, Lemann afirmou que tem capacidade de adaptação: “Eu já tive várias carreiras. Fui jogador de tênis, trabalhei em finanças… Tenho 78 anos, mas não vou simplesmente me deitar e ir embora.”

Lemann também disse que, por ter um portfólio global, o 3G Capital tem a vantagem de poder se adaptar e chegar na frente em alguns dos mercados. O empresário lembrou que as mudanças que estão ocorrendo no comportamento do consumidor nos Estados Unidos ainda vão levar tempo para virar realidade em outras regiões. Ele disse que o mercado de cerveja na China está em franca expansão, enquanto o crescimento populacional ainda permitirá grandes avanços na África.

Para recuperar terreno no quesito inovação, empresas como a AB InBev estão ampliando a busca por profissionais capazes de analisar grandes quantidades de informações e de compreender o comportamento digital da clientela. “Somos muito focados nos nossos programas de trainee e em oferecer incentivos aos principais talentos. Agora, estamos passando por ajustes, procurando pessoas com um perfis diferentes dos que tínhamos anteriormente.”

Fonte Estadão
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1 comentário
  1. Joao diz

    Bom artigo

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