Campanhas enfrentam os ‘haters’ na internet

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No Dia das Crianças, a marca Omo, da Unilever, decidiu debater estereótipos sobre brincadeiras infantis em sua página no Facebook, argumentando que meninas e meninos não precisam se ater somente a brincadeiras tradicionalmente a eles associados. Foi o suficiente para que uma chuva de críticas se formasse nos comentários sobre a ação publicitária, com promessas de boicotes à marca e acusações de defesa de “ideologia do gênero”.

Esse é só um exemplo de temas sensíveis que podem ser expostos aos “haters” da internet – indivíduos ou grupos de pessoas que usam a web para defender suas posições de forma veemente. Questões ligadas a gênero, orientação sexual e combate a preconceitos costumam ser estopim desse tipo de reação online.

Para o vice-presidente de criação da agência Young & Rubicam, Rafael Pitanguy, é inevitável que as marcas fiquem expostas a comentários negativos. Mas ele não vê outra opção: “A publicidade não pode ficar à margem das discussões sociais. Uma marca sempre está expressando uma opinião, até quando repete os padrões que dominam a sociedade.”

Um dos próximos trabalhos da Y&R, para a operadora de telefonia Vivo, aborda vários assuntos potencialmente sensíveis ao mesmo tempo. A campanha, que estreia nesta semana, propõe que as pessoas repensem seus conceitos sobre importância cultural sobre arte de rua e funk, passando pela opção de formar ou não uma família e aportando na visão sobre os refugiados que tiveram de abandonar seus países.

Escolhas. Segundo o vice-presidente de marketing e vendas da Vivo, Marcio Fabbris, a campanha é o ápice de um caminho que a empresa começou a trilhar há mais de um ano. E o executivo está ciente de que o filme de fim de ano da marca poderá incomodar algumas pessoas.

Em uma campanha veiculada neste ano, a empresa mostrou um casal de homens representando uma família, o que já foi o suficiente para gerar queixas em redes sociais. “Agora, a gente teve o cuidado de fazer um filme sensível, que incentiva as pessoas a repensarem sua posição, e não ficarem presas ao que dizem seus grupos de WhatsApp”, explica Fabbris.

Para o executivo da Young & Rubicam, as marcas precisam ter calma para entender que a reação negativa na internet não significa que a sociedade como um todo esteja repelindo uma determinada abordagem. “Os ‘haters’ não representam a visão de todos”, diz o publicitário. “Acho que as empresas precisam se preparar para argumentar e mostrar seus pontos de vista.”

Além da campanha que será exibida na televisão, a Y&R também produziu alguns minidocumentários que ficarão disponíveis na web. Esses conteúdos vão mostrar histórias como a de Razan Suliman, de 27 anos, que nasceu em Aleppo, na Síria, e teve de deixar seu país por causa da guerra civil. Ela descobriu no tortuoso trajeto rumo ao Brasil que estava grávida – seu filho, Adam, já nasceu em terras brasileiras.

Histórico. Entre os primeiros exemplos de empresa que “segurou o rojão” de críticas está o Grupo Boticário, que lançou um filme do Dia dos Namorados, em 2015, mostrando casais homossexuais. A opção narrativa criada pela AlmapBBDO acabou gerando uma reclamação contra a empresa no Conar, órgão de autorregulamentação publicitária, que pedia a retirada do conteúdo do ar.

Apesar da ação dos “haters”, que se organizaram para dar avaliação negativa ao vídeo no You Tube, a empresa decidiu defender o conteúdo. Ao Estado, a diretora de Comunicação do Boticário, Cristiane Irigon, disse que a empresa não se interessa em fazer campanhas “mornas” e que não sejam passíveis de gerar discussão. “Tudo o que colocamos no ar carrega nossa verdade, nossa essência e o que realmente acreditamos”, frisou a executiva.

No caso recente da marca de sabão Omo, as reações negativas foram respondidas individualmente pela equipe de redes sociais da marca, que tentava explicar as intenções da campanha. Em nota enviada à reportagem, a Unilever disse que a publicidade teve apenas a intenção de mostrar que “mais importante do que o brinquedo é a brincadeira, o aprendizado e os momentos positivos que resultam desta experiência”.

Fonte Estadão
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1 comentário
  1. Adriano diz

    SE GERA UMA PUBLICIDADE NEGATIVA, OU REJEIÇÃO por parte de parte consumidores, pq insistir nestes temas ???
    Isso me parece falta de QI dos publicitários que apelam para estes temas polemicos apenas para multiplicar seus “click-views” com assuntos repetitivos sobre diversidade de genero.
    Pq não consigo entender oq sabão em pó, perfume, taxi ou banco (etc…) tem a ver com diversidade sexual.
    Recetemente vimos a grande rejeição do público as instituições do Santander por causa de uma exposição de arte queer.
    Os deptos de publicidade das empresas deveriam ficar mais atentas em não se deixar seduzir pelas idéias controversas, repetitivas e baratas
    que publicitários tentam vender, a troco de uma repercursão que no fim não gera receita nenhuma,
    e sim apenas exposição negativa a grande parte de consumidores em potencial

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