Ambev pretende concentrar distribuição e revenda de bebidas Red Bull

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A empresa de bebidas Ambev quer concentrar a distribuição e revenda de bebidas energéticas da Red Bull. De acordo com documento em análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o objetivo é aliar a capilaridade, a capacidade e as rotas de distribuição da Ambev com o interesse da Red Bull em expandir a sua distribuição no Brasil. Pequenos e médios fabricantes e distribuidores de bebidas criticam a medida e alertam para o risco de a concentração resultar em aumento de preço ao consumidor.

A operação, em análise no Cade, teria como base a celebração de contrato de distribuição entre a Red Bull do Brasil e a Ambev, que integra o grupo A-B InBev. A principal atividade desse grupo no mundo consiste na produção e comercialização de cervejas, bebidas não alcoólicas gaseificadas, ou não, e produtos relacionados.

O documento encaminhado pelas empresas ao Cade cita que a operação resultará em relacionamento contratual vertical entre a oferta de bebidas energéticas e a distribuição delas. “As atividades de comercialização de bebidas das requerentes – tanto a venda, pela Red Bull, de bebidas energéticas da marca Red Bull a outros clientes e distribuidores, como a distribuição, pela Ambev, dos produtos que não fazem parte da operação – seguirão independentes”, diz um trecho.

Por esse motivo, conforme alegam as empresas para conseguirem autorização do Cade, não se deveria considerar haver concentração horizontal decorrente da operação, mas tão somente um contrato vertical, com exclusividade, referente à distribuição de bebidas energéticas.

O presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros, vê o risco de concentração como “grave e preocupante”. “O energético é um produto de concorrência muito distribuída, apesar da dominância da Red Bull. O problema é que a Ambev detém 70% do mercado e, nos estabelecimentos onde o energético é mais vendido, em geral, existem contratos de exclusividade, ou seja, se não for produto Ambev, não entra”, critica ele.

Fernando explica como o setor pode ser prejudicado, caso a operação passe a vigorar. “A Red Bull, que sofre a concorrência de pequenos e médios fabricantes de energético, passará a usufruir dessa exclusividade, o que, por sua vez, excluirá os seus concorrentes dos pontos de venda. Isso é muito prejudicial para o mercado de energéticos e precisa ser coibido pelo Cade”, destaca ele.

Pequenos e médios fabricantes e distribuidores de bebidas cobram do Cade maior rigor na análise do pedido, para que, segundo alertam, não haja risco de aprovação das manobras da Ambev e Red Bull. Além disso, o setor reivindica maior transparência do conselho em relação às informações do processo, já que nem todas são públicas.

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