Vendas de vinhos brasileiros ficam estáveis no primeiro semestre de 2018

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A venda de vinhos e espumantes brasileiros no mercado interno apresentou um leve recuo de 0,79% nos primeiros seis meses do ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Para o setor produtivo, apesar de os espumantes terem apresentado resultado positivo de 9,75%, com a comercialização de 4,3 milhões de litros, a venda de vinhos tranquilos, que representa o maior volume comercializado, e que totalizou 88,4 milhões de litros, teve uma pequena retração de 0,93%.

Por sua vez, os sucos de uva 100% prontos para consumo recuperaram o ritmo de crescimento, ampliando a venda em 32,7% e somando 60,1 milhões de litros. Contabilizando os resultados dos demais produtos processados a partir da uva, de janeiro a junho desse ano, o setor atingiu 173,3 milhões de litros, com resultado positivo global de 9,27%.

“Tivemos dois anos com as vendas estabilizadas, devido a uma série de fatores, como a quebra histórica da safra 2016 e a crise econômica brasileira. Tínhamos uma expectativa de melhoria das comercializações, mas isso está ocorrendo de forma bastante gradual. Há alguns nichos com bom desempenho, como os espumantes, em especial os moscatéis, mas estamos cautelosos devido à estagnação da venda de vinhos tranquilos”, explica Oscar Ló, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O dirigente ressalta o excelente desempenho obtido pelo suco de uva, carro-chefe do setor, que retomou aos patamares de comercialização dos anos anteriores. Atualmente, o produto absorve 50% das uvas processadas no Rio Grande do Sul.

O vice-presidente da entidade, o viticultor Marcio Ferrari, acredita que a repercussão da alta qualidade da safra de uva possa auxiliar no incremento das vendas no segundo semestre, já que parte dos rótulos elaborados com a matéria-prima deste ano, como os vinhos tintos jovens e brancos, estão chegando agora aos consumidores.

“As condições climáticas colaboraram para que a safra 2018 tivesse uma qualidade excepcional, sendo considerada uma das melhores da história, e as pessoas estão esperando por esses vinhos e espumantes”, assinala.

Substituição tributária prejudica competitividade

Apesar dos dados de venda de algumas categorias estarem positivos, o conselheiro do Ibravin pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Argenta, pondera que o setor está temeroso quanto a rentabilização dos elos produtivos. “Os números expressam as vendas dos volumes para o mercado, mas não está havendo a rentabilização das empresas. Para muitas, essas dados refletem apenas escoamento da produção. Estão vendendo com margens apertadíssimas, quase sem lucro, para não perdermos a venda e também abrir espaço para a safra que virá na sequência”, observa o dirigente.

Argenta explica que a carga de impostos e sistemática de cobrança no Brasil coloca o setor em grande desvantagem frente aos produtos importados. “Temos uma carga tributária fora do comum, além do sistema de Substituição Tributária (ST) que cria uma concorrência desleal em relação aos vinhos que ingressam no país. Estamos trabalhando em todos os níveis, no Estado, mostrando que está havendo perda de arrecadação com a ST, e junto ao Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), para a retirada dessa cobrança antecipada. Assim, teremos uma melhoria na nossa condição de concorrência”, argumenta.

A participação dos rótulos importados no mercado brasileiro também ficou positiva em 5,27% nos primeiros seis meses do ano. De janeiro a junho, ingressaram no país 53 milhões de litros de vinhos e espumantes, representando alta de 5,32%. Já os sucos de uva tiveram recuo de 16%, com a entrada de 100,6 mil litros. Segundo estudo encomendado pelo Ibravin, 30% das importações foram feitas de forma direta pelos supermercados no primeiro semestre.

“A tributação do vinho brasileiro é bastante alta. O vinho importado chega ao país com subsídio. Eles pagam tributos sobre o valor declarado na entrada, que é inferior ao praticado na ponta, na venda ao consumidor, e não precisam adiantar os impostos. Essa sistemática é diferente para os vinhos brasileiros. A indústria paga antecipadamente sobre a projeção do valor final de venda. Precisamos mudar isso antes de perdermos ainda mais espaço. Não queremos vantagem frente ao produto de outros países, mas precisamos que a ST não seja cobrada de forma antecipada do setor vinícola brasileiro, pois isso nos tira a competitividade perante o importado”, explica João Carlos Zanotto, conselheiro do Ibravin pela Associação Gaúcha Vinicultores (Agavi).

 

 

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