“Os unicórnios não carregam a economia. Os cavalos comuns, sim”

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Sim, os unicórnios são importantes. Esses seres mitológicos têm o poder de inspirar novos empreendedores e atrair investimentos para o ecossistema de startups de um país. Mas as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão não têm o poder de puxar sozinhas a economia ou o desenvolvimento. Essa foi a opinião de todos os palestrantes do painel que se propunha a discutir o tema “O próximo unicórnio da América Latina”, durante o Fórum Econômico Mundial na América Latina.

A primeira pergunta feita pela mediadora Carol Guerrero Santos foi “o que são os unicórnios”. Marco Crespo, do Gympass, defendeu que o conceito não deveria levar em conta apenas a avaliação de US$ 1 bilhão. “São empresas que veem um problema crítico para um grupo de pessoas, que se propõe a resolver esse problema. O enfoque deveria ser esse”, diz.

Andy Freire, legislador de Buenos Aires, Argentina, afirmou “não quero desprezar os unicórnios como fonte de inspiração. Eles mostram que é possível ter sucesso. Mas não são os unicórnios que carregam a economia, são os cavalos comuns, as pequenas empresas, aqueles que empreendem por necessidade. Precisamos trabalhar com os dois”. Ele lembrou ainda que os unicórnios são importantes para atrair a atenção de fundos de venture capital nas startups.

Amiram Appelbaum, cientista chefe e presidente da Autoridade para Inovação de Israel, concordou. “O unicórnio é o símbolo do sucesso, mas não é o fator principal da evolução digital”, afirma. Para ele, contudo, um traço comum a todas as startups que chegam a valer US$ 1 bilhão é o fato de serem globais, e nascerem com ideias que podem ser implementadas em vários países do mundo. “O talento está em todo o lugar, é preciso ser global para capturar todas as oportunidades”.

A opinião geral dos painelistas é de que após um longo “inverno nuclear”, que se iniciou com a crise financeira de 2008, está chegando ao fim na América Latina. Antes desse período, a região teve grandes casos de sucesso, como Decolar.com e Mercado Livre. Agora, o número de unicórnios pode voltar a crescer. O Brasil, por exemplo, já teve alguns exemplos em 2018, com 99 e Nubank.

Para Hernan Kazah, sócio do Kaszek Ventures, da Argentina, o crescimento da economia latino-americana vai propiciar mais desenvolvimento e crescimento para as startups. “O papel do governo para isso é só não colocar o pé no freio”, afirma. Na Argentina, lembrou Freire, o governo conseguiu aprovar uma legislação para facilitar a abertura de empresas – o tempo para isso caiu de mais de 100 dias para 1 dia. “Reconheço que empreender é um desafio em si só, e na Argentina, as regras antigas faziam ser impossível empreender”, disse. “Agora, precisamos educar as pessoas para empreender melhor. Estamos entre ao países com maior porcentagem de empreendedores do mundo, mas temos uma grande quantidade de fracassos”.

Marco Crespo, da Gympass, falou também sobre a necessidade de abrir mercados. “Não só para reduzir a burocracia ou impostos, mas para facilitar o movimento de profissionais entre um país e outro. Para startups, é difícil enviar pessoas para ampliar o negócios para outro países da forma correta”.

Fonte Época Negócios
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