Foodservice recupera fôlego

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Por Rúbia Evangelinellis, especial para o Portal Newtrade

A especialização é a palavra de ordem para distribuidores interessados em atender o mercado de foodservice. Considerado um eixo potencial de negócios e paquerado por investidores, interessados principalmente na distribuição especializada, é visto como um setor promissor para empresas que invistam em tecnologia para atendimento (como app,  delivery e e-commerce) e no desenvolvimento de soluções que proporcionem maior valor agregado para o preparo de alimentos e atendam outros quesitos, como fornecimento de embalagens de marmitas.

Sérgio Molinari, especialista no setor, recorda que durante duas décadas, até 2014, o setor mantinha crescimento anual de 15%, o que atraia investidores, inclusive estrangeiros. Embora tenha o Brasil tenha mergulhado numa crise econômica, de 2015 a 2017, com queda da massa de renda da população, o setor ainda é considerado o quarto maior mercado de foodservice do mundo, atrás dos Estados Unidos, China e Japão.

Mas o fôlego do setor começou a ganhar vigor no segundo trimestre de 2018, quando o desemprego (ainda que esteja elevado) começou a cair. “É uma retomada lenta, mas considerando as projeções de 2019 a 2022, que apontam recuperação lenta de emprego, da renda e do crédito, a estimativa é retomada do foodservice, mas em patamares inferiores dos observados até 2014, ao redor de 2,5% a 4,5% (descontando a inflação)”, estima Molinari.

O consultor Enzo Donna observa outros aspectos que influenciam o desempenho, como a saudabilidade, que fez com que 53% dos estabelecimentos pesquisados incorporassem ou pretendem inserir pratos saudáveis no cardápio. O levantamento tem como base 28 mil estabelecimentos em parceria com a ABF –Associação Brasileira de Franchising.    

A segunda tendência, segundo Donna, é desenhando pelo atendimento delivery ou pelo aplicativos, uma vez que as pessoas preferem consumir a comida pronta em casa. Outro fenômeno é o crescimento das vendas de marmitas, mais visto em cidades médias do Interior. Esse movimento vem dando fôlego a restaurantes e outros estabelecimentos com capacidade para oferecer o serviço. E permite ainda que os distribuidores invistam também em vendas de embalagens. Em Bauru, segundo informou, existem 200 marmitarias, fornecedoras de 30 mil refeições diariamente para uma população de 330 mil habitantes.

Especificamente em relação ao canal indireto, Enzo Donna calcula que o cash & carry responde por 30 a 40% do abastecimento. Mas como o atacado distribuidor vem se especializando, acaba tendo como trunfo o conhecimento técnico, revertido em consultoria e suporte para os próprios clientes na utilização dos produtos. Outro fenômeno que aponta crescimento é a adoção do e-commerce.

Em linha gerais, Enzo Donna acredita que o foodservice deu um salto, mas o mercado distribuidor não acompanhou, no mesmo passo, a evolução. Segundo informou, existem entre 250 e 300 distribuidores, número insuficiente para atender a demanda. E como essa conta não fecha, novos investidores estão adquirindo empresas do setor. Assim fez a gestora Pátria Investimento, que montou a holding DFS (Distribuidora de Food Service) e comprou três distribuidores –Oesa e Baia Norte, ambas de Santa Catarina e Congebras, de Minas Gerais. E a empresa sulafricana Bidvest, que comprou a Irmãos Avelino/SP.

Juntos, os 15 maiores distribuidores de foodservive, que formam o Diefs (grupo pilotado por Enzo Donna que inclui inclusive troca de conhecimento), aponta crescimento nominal de cerca de 9%neste ano, que deve fechar com alta de 10%.As empresas que apontaram melhor desempenho foram aquelas que se reinventaram, ampliaram as linhas, qualificaram suas equipes, abriram frentes de trabalho e investiram em e-commerce, tecnologia, cozinhas experimentais e contratação de técnicos.

Rio Quality -Nesse time está a Rio Quality/RJ, Marcello Marinho, diretor da empresa, explica que 97% do faturamento vêm do setor. “Em 2018, já atendemos 8.500 clientes, sendo 6.500 compram regularmente por mês”. A companhia divide os negócios em gastronomia (bar, restaurante, lanchonetes e cafeterias), que responde por 48% do faturamento; catering e cozinha industrial (25% de participação); padaria e confeitaria (8%); hotelaria (7%); pequenas fábricas de alimentos (5%) e outras categoriais (clubes, consultórios, bancos, etc), com 4%
A empresa oferece 1.600 itens de mercearia seca, refrigerados/congelados, bebidas frias, descartáveis e material de limpeza. “No futuro, o distribuidor precisará ter a capacidade de atender 100% da demanda de insumos do foodservice”, diz Marinho, lembrando da importância de parceria com a indústria para que o distribuidor seja provedor de soluções.

Ele destaca que o mercado carioca de foodservice “apanhou “ na crise, com a situação agravada pela falta de segurança, quebradeira do governo, que levou ao atraso e endividamento do salário do funcionalismo público: ”A queda do faturamento nos bares e restaurantes caiu em até 40% em 2018.”

Apesar da retração, que derrubou catering e cozinha industrial (área que chegou a representar 55% das vendas da distribuidora),a empresa conseguiu aumentar o faturamento em 11% ao adotar a manobra de expandir a carteira de pedidos. Ganharam espaço os outros segmentos que atende, os quais ajudaram a dobrar a base de clientes, juntamente com o esforço da área comercial e a estratégia de ampliar a equipe própria de vendedores. O resultado é a previsão de encerrar 2018 com alta de 15%.

Nova Safra – Com um portfólio de seis mil itens, a Nova Safra, distribuidora exclusiva de foodservice em Minas Gerais, mantém o pé na estrada com a seguinte premissa: “Onde tem gente, tem algum tipo de alimento”, segundo Margareth Brandi Felix, diretora comercial. Os olhos da direção estão voltados para a busca de clientes em segmentos diversos,além de atender os ramos tradicionais, como padarias, restaurantes, pizzarias, lanchonetes, hospitais e hotéis.

“Na tentativa de equilibrar nosso crescimento médio mensal, devido à instabilidade dos reflexos da economia, conseguimos atingir cerca de 11 mil clientes ativos em (apenas) um trimestre”, comemora lembrando que tem um mix de peso e a flexibilidade de ações de atendimento aos clientes.

A NovaSafra possui duas lojas e e-commerce. “Temos condições também de atender quem quer iniciar o seu negócio de forma planejada e profissional. Damos suporte na área de vigilância sanitária, na iniciação de gestão do negócio, nos princípios básicos (para aquisição) de matérias-primas, por meio de cursos básicos realizados em nossa Academia. Nos limitamos a dar apenas informações iniciais e, depois, indicamos possíveis fornecedores de equipamentos, de gestão de negócios, como o Sebrae”, explica.

A empresa também realiza visitas comerciais e técnicas e oferece consultorias na área de desenvolvimento de negócios, com sugestões de produtos, e treinamento in loco, para o desenvolvimento do cliente, independentemente de seu valor de compras. ”Acreditamos que o mercado precisa mais do que fornecedor de matérias-primas, por isso procuramos ir além no compromisso de transmitir aos clientes ações que promovam a rentabilidade e o crescimento de seus projetos”.

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