Falando de Gente: Os temas mais quentes da NRF 2019

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Por Fabiana Mendes é sócia-diretora da GS&Friedman, empresa do Grupo GS& Gouvêa de Souza que atua com Gente, Gestão, Talentos e Treinamento

Frenética, relevante e intensa poderiam ser alguns adjetivos para a experiência que estamos prestes a viver em mais um ano na NRF (National Retail Federation) Retail’s Big Show 2019. O maior evento de varejo do mundo reúne líderes e empresas de destaque, inovação, tecnologia, troca de ideias e muito networking com todas as partes do globo. Participar de uma maratona de conhecimento como esta nos permite uma projeção bastante apropriada do que nos aguarda no varejo e consumo nos próximos anos. Anos? Não seriam meses, semanas, dias? Este mundo VUCA – volátil, incerto, complexo e ambíguo, não nos permite demorar na leitura, em percepções e implementações.

Temas conhecidos e relevantes continuam em pauta este ano: Experiência, Jornada Omnichannel, Transformação Digital, Inteligência Artificial, Inclusão, Diversidade, Propósito, Empoderamento Feminino, mais uma vez com uma força incrível. Mas o importante é ter em mente que no centro de todas as discussões estão as pessoas em seu tripé: clientes, colaboradores e comunidade.

O tema Gente esteve presente de forma substancial nos últimos três anos de NRF. Chama a atenção agora um novo olhar. Gente antes era parte integrante das mudanças impulsionadas, principalmente, pelas novas tecnologias. Importante, é verdade, mas nasce agora uma abordagem mais completa e complexa de Valor Compartilhado para o tema. Recorro aqui ao mestre Michael Porter: “É muito generalista a percepção de que uma empresa prospera à custa da comunidade que a cerca. A solução está no princípio do valor compartilhado, que envolve a geração de valor econômico de forma a gerar também valor para a sociedade. É preciso reconectar o sucesso da organização ao progresso social. Valor compartilhado não é responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, mas uma nova forma de obter sucesso econômico. Não é algo na periferia daquilo que a empresa faz, mas no seu centro.” E olhar para estes elementos sob esta ótica “pode de fato desencadear a próxima grande transformação no pensamento administrativo”.

Atualmente existe a consciência de que uma empresa é um sistema vivo e aberto, que faz uma infinidade de trocas com o mundo exterior. Este universo é composto por elementos sociais, políticos, econômicos, tecnológicos, culturais, ambientais. A cada acontecimento, interno ou externo, os subsistemas da organização se realinham em busca de adequação, equilíbrio e colaboração.

Na transformação dos negócios com este triplo olhar de Gente – clientes, colaboradores e comunidade – vemos os clientes virarem fãs, integrados e engajados ao propósito das empresas, buscando uma jornada do ser e da experiência muito mais do que a do ter, impactando diretamente a forma de consumir. Ele já não tem hora e lugar para se conectar com estas organizações, pois é Omnichannel. Os colaboradores, que antes apenas colaboravam em pequenas parcelas em suas funções, hoje são protagonistas, parte efetiva e relevante deste ecossistema. São a parte mais genuína da organização. Não querem apenas ganhar seu salário, desejam aprovar o propósito geral da organização e seu papel maior na sociedade e, por esta razão, existe uma inegável ligação entre experiência do colaborador e experiência do cliente.

A comunidade por sua vez, espera e exige que as organizações assumam seu papel social transformador e também promovam a Diversidade, a Imperativa Inclusão, a Colaboração e a sua integração responsável ao ecossistema onde está inserida. Nesta tônica as empresas deixam de ser apenas financeiramente viáveis, socialmente justas e ambientalmente responsáveis para ser um organismo propulsor desta dinâmica geradora do Valor Compartilhado.

Neste mercado de trocas simbólicas complexas, vemos uma força de trabalho que busca uma nova forma de conexão com as organizações onde atuam, guiadas por fazer parte e construir junto, regidas por novas formas e Novas Relações de Trabalho. Se a relação entre empregados e empregadores não é mais para sempre, empregados querem mais que seu salário. Há participação nos lucros? Há programa de MBA? Inglês? A empresa ajuda a comunidade onde está inserida? Preocupa-se com o meio ambiente? Qual é afinal o propósito da organização?

Todo mundo reconhece que o universo dos negócios está passando por transformações dramáticas em função da Transformação Digital, mas também devido às leis de responsabilidade social e cívica, das mudanças geográficas (países mais desenvolvidos estão ficando mais velhos e os jovens estão vindo das áreas mais pobres do planeta como África e Índia), além das alterações no jogo de competição (vide o fenômeno da “uberização” do trabalho). A própria sociedade está mudando e as Pessoas estão novamente no centro desta força transformadora. Neste contexto, a capacidade de lidar com paradoxos é a que melhor prevê a contribuição para a estratégia corporativa.

Sobre o Futuro do Trabalho, quando se trata de supor o que está por vir, as visões apocalípticas desenham um cenário no qual as máquinas dominarão as atividades e roubarão o ganha-pão dos humanos. Em vez de pensar nos empregos, temos de olhar para o que fazemos e quais destas tarefas são automáticas. Com a tecnologia, boa parte delas poderão ser automatizadas e neste processo outros empregos irão surgir . Entre empregos perdidos e o surgimento de novas ocupações, a balança penderá para este último. Para discutir o futuro é preciso ampliar o olhar e refletir sobre 2 pontos: como capacitar os trabalhadores para esta transição e como atender com agilidade às novas demandas por novas habilidades. As empresas estão convidadas a pensar menos em suas atividades e processos e muito mais nos efeitos que provocam em seu entorno e por esta razão temas como Consciência Corporativa, Liderança com Convicção, Espírito e Alma: como autenticidade e propósito podem gerar afinidade e dirigir a demanda e ainda Verdade e coragem: ingredientes chave para novas plataformas em varejo tomam conta das plenárias em uma curiosa abordagem que mistura ciência, dados, tecnologia, com sensibilidade, intuição e humanidade.

Fonte Mercado & Consumo
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