Nos últimos meses, os consumidores têm se deparado com uma novidade nos corredores de 50 lojas americanas do Walmart. A peculiaridade não é um novo produto de encher os olhos e nem uma promoção de agradar o bolso, mas sim um robô que anda para cima e para baixo pelo ponto de venda.
Em formato de torre, com cerca de 1 metro de altura e dotado de rodinhas, o robô possui diversas câmeras e sensores. Sua função é detectar erros nas prateleiras. Ele examina se há produtos prestes a acabar ou posicionados em lugares errados e verifica etiquetas de preços e rótulos incorretos. Também identifica bagunças, como embalagens rasgadas e gôndolas sujas de restos de alimentos.
Os robôs informam as adversidades aos funcionários por meio de mensagens num aplicativo, que disponibiliza uma lista de tarefas, com foto e localização do problema.
A transformação digital do Walmart foi abordada por Jeremy King, vice-presidente executivo e chefe de tecnologia (CTO) do Walmart, durante a NFR, congresso de varejo que aconteceu em Nova York na semana passada.
Atualmente, o Walmart é a terceira empresa que mais investe em tecnologia no mundo, posicionada atrás apenas da Amazon e da Alphabet (holding controladora do Google).
Iniciativas
Somente no ano passado, a equipe de tecnologia do Walmart ganhou o reforço de 1,7 mil técnicos -outros 2 mil devem engrossar o time em 2019.
Entre os profissionais procurados estão cientistas de dados, engenheiros de software e designers que trabalharão em nove escritórios, sendo os principais no Vale do Silício e Bangalore, na Índia
De acordo com King, egresso da empresa pioneira do comércio eletrônico eBay, os funcionários se dedicam a desenvolver soluções que utilizam e integram robôs, aprendizado de máquina, realidade virtual, serviços em nuvem, softwares de código aberto e conectividade de lojas, entre outras tecnologias.
A ideia é cada vez mais tornar a empresa omnichannel.
Recentemente, a rede lançou um serviço de devolução de itens vendidos por terceiros, via marketplace, direto nas lojas físicas da marca.
A iniciativa requer grande empenho logístico e de rastreamento de itens. Não há, no Brasil, nenhuma medida parecida. “Não é que essas coisas fossem impossíveis antes”, disse King. “Mas é muito mais simples fazer essas coisas agora.”
Expansão no e-commerce
Numa transação de 16 bilhões de dólares, o Walmart comprou 77% da Flipkart, uma das líderes do comércio eletrônico da Índia. Vale lembrar que o país asiático possui 1,4 bilhão de habitantes, porém apenas 35% tem acesso à internet – cerca de 500 milhões, acordo com um relatório da Internet e Mobile Association of India.
Ao mesmo tempo, a Índia vive um momento de efervescência tecnológica, com o surgimento de milhares de startups.
Uma pesquisa da Business Insider mostra que o país terá o maior crescimento em comércio eletrônico do mundo. O salto será de 31% até 2021, em comparação, a média global do mesmo período será de 16%.
Além do desejo de abocanhar um vultuoso novo mercado que se abre, a aquisição da Flipkart também servirá para o Walmart integrar o conhecimento em comércio e as tecnologias que rondam a operação da varejista asiática.
Já de olho na nova demanda, o Walmart anunciou, no mesmo mês que comprou a Flipkart, uma parceria estratégica com a Microsoft. O objetivo é acelerar a transformação digital da empresa.
A iniciativa consiste no uso de serviços na nuvem para sustentar iniciativas de aprendizagem de máquina, inteligência artificial e processamento e análise de dados.
De forma prática, as medidas aumentarão a disponibilidade e velocidade do e-commerce Walmart.com, que também poderá lançar recursos com mais rapidez e facilidade. Na ponta da cadeia, significa que os consumidores poderão economizar tempo durante sua jornada de compra.
O projeto também aumentará a capacidade de uma plataforma de Internet das Coisas, que permitirá reduzir o uso de energia em milhares de lojas nos Estados Unidos, e de um sistema de criação de roteiros logísticos de caminhões utilizados na cadeia de fornecimento.
Lição de casa
Em 20 17, o Walmart lançou sua própria incubadora de startups. Batizada de Store No 8, a negócio tem como objetivo desenvolver novas tecnologias para aprimorar o e-commerce, reduzir custos operacionais e melhorar a condição de trabalho dos funcionários.
Ano passado, a empresa lançou um aplicativo para smartphone para melhorar a experiência de compra dos clientes nas lojas físicas.
Com o nome de Store Assistant (Assistente de Loja, em português), o aplicativo permite ao consumidor criar uma lista de compras antes de sair de casa. O app informa a disponibilidade dos produtos nas lojas próximas.
A solução também integra um mapa das lojas. Dessa forma, é possível saber exatamente os corredores e prateleiras onde estão os produtos.
Com a integração dos dados de compra no aplicativo, os clientes sabem quais produtos adquiriu, seja na loja física ou nos canais online. Ele também pode ter acesso a recebidos digitais de suas compras. Com isso, é possível realizar trocas somente apresentando o código de barra direto no smartphone.
A empresa ainda estuda integrar os recursos do aplicativo com aparelhos domésticos inteligentes e criar comando por voz.