Produtos naturais e orgânicos ganham força no mercado brasileiro

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Na Inglaterra, quem caminha pelas ruas de Londres encontra com facilidade lojas de bairro especializadas na comercialização de alimentos frescos, orgânicos e naturais. A rede varejista local Waitrose, por exemplo, é conhecida por oferecer uma rica variedade de produtos para os adeptos da vida saudável. Essa cultura do consumo responsável, que agrada a boa parte da população do velho continente, e também dos Estados Unidos, está estimulando as indústrias brasileiras a lançarem inovações e a incluírem em seus portfólios produtos voltados para a geração de saúde.

O nicho de produtos orgânicos é um dos que mais crescem em Londres. O setor ganhou impulso depois da regulamentação em 2011, que instituiu a obrigatoriedade de certificação e a inclusão de um selo de garantia para orientar o consumidor, e vem, desde essa época, crescendo com taxas significativas. No ano passado, o faturamento atingiu três bilhões de reais, um crescimento de 20% com relação ao ano anterior, informa o Organis (Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável). Outra recente pesquisa realizada pelo Organis nas principais capitais brasileiras indica que adultos com idades entre 18 e 69 anos já representam 15% da população urbana consumidora de produtos orgânicos, com destaque para a Região Sul, que tem o dobro do consumo nacional.

Verduras, legumes e frutas são os alimentos mais consumidos. No entanto, outros produtos orgânicos também começam a ser introduzidos nos hábitos de consumo da população que se alimenta conscientemente. O estudo também indica que não existe uma única marca forte que represente o setor, e também que a percepção do consumidor está voltada para marcas que aparecem mais na mídia e nas gôndolas dos supermercados, o ponto de venda de maior destaque. Ming Liu, diretor-executivo do Organis e responsável pela pesquisa, comenta que há nesse mercado muito espaço para o crescimento, uma vez que 25% da população não está interessada em mudar seus hábitos de consumo do convencional para o orgânico. “Entre os principais motivos que interferem nessa escolha estão os preços, que nem sempre são acessíveis, e a disponibilidade desses produtos em lojas próximas ao lar ou ao trabalho”, diz ele.

Diante desse comportamento, a GfK constatou que os alimentos com presença acentuada de vitaminas, sais minerais, fibras e proteínas são incluídos com mais facilidade na dieta dos brasileiros. Açúcar, sal e adoçante artificial são itens considerados os itens básicos que entram no carrinho de compras com mais frequência. “Reconhecemos, nesse levantamento, que as pessoas buscam alternativas saudáveis para continuar consumindo as categorias preferidas. A indústria está atenta e o varejo precisa se preparar para oferecer as novidades adequadas a esse novo momento de consumo”, salienta Marco Aurélio Lima, diretor da GfK.

Nas linhas a partir do próximo parágrafo, trazemos cinco frentes de produtos relacionados com o universo natural e como elas podem ser expostas no comércio de bairro a fim de incrementar as vendas e de atender às necessidades do shopper antenado. Confira!

Massas 

A Barilla comemora o interesse do consumidor final pela linha 5 Cereais, lançamento saudável da marca, com baixo índice glicêmico e que intensifica a sensação de saciedade. “Esperamos que, com o tempo, o consumidor aprenda a olhar com outros olhos a categoria do macarrão, pois esse produto pode ser muito rico em proteínas e muito saudável, ainda mais quando é aliado aos  ingredientes certos para o preparo dos pratos”, declara Fabiana Araújo, gerente de Marketing da fabricante italiana. Dica de exposição: Explore a ponta de gôndola com linhas que tenham mais de duas opções de embalagem e formato. Desse modo, a leitura visual do produto ficará mais evidente para o consumidor. Você também poderá incluir no espaço molhos de baixo teor de sódio e enlatados de peixe.

Lácteos

A linha de iogurtes veganos feitos à base de leite de coco, amêndoas, arroz ou soja da Vida Veg promete esquentar as câmaras resfriadas do ponto de venda. Destinados a veganos, vegetarianos, consumidores intolerantes à lactose e alérgicos à proteína do leite, os produtos também agradam quem busca uma alimentação mais saudável e natural. Dica de exposição: Com uma extensa variedade de opções de lácteos para as crianças, a primeira etapa consiste em separar as marcas direcionadas ao público certo. Use placas de identificação e distribua as embalagens nas prateleiras mais altas, que ficam no nível dos olhos do shopper.

orgânicos

(Foto: Viviana Teran, gerente de Marketing da União)

Açúcares

A tradição centenária da União se rendeu à novidade de adaptar o paladar brasileiro ao adoçante sucralose. Em três versões, o lançamento oferece alta performance de adoçamento e baixo amargo residual. Além de análises sensoriais, a União realizou pesquisas domiciliares com mais de 400 consumidores e constatou que 42% dos consumidores de adoçante afirmaram que buscam sabor semelhante ao do açúcar e que estão insatisfeitos com o sabor dos produtos disponíveis no mercado. Segundo Viviana Teran, gerente de Marketing da União, a expansão do portfólio é um movimento natural para a marca e visa conquistar novos consumidores. Dica de exposição: A gôndola de adoçantes e açúcares light é geralmente encontrada logo nos primeiros corredores da experiência de compra. Nela também se encontram itens como gelatina, biscoitos integrais e geleias especiais.

Grãos

As alterações da identidade visual e de embalagem são os primeiros passos para uma transformação da Jasmine, que também seguirá neste ano nos pontos de venda e na comunicação da empresa. Para Jean-Baptiste Cordon, CEO da Jasmine, mais do que nunca é preciso apresentar ao consumidor soluções para diferentes necessidades e estilos de vida: “As pessoas querem se transformar. E querem conseguir fazer isso por meio de alimentos. A alimentação talvez seja o mais importante ritual do ser humano, e os brasileiros estão redescobrindo o poder dos alimentos.” Cores passam a identificar as quatro linhas da fabricante: embalagem vermelha para integrais, embalagem roxa para alimentos sem glúten, embalagem verde para orgânicos, e embalagem azul para a linha zero açúcar. Dica de exposição: A facilidade de identificação dos produtos naturais e orgânicos irá balizar as vendas no local do seu comércio. Destine um espaço aos itens de maior giro, como granolas e cookies. Outras categorias de grãos podem ser alocadas na mesma gôndola dos açúcares.

Bebidas 

Entre as opções mais populares em meio ao público que procura produtos saudáveis, os chás lideram a preferência. Em diversos formatos, sabores e opções, o produto ganha impulso em épocas de frio para as opções em sachê e, no verão, os prontos para beber. Sinônimo de categoria, a Leão Alimentos e Bebidas – que cresceu 57% desde 2013 – lança neste mês a embalagem de um litro para os principais sabores da linha Leão Fuze. Além do novo tamanho de embalagem, os produtos são oferecidos com preços mais atrativos aos clientes e recebem maior destaque nas gôndolas. “Esse novo formato de embalagem foi escolhido depois de notarmos que a busca por embalagens menores tornou-se uma tendência crescente nos últimos anos”, afirmou Caroline D’Angelo Augusto, gerente de Marketing da Coca-Cola FEMSA Brasil. A executiva conta que a marca está construindo seu espaço como ícone de bem-estar e saúde graças a um portfólio integrado que justapõe ervas, frutas e flores. Dica de exposição: Posicione os chás no mesmo corredor que a água mineral e os sucos orgânicos. Embalagens maiores devem ficar nas prateleiras mais baixas. Promova um ponto extra onde o produto é oferecido junto com pães integrais.

Matéria publicada originalmente na revista Varejo de Vizinhança.

Fonte Varejo de Vizinhança
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