O que é o IPCA e por que ele afeta o seu bolso

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O IPCA é um velho conhecido de quem costuma acompanhar o noticiário econômico. Você provavelmente já ouviu falar dele inúmeras vezes. Mas sabe explicar o que ele é e como influencia as nossas vidas? O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo é hoje o indicador oficial de inflação usado pelo governo brasileiro. É ele, por exemplo, que serve de parâmetro para determinar se a meta de inflação do país (atualmente em 4,5% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo) foi cumprida. O índice mostra quanto os preços de produtos e serviços aumentaram ou diminuíram de um mês para outro.

O IPCA é uma medida da variação dos preços de uma cesta de consumo de uma família brasileira com renda entre um e 40 salários mínimos. Isso faz com que o índice cubra grande parte dos brasileiros — desde os mais pobres até os de renda maior. O órgão responsável por calcular o IPCA é o IBGE. A medição é feita mensalmente e leva em conta apenas os preços ao consumidor.

“A gente faz ao longo do mês o levantamento do preço de determinados produtos e serviços e comparamos com os do mês anterior. Essa variação resulta no IPCA, que é a inflação do mês”, afirma José Fernando Gonçalves, pesquisador do IBGE responsável pelo índice.

A cesta de consumo é definida de acordo com os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada pelo IBGE a cada 5 anos. O levantamento avalia quais são os produtos, as quantidades e o peso de cada item na despesa das famílias. Atualmente, as categorias que compõe o IPCA são: alimentação e bebidas (25,52%), transportes (18,49%), habitação (15,51%), saúde e cuidados pessoais (11,10%), despesas pessoais (10,62%), vestuário (5,99%), educação (4,71%), artigos de residência (4,25%) e comunicação (3,82%).

A ideia é refletir o padrão de consumo dos brasileiros. Por isso, dentro do próprio IPCA, alguns produtos pesquisados mudam de uma região para outra. “Por exemplo, o feijão preto está na cesta de consumo no Pará, Espírito Santo e Rio de Janeiro, mas no resto do Brasil ele é substituído pelo feijão carioca, mais consumido”, diz Gonçalves.

Outro ponto importante: os preços analisados no cálculo do índice são coletados nas regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória, além de Brasília e das cidades de Campo Grande e Goiânia.

IPCA-15 e IPCA-E

Do IPCA, nasceram outros dois índices muito similares, o IPCA-15 e o IPCA-E. O primeiro, considerado uma prévia do IPCA, começou a ser calculado em 2000. A principal diferença é o período da coleta — feita aproximadamente do dia 15 de um mês ao dia 15 do mês seguinte, enquanto o IPCA segue o calendário regular. Ou seja, mede a variação de preços do início ao final do mês. A prévia também não inclui a região metropolitana de Campo Grande na medição.

O IPCA-E, por sua vez, é divulgado ao final de cada trimestre e formado pelas taxas do IPCA-15 medidas no período. Assim como o IPCA-15, o índice não abrange o município de Campo Grande e segue a mesma metodologia de cálculo do IPCA. O IPCA-E é utilizado como base para os reajustes do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Como o IPCA afeta a Selic …

Como o IPCA é o índice oficial de inflação, é para ele que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) olha para avaliar se irá reduzir ou aumentar a taxa básica de juros, a Selic. Se o governo precisar conter a inflação, ele tende a aumentar a taxa Selic. O objetivo é encarecer o crédito à população, inibindo o consumo e, desta forma, estimular o comércio a baixar os preços. Por outro lado, quando a inflação está sob controle, o BC pode baixar a taxa de juros para estimular o crescimento da economia brasileira.
… e os investimentos em títulos públicos

Além de influenciar no valor da taxa Selic, o IPCA também é peça-chave para alguns investimentos em títulos públicos. Dois dos três tipos de títulos pós-fixados do Tesouro Direto levam em consideração o IPCA para determinar sua remuneração: o Tesouro IPCA+ (NTN-B principal), um dos mais negociados no mercado, e o Tesouro IPCA+ com juros semestrais (NTN-B).

O rendimento do IPCA+ é composto por duas variáveis: uma taxa de juros prefixada e a variação do IPCA. Como esses títulos costumam ter datas de resgate mais longínquas,  eles são aconselhados para quem tem objetivos não tão imediatos, como poupar para a aposentadoria ou pagar pelo estudo dos filhos, por exemplo.

O IPCA+ com juros semestrais funciona de forma muito semelhante. A diferença é que, como faz o pagamento dos juros a cada seis meses, esse investimento é mais adequado para quem quiser utilizar os rendimentos no curto prazo, sem precisar esperar para embolsar toda a remuneração no vencimento final. Mas, é bom lembrar, paga-se Imposto de Renda (IR) sobre os juros recebidos semestralmente, obedecendo a tabela regressiva do IR.

Outros índices de inflação

Além do IPCA, há vários outros índices que calculam a inflação no Brasil. Um deles é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), também calculado pelo IBGE. Ele usa como base a cesta de consumo de famílias com renda de um a cinco salários mínimos — a população que mais sofre com as variações de preço. “O item alimentação pesa mais no INPC do que no IPCA”, diz Gonçalves, do IBGE.

Outro índice muito comentado é o IGP-M, conhecido também como a inflação do aluguel, porque a maior parte dos contratos de locação são indexados por ele. Calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o IGP-M é um índice híbrido porque, ao contrário do IPCA, considera tanto os preços no atacado quanto no varejo. A variação de preços no atacado corresponde a 60% do índice. Outros 30% ao varejo e os demais 10% ao setor de construção civil. “O IGP-M é um índice mais geral, porque não apura só o consumo. Ele tende a refletir uma realidade mais abrangente, não só o poder de compra das famílias”, afirma Cristina Helena Mello, professora da PUC-SP.

Fonte Época Negócios
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