Levy diz que com ajuste fiscal governo assumiu risco de afetar popularidade de Dilma

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Em um dia de estresse no mercado financeiro com juros e dólar em alta, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, usou um evento do Banco Central para discursar em defesa do ajuste fiscal. Ele disse que, ao reorganizar as contas públicas, o governo assumiu o risco de afetar a popularidade da presidente Dilma Rousseff. E frisou que esse ajuste não é a causa da recessão econômica, mas uma consequência dela. – O governo tomou responsabilidades e assumiu o custo da popularidade para fazer o Brasil regressar ao crescimento. A presidente assume essa responsabilidade e esse compromisso – frisou o ministro da Fazenda.

Nas últimas pesquisas, a popularidade do governo da presidente Dilma tem caído progressivamente e atingiu, conforme o indicador mais recente da Confederação Nacional da Indústria, 9%. Levy reforçou ainda que, apesar de estar escutando todas as partes envolvidas no ajuste fiscal, o governo não vai “prescindir do reequilíbrio das contas públicas” e de uma readequação da economia para aumentar a produtividade e a eficiência da economia. Além disso, o ministro da Fazenda enfatizou que o país precisa trabalhar para reduzir o risco e aumentar o interesse dos investidores. – O Plano de Investimento em Logística (PIL) é fundamental e só terá sucesso se investidores olharem para o Brasil e tiverem confiança na situação fiscal. Senão, não vão querer colocar o dinheiro deles nas nossas estradas – endossou o ministro. O discurso foi feito num seminário no BC sobre cooperativismo de crédito. Esse tipo de evento conta com máximo dois diretores da autoridade monetária. Na manhã desta quarta­feira, a agenda de praticamente todos os diretores e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mudou. Todos ficaram na plateia para ouvir Levy falar.

Joaquim Levy defendeu que o momento é de adoção de medidas estruturais e microeconômicas, que trazem clareza e previsibilidade. E que, segundo ele, isso é a essência do que o governo tem feito. O ministro da Fazenda disse que o país tem de entender o desafio que enfrenta. O momento é o fim do ciclo das commodities e suas consequências. E que, agora, as políticas anticíclicas estão esgotadas e o Tesouro Nacional está impossibilitado de continuar a emprestar para o BNDES (que foi o grande agente dessa política nos últimos anos). Levy frisou que é o momento para refletir sobre o gasto público. Disse que programas importantes como o Minha Casa Minha Vida e o financiamento estudantil forma ações importantes, mas têm um impacto fiscal pesado que tem de ser tratado e digerido. Ele lembrou que há alguns meses alerta sobre o desequilíbrio das contas públicas. — Não é enorme, mas é significativo e tem de ser enfrentado — concluiu. Ao reconhecer que o governo tem a necessidade cada vez maior de chamar o setor privado para investir nas concessões, o ministro da Fazenda disse que a equipe econômica tem de trabalhar para reduzir os riscos. E evitar “surpresas regulatórias”. — Não há milagre, a gente tem de reduzir o risco para a taxa de juros cair. O ministro defendeu as medidas de tomadas na reestruturação do seguro desemprego e pensões. Disse que além do cunho fiscal, há um cunho estrutural, pois elas ajudam a diminuir a rotatividade do trabalhador. Repetiu que as empresas não responderam bem aos estímulos dado com a desoneração da folha de pagamento. Argumentou que a benesse custa R$ 60 mil por ano para o governo manter um empregado que ganha cerca de R$ 20 mil por ano. E garantiu que essa política, adotada pelo ministro Guido Mantega, não funcionou.

Fonte: O Globo

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