Você é perfeccionista? Evite essas três armadilhas

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*Por Miriam Grobman

Meu papel principal como gerente de estratégia era desenvolver novas ideias e apresentá-las ao alto escalão da empresa. O dia a dia disso envolvia criação, validação e revisão de slides de power points. O produto final que entregava tinha muito pouco a ver com minha ideia original sobre um determinado assunto.

Infelizmente, nasci com pouco senso estético e a produção de slides sempre me deu muita ansiedade e angústia: ficou boa a aparência ou não? Vai ser aprovado ou vou ter que refazer? O resultado disso foi que, em vez de ficar aprimorando minhas ideias e análises, eu ficava obcecada por horas pensando em qual montagem visual teria a maior chance de provocar a admiração dos meus superiores. Muitas dessas apresentações nem eram usadas.

Certos ambientes de trabalho, estilos de liderança e estruturas hierárquicas estimulam as tendências perfeccionistas. Os colaboradores ficam presos no ciclo infinito de revisões para produzir a resposta perfeita que vai agradar o/a chefe em vez de buscar a melhor solução. A experiência de trabalhar em vários ambientes assim certamente melhorou a qualidade visual das minhas entregas, mas também me ensinou sobre o risco de perder o foco no objetivo final na tentativa de produção da perfeita entrega.

Para algumas pessoas, o motivo do perfeccionismo é interno. É um aspecto de personalidade caracterizado por uma “busca pela perfeição e definição de padrões extremamente altos de desempenho, acompanhado por avaliações ultracríticas do seu próprio comportamento.” Para uma perfeccionista trabalhando em ambiente muito competitivo e exigente cercado por outras perfeccionistas, a luta é diária e pode causar altos níveis de ansiedade e estresse. O perfeccionismo é também correlacionado com a síndrome de impostor — o medo que as pessoas vão descobrir que ele ou ela é uma fraude e não merece estar lá.

A psicóloga norte-americana, Paula Davis-Laack, explica que as pessoas perfeccionistas caem em armadilhas cognitivas — pensamentos limitantes — que podem afetar seu desempenho e eventualmente deixá-las em um estado de desgaste mental.

Se você é perfeccionista nato ou criado, não deixe esse comportamento virar uma barreira para seu desempenho. Evite as seguintes armadilhas cognitivas:

1. Pensamento de tudo ou nada (8 ou 80)

A tendência de categorizar tudo que não esteja absolutamente espetacular ou qualquer feedback negativo como um fracasso completo

Estratégia de Saída

Procure a área cinza. Seu projeto é realmente tão ruim e não pode ser apresentado do jeito que está ou tem também suas partes boas? Qual é a importância da entrega perfeita no determinado contexto? A regra de 80/20 pode ajudar priorizar o esforço e o cuidado, dependendo da criticidade da entrega. Reformule o feedback negativo como um insumo em vez de veredito (pense: “não está bom ainda. Como posso melhorar?” em vez de “eu não sou boa” ou “nunca vai ser adequado”).

2. Personalização

Atribuir fracasso exclusivamente a você mesmo

Estratégia de Saída

Avalie como as outras pessoas e as circunstâncias contribuíram ao resultado

3. Externalização

Sempre responsabilizar os outros quando algo dá errado, não assumir o seu papel e nunca adaptar sua abordagem

Estratégia de Saída

Avalie como você contribuiu para o resultado do projeto e o que você poderia fazer ou comunicar diferentemente da próxima vez

Às vezes é difícil se separar emocionalmente da situação sozinho. Neste caso, busque uma pessoa de confiança para solicitar feedback objetivo e te ajudar organizar o pensamento para sair dessas armadilhas.

*Miriam Grobman ajuda líderes de empresas de grande porte e startups a criar culturas mais eficazes e fortalecer suas lideranças femininas. Ela também desenvolve programas de liderança para mulheres de alto potencial. Miriam aplica dados para estimular novas formas de pensar e identificar vieses no ambiente de trabalho. Possui um MBA da escola de negócios Wharton e mestrado em estudos internacionais da Universidade da Pensilvânia, além de graduações em ciência da computação e economia da Universidade de Texas, em Austin. Antes de abrir sua consultoria, trabalhou em finanças e estratégia nos EUA, Brasil e Europa, atuando em setores diversos como mineração, tecnologia, cosméticos, e bancário.

Fonte Época Negócios
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