Como superar uma conversa difícil no trabalho

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Todo mundo já passou por isso: ter aquela “conversa difícil” com algum colega do trabalho, com o chefe ou mesmo um cliente. Além do nó no estômago e do “climão” que se segue à conversa, fica uma certa “ressaca” emocional – longe do alívio de que “o pior já passou”. Afinal, o ponto é saber lidar com a situação para que as coisas não fiquem “estranhas”.

A consultora em liderança Dolores Bernardo sugere três passos para reconstruir uma boa relação de trabalho em artigo na Harvard Business Review. Veja a seguir:

1° Passo
Jamais faça de conta que a conversa não aconteceu. Muitas vezes, a vontade de “esquecer” ou “ignorar” o que houve é tão grande que parece mais fácil fazer de conta. Tremendo erro, diz Dolores Bernardo. Especialista em fazer com que líderes de áreas diversas aprendam a trabalhar juntos, ela diz que ao ignorar o assunto, você pode passar por insensível. Ou falso.

Ela dá três conselhos para esse primeiro momento:
a) Seja proativo
b) Reconheça que a situação foi difícil
c) Concentre-se no que é positivo

Dolores cita o exemplo de um diretor de vendas com quem trabalhou. Richard vinha de uma empresa em que tinha brilhado, mas logo na primeira reunião com a nova equipe, todas as suas sugestões foram rejeitadas. Os líderes de outras áreas, com quem teria de colaborar, deixaram claro que sua estratégia não estava alinhada com a comunicação e imagem da empresa. Resultado: ele saiu da reunião com a moral baixa.

Por sugestão de Dolores Bernardo, ele escreveu um e-mail de agradecimento para os colegas presentes à reunião, o que mostrou que ele era proativo e estava comprometido com a nova empresa. No próprio e-mail, ele admitiu que a conversa tinha sido desafiadora e que se concentraria nos pontos positivos da discussão – os problemas identificados na estratégia – e agradeceu pela sinceridade de todos.

2° Passo
Em qualquer discussão difícil, mesmo quando a impressão é de ter “batido em um muro”, é importante encontrar maneiras de levar a conversa adiante. Ao demonstrar resiliência, você indica que está buscando soluções.

Para não deixar o assunto parado, é importante enviar um e-mail com um resumo do que foi discutido, concentrando-se no objetivo comum. Por que estamos fazendo isso? Onde queremos chegar? Essa comunicação funciona como uma minuta da reunião e permite que o assunto avance da maneira certa. É importante deixar claro quais foram os pontos de desavença, de maneira precisa e direta. Com isso, o ponto de conflito fica evidente e você poderá construir um caminho para o entendimento.

No caso de Richard, Dolores o aconselhou a criar uma estratégia com seus próximos passos: pesquisar o que havia sido bem sucedido em outra região e falar com os colegas nas áreas de Marketing, Experiência do Usuário e Desenvolvimento de Produto. Esse feedback permitiria criar uma estratégia mais alinhada com os valores de sua nova empresa. O resultado? Na reunião seguinte, Richard foi recebido calorosamente pelos colegas. “Ele sentiu que estava começando de novo, apresentou suas ideias e, ao final, conseguiu que todos concordassem com uma estratégia de vendas para a área”, conta Dolores.

3° Passo
É importante pensar que você está construindo uma relação de longo prazo – o que implica em conversar com muita gente. Se toda vez que se senta em uma sala de reunião, a conversa se torna difícil, é possível que os colegas comecem a te evitar – ou, pior, associem você a reuniões em que todo mundo sai com dor de cabeça. Ainda que esse seja o caso, é possível construir um relacionamento que não tenha esse aspecto negativo.

A consultora Dolores Bernardo recomenda uma prática chamada “conversa da aliança”, em que duas pessoas deixam de lado os assuntos sobre os quais não concordam e se concentram em criar uma relação de trabalho positiva. Para isso, basta responder a algumas perguntas:

– O que é uma parceria bem sucedida para você?
– Que objetivos são importantes para nós dois?
– Quais são as nossas divergências?
– O que é importante para cada um de nós que o outro talvez não esteja ciente?

Isso dá a cada parte a oportunidade de ser honesto sobre como prefere colaborar para que o projeto siga adiante.

Eventos em que é possível construir espírito de equipe, como um jantar casual após o horário de trabalho, um happy hour ou um churrasco na casa de alguém do grupo ajudam a lembrar que, no fundo, somos todos humanos. Também podem funcionar como um lembrete de que todos estão trabalhando para um objetivo comum: construir uma grande organização e realizar a missão da companhia. O conselho de Dolores Bernardo: “Enfatize o “nós” em suas conversas, usando frases como “Nós somos uma equipe só” ou “Todos nós queremos que esse projeto dê certo””. Ela cita ainda uma frase do general Stanley McChrystal, especialista em liderança: “Ser ótimo não é suficiente; temos que ser ótimo juntos”.

Construir relacionamentos positivos após uma conversa difícil não é simples, mas é possível e se torna ainda mais fácil com prática. O grande benefício é que ajudará a construir sua reputação como um profissional que busca soluções e quer colaborar – capacidades essenciais para qualquer grande líder.

Fonte Época Negócios
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