Inteligência artificial não acabará com empregos mais “humanos”, dizem especialistas

0 1.572

Nos últimos anos, o desenvolvimento da inteligência artificial e a capacidade das máquinas aprenderem a executar tarefas com mais qualidade no decorrer do tempo – o chamado machine learning – fez surgirem discussões sobre as mudanças que as máquinas trarão ao mercado de trabalho.

A influência da inteligência artificial e o futuro do emprego foram discutidos em painel realizado nesta quarta-feira (14/03) no South by Southwest (SXSW), evento de inovação, tecnologia e economia criativa realizado em Austin, nos Estados Unidos.

Os participantes da conversa foram Tess Posner, diretora executiva da AI4All, entidade sem fins lucrativos que trabalha para trazer mais diversidade no mercado de desenvolvedores de inteligência artificial, e Dan Restuccia, diretor da Burning Glass, empresa que usa big data para identificar mudanças no mercado de trabalho, trazidas, em sua maioria, pelo uso crescente de máquinas nas empresas.

De acordo com os dois, o objetivo de suas empresas é, sobretudo, garantir que a introdução de máquinas nas empresas não seja maléfica à sociedade. “Não queremos que o mundo se transforme em uma distopia”, diz Tess.

Para Restuccia, por mais que o uso maior de máquinas aumente a produtividade e diminua o número de erros em uma empresa, há capacidades dos seres humanos que nenhum robô consegue emular. “Inteligências artificiais conseguem tomar decisões simples, mas não têm a capacidade de discernimento de um ser humano. Áreas como o design e a gestão das finanças, por exemplo, são difíceis de automatizar”, afirma.

Os pesquisadores acreditam, no entanto, que por mais que haja profissões “mais difíceis de automatizar”, a sociedade precisa ser modificada em vários pontos para que não haja grandes problemas em um mundo dominado por robôs. Tess, inclusive, sugere que um programa de “renda básica universal”, igual ao proposto pelo político brasileiro Eduardo Suplicy, fosse implementado, para ajudar pessoas que perdessem o emprego a se colocar no mercado de trabalho.

Dessa forma, profissionais de funções mais operacionais e que provavelmente seriam extintas – como os motoristas, por exemplo, que se tornariam desnecessários com o surgimento de veículos autônomos – poderiam receber um auxílio enquanto buscassem outras carreiras.

Para Tess, uma mudança no sistema educacional também se faz necessária com a ascensão das máquinas. “Em vez de colocar os estudantes para aprender a fazer cálculos que são feitos por máquinas em décimos de segundos, os professores devem ensinar habilidades como o pensamento crítico e que o aprendizado deve continuar para sempre, não acabar após o recebimento dos diplomas do ensino médio e da faculdade”, afirma.

A diretora da AI4All diz, ainda, que sociólogos, filósofos e cientistas sociais terão um papel importante em um mercado de trabalho dominado pela inteligência artificial. “Profissionais com um profundo conhecimento comportamental seriam essenciais para criar um código de ética da inteligência artificial e determinar o que um robô poderia ou não fazer”, diz Tess.

A importância da diversidade

Tess também acredita que deve haver uma busca pela diversidade entre os profissionais que criam as inteligências artificiais. Para a executiva, eles devem ser de raças, classes sociais, gêneros e sexualidades diferentes. Segundo Posner, capacitar pessoas de diferentes origens faria com que os pesquisadores trabalhassem para resolver os problemas dos grupos em que estão incluídos. “Quanto mais diversas as equipes de desenvolvedores, menor a chance de preconceitos humanos serem repassados às máquinas.”

Fonte Época Negócios
Notícias Relacionadas
Deixe um comentário

Seu endereço de email não será publicado.