5 verdades inconvenientes do home office

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Por Marc Tawil , head da Tawil Comunicação, comentarista da Rádio Globo e LinkedIn Top Voices

O universo empreendedor é outro daquele que conheci em 1º de novembro de 2010, meu primeiro dia como empresa de Comunicação. E que bom. Diferentemente do início da década, quando abri minha “eugência” de conteúdo em casa, nos dias atuais, graças aos smartphones e à tecnologia, ficou fácil conquistar liberdade profissional, customizar a própria agenda, reduzir custos, propagandear o negócio e, essencial, ter qualidade de vida.

Por que, então, o planeta não se rendeu ao home office?

Simplesmente porque a conversa de que “quem trabalha de casa goza de maior independência, se alimenta saudavelmente, entrega melhor e tem tempo de sobra para aproveitar a vida” não se aplica a todo mundo.

Se por um lado, empreender de casa nos permite poupar o tempo perdido no caminho para o escritório, consultório ou fábrica, por outro, a rotina dos filhos, a ida ao médico, ao supermercado, as reuniões externas, e as várias interrupções necessárias e desnecessárias jogam por terra a mitificação que embala o escritório doméstico.

Em suma: home office pode ser ótimo, só não é para todos.

Minha experiência empreendendo de casa foi de um ano. Hoje, com uma atuação híbrida – na Tawil Comunicação ao longo do dia, pela manhã na Rádio Globo e de noite e aos fins de semana trabalhando em domicílio –, consigo identificar cinco verdades inconvenientes que ninguém te conta sobre fazer home office.

A elas:

1. A rotina caseira pode ser caótica

Acordar cedo, tomar o café da manhã em paz, iniciar o trabalho entre 9h, 10h ou 11h, almoçar feliz, voltar ao batente até às 18h e, com tudo isso, ter tempo para a família, o esporte, o lazer e possibilidades de ganho acima do mercado é o sonho dourado de 11 em cada 10 empreendedores. A realidade, contudo, se apresenta mais cruel – a começar pelas interrupções que empurram o trabalho noite adentro. Uma vez em casa, tarefas antes imperceptíveis incorporam-se à rotina. Deixar uma entrega simples para o dia seguinte, em troca de um compromisso pessoal, vira acúmulo de trabalho. E olha que, em 2010, éramos apenas a minha mulher e eu. Hoje somos em cinco, contando com nossas três startups (dois filhos e um vira-lata). Quanto a fazer dinheiro, bem, esses são outros 500. Ou 1500.

2. O descuido é uma realidade

Home office é sinônimo, em boa parte, de dias consecutivos de desleixo e da dupla Pijama & Chinelo. Portanto, relativize quando alguém lhe disser que “faz questão de vestir-se como em um dia qualquer no escritório, se pentear, se barbear e se perfumar” rumo ao quarto ou à sala de casa. Não existe mal nenhum em deixar-se levar pela preguiça, vez por outra. Vira problema quando o pijama vira a senha para a Netflix e as sonecas prolongadas na cama e no sofá se tornam o padrão.

3. A distância da rotina empresarial cobra seu preço

Trabalhar de casa, distante física a emocionalmente das mudanças que ocorrem dentro das organizações, te descola da realidade e das atualizações do mercado. São informações e comportamentos que, no médio prazo, impedem o desenvolvimento da sua capacidade de atuação. Se manter antenado é fundamental e você deve investir em cursos, palestras, workshops e visitas a empresas de ponta, preferencialmente. Do contrário, no médio prazo, você perece.

4. Networking virtual em excesso empobrece

Networking nunca foi sobre quantidade e sim sobre qualidade. Acreditar, portanto, que a virtualidade resolve tudo, significa implodir a sua própria obra. Trabalhar sua rede de relacionamentos, posicionamento e reputação como um empresário ou uma empresa de alto desempenho, não significa (mesmo) apostar em curtidas, compartilhamentos e tapas nas costas virtuais. Networking eficaz passa por convivência, encontros presenciais, cursos, voluntariado e o vital olho no olho. Sem isso, as oportunidades e os laços fortes com o mercado atenuam drasticamente.

5. Tempo livre não significa sucesso financeiro

Longe disso. Primeiro, porque empreender de casa exige um controle de gastos maior. Se o home office se mostra inicialmente uma opção econômica, sem custos com combustível, estacionamento, aluguel, condomínio, funcionários, Wi-Fi, energia elétrica e limpeza de uma sala comercial, por outro, manter uma Pessoa Jurídica em casa esbarra em quase todos esses pontos. Equipar um escritório de ponta custa caro, assim como o café com o prospect, o transporte, os materiais, os looks. As despesas “invisíveis” impactam o orçamento e diminuem o lucro, sobretudo no começo.

Se os seus planos no horizonte são remotos, considere opções como espaços flexíveis de trabalho, os coworkings, com seus tamanhos e propostas de valor distintos. E aposte no trio planejamento, testes e pesquisas: planejamento do tempo e das finanças; testes para entender a dinâmica do home office na sua rotina; e pesquisas sobre o tema, inclusive pedindo dicas junto a quem fez esse movimento com sucesso.

Fonte Época Negócios
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