O ano era 2003 e n\u00e3o faltavam pr\u00eamios, campanhas de sucesso ou “ag\u00eancias do ano” na carreira do alem\u00e3o Michael Conrad. Ap\u00f3s 34 anos como executivo do setor de publicidade, tendo passado pelos cargos de diretor criativo e CEO, Conrad decidiu se aposentar e largar o dia a dia das ag\u00eancias. Os dilemas dos publicit\u00e1rios, por\u00e9m, n\u00e3o ficaram para tr\u00e1s em sua vida. Conrad queria ajudar grandes profissionais criativos a se tornarem l\u00edderes capazes de lidar com a transforma\u00e7\u00e3o digital. Sem deixarem de ser, afinal, criativos. Ele chamou alguns executivos para sua nova miss\u00e3o, e fundou, em 2006, a Berlin School of Creative Leadership. “Em sua carreira como publicit\u00e1rio, Michael teve contato com pessoas consideradas extremamente criativas. Elas haviam chegado ao topo da hierarquia de empresas globais devido a \u00f3timos resultados, mas se viam desafiadas ao liderar uma grande organiza\u00e7\u00e3o”, diz Susann Schronen, CEO da escola.<\/p>\n
Ao custo de 55 mil euros, o MBA da Berlin School of Creative Leadership tem como objetivo ajudar esses executivos a criar pr\u00e1ticas criativas de lideran\u00e7a para responder a situa\u00e7\u00f5es \u201cdin\u00e2micas de ambientes complexos\u201d. Tamb\u00e9m h\u00e1 na escola cursos menores e sob demanda para empresas. \u201cNossa filosofia educacional acredita que aprender \u00e9 um processo cont\u00ednuo de intera\u00e7\u00e3o e que se adapta conforme o contexto”, diz Susann. A Berlin School atrai executivos do setor de publicidade, marketing e m\u00eddia e conversa diretamente com as ind\u00fastrias deste setor. Um de seus programas envolve o maior festival do mundo da publicidade: Cannes. Nele, a escola estimula os alunos a irem l\u00e1 para conversar com potenciais clientes, entender os desafios do setor em escala global e at\u00e9 a fazer neg\u00f3cios. Em 2018, a escola quer lan\u00e7ar o conceito de “Co-Teaching” \u2014 n\u00e3o confunda com coworking \u2014 e reunir l\u00edderes criativos com empreendedores e profissionais de tecnologia.<\/p>\n
A escola chegou oficialmente ao Brasil no in\u00edcio de 2017, quando foi inaugurado o primeiro hub fora de Berlim, por meio de uma parceria com a Ahoy! Berlin S\u00e3o Paulo, espa\u00e7o de coworking e inova\u00e7\u00e3o, onde as aulas s\u00e3o ministradas. Questionada sobre os altos custos de seus cursos, a escola afirma que est\u00e1 oferecendo desconto de 30% para os brasileiros, “frente ao cen\u00e1rio econ\u00f4mico desafiador” e “crescente apetite local”.<\/p>\n
Em entrevista, Susann Schronen, CEO da escola, e os diretores David Slocum (diretor acad\u00eamico) e Stuart Hardy (diretor de educa\u00e7\u00e3o executiva) comentam o m\u00e9todo da Berlin School de ensinar, os planos da escola para 2018 e o que consideram um l\u00edder criativo nos tempos de hoje. A entrevista faz parte do especial de educa\u00e7\u00e3o executiva que \u00c9poca NEG\u00d3CIOS leva \u00e0s bancas, Globo+ e app neste m\u00eas de fevereiro.<\/p>\n
Susan: Michael Conrad teve o privil\u00e9gio de conhecer durante sua carreira algumas das pessoas mais criativas do mundo. Muitas delas chegaram ao topo de empresas globais devido \u00e0 sua paix\u00e3o, energia, comprometimento e \u00f3timos resultados, mas se viram desafiadas ao liderar uma grande organiza\u00e7\u00e3o. A aspira\u00e7\u00e3o de Michael era ajudar esses “grandes criativos” a se tornarem “grandes l\u00edderes criativos”. H\u00e1 12 anos, quando a escola foi fundada, nosso foco era entregar um programa de gradua\u00e7\u00e3o. Hoje e nos pr\u00f3ximos anos, \u00e9 oferecer programas personalizados \u00e0s empresas. Cada programa \u00e9 desenhado para dar uma experi\u00eancia de aprendizado diferente com resultados que permeiam os desafios estruturais e operacionais de cada neg\u00f3cio espec\u00edfico. Tudo isso entendendo a complexidade na qual aquele neg\u00f3cio est\u00e1 inserido e seu ambiente de criatividade. Acreditamos que criatividade e lideran\u00e7a s\u00e3o a chave para qualquer empresa ter sucesso e ser inovadora.<\/p>\n
David: Uma lideran\u00e7a criativa de sucesso \u00e9 a que busca aprendizado criativo cont\u00ednuo. No cora\u00e7\u00e3o daquilo que fazemos como instituto de ensino, n\u00e3o queremos apenas oferecer um aprendizado aos alunos, mas estimul\u00e1-los a serem estudantes ativos pelo restante de suas vidas. E o que esses l\u00edderes criativos precisam aprender? Ao contr\u00e1rio dos l\u00edderes tradicionais, eles n\u00e3o podem se pautar pelo pensamento do “either\/or” [dualidade, com um lado certo e outro lado errado] e acreditar que isso traz consist\u00eancia, alinhamento e estabilidade para responder aos dilemas. Para lidar em um mundo complexo e incerto, os l\u00edderes precisam navegar justamente entre paradoxos: conflitos, tens\u00f5es, oposi\u00e7\u00f5es e polaridades. Eles precisam ter a experi\u00eancia e capacidade para sustentarem o pensamento “both\/and” [m\u00faltiplas perspectivas podem coexistir], o que gera frequentemente conflitos internos na empresa. Para estarem preparados, eles precisam desenvolver valores, novas mentalidades, conhecimentos, habilidades e formas de interagir socialmente.<\/p>\n
Susann: L\u00edderan\u00e7a empresarial criativa re\u00fane diversas abordagens e prioridades. Por esta raz\u00e3o, nossos programas t\u00eam m\u00faltiplas perspectivas que v\u00e3o variando para que os alunos possam testar suas ideias e transformar a sua forma de pensar, ver e estar no mundo. Nossa filosofia educacional acredita que o aprendizado, principalmente da lideran\u00e7a, \u00e9 um processo constante de intera\u00e7\u00e3o deles com os outros e com o mundo. Eles precisam aprender a explorar alternativas, tomar decis\u00f5es que permitam se adaptar e crescer sob condi\u00e7\u00f5es complexas. Fazemos isso por meio de palestras com especialistas da ind\u00fastria ou da academia. S\u00e3o pessoas que publicaram, em sua maioria, pesquisas ou livros recentes sobre os temas que falar\u00e3o. Examinamos tamb\u00e9m novos modelos de neg\u00f3cios e de opera\u00e7\u00e3o. Tamb\u00e9m temos estudo de caso sobre l\u00edderes, neg\u00f3cios e mercados.<\/p>\n
Stuart: Vivemos em um mundo em vers\u00e3o beta e, no entanto, a educa\u00e7\u00e3o executiva n\u00e3o mudou significativamente para acompanhar o universo de seus clientes. Do nosso lado, n\u00f3s fazemos uma pesquisa profunda sobre as novas pr\u00e1ticas e tend\u00eancias com rigor acad\u00eamico e perguntamos diretamente para nossos alunos se o conte\u00fado que est\u00e3o recebendo \u00e9 mesmo relevante e provocativo. E, quando falamos de lideran\u00e7a criativa, precisamos abra\u00e7ar t\u00f3picos importantes como tecnologia, diversidade e globaliza\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m mudar a forma de ensino.<\/p>\n
Stuart: A fim de abordar os principais questionamentos envolvendo o ROI (Retorno sobre Investimento) de aprendizado da educa\u00e7\u00e3o executiva, n\u00f3s vamos aumentar o trabalho que realizamos dentro das empresas em 2018. Vamos trabalhar com times corporativos e com executivos sombra para criar valor sem que as pessoas deixem o dia a dia do trabalho para passar por um treinamento. \u00c9 o que chamamos de “live learning” (aprendizado em tempo real). Al\u00e9m disso, temos o plano de lan\u00e7ar um programa que chamamos de “CoTeaching” (n\u00e3o confudir com coworking) provavelmente no segundo semestre deste ano. Com este conceito, queremos conectar as mentes mais brilhantes de tecnologia e empreendedorismo, que est\u00e3o \u00e1vidas por novas formas de aprendizado. Reconhecemos que n\u00e3o devemos apenas incentivar os outros a inovarem, mas a liderar pelo exemplo.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Diretores da escola Berlin School of Creative Leadership discutem novas formas de preparar os executivos para os desafios da transforma\u00e7\u00e3o digital<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":39248,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"content-type":""},"categories":[101],"tags":[345,2747],"yoast_head":"\n