Para o economista Jos\u00e9 Roberto Mendon\u00e7a de Barros, s\u00f3cio da consultoria MB Associados, o avan\u00e7o de 0,1% no PIB do terceiro trimestre, divulgado nesta semana pelo IBGE, pode parecer pouco, mas demonstra, sim, uma recupera\u00e7\u00e3o consolidada. Ele ressalta, no entanto, que a popula\u00e7\u00e3o ainda vai demorar para perceber essa melhora, como indicou, ontem, uma pesquisa do Ibope.<\/p>\n
O levantamento mostra que somente 21% dos brasileiros estavam otimistas com a economia no ano que vem. A seguir, os principais trechos da entrevista. O avan\u00e7o de apenas 0,1% do PIB no terceiro trimestre \u00e9 um sinal de crescimento ou de estagna\u00e7\u00e3o?<\/p>\n
Sem d\u00favida \u00e9 um crescimento. Basta olharmos com cuidado o que diz o IBGE. Ainda que fosse esperado um crescimento maior, de 0,3%, do PIB no terceiro trimestre, basta olhar as revis\u00f5es dos an\u00fancios anteriores para perceber que o crescimento de 0,1% \u00e9 significativo e sinaliza uma continuidade da melhora da economia.<\/p>\n
N\u00e3o \u00e9 um crescimento baixo?<\/strong><\/p>\n Foram feitas revis\u00f5es que mostraram resultados melhores nos dados do primeiro e do segundo trimestres. \u00c9 sobre essa nova base que chegamos a esse resultado de 0,1%. Ele parece pouco, mas n\u00e3o \u00e9.<\/p>\n Se pegarmos o terceiro trimestre em compara\u00e7\u00e3o ao mesmo per\u00edodo do ano passado, o avan\u00e7o foi de 1,4%. Esse dado de ontem nos deixou mais otimistas na previs\u00e3o para este ano. Agora, prevemos que o crescimento em 2017 vai ser de 1%.<\/p>\n Por que, ent\u00e3o, a popula\u00e7\u00e3o parece mais pessimista com a economia para o ano que vem?<\/strong><\/p>\n Essa pesquisa do Ibope, em que s\u00f3 21% dos brasileiros diziam estar otimistas com a economia, me impressionou. Mas a verdade \u00e9 que a maior parte das pessoas demora a perceber a retomada do crescimento.<\/p>\n A percep\u00e7\u00e3o de que as coisas est\u00e3o melhorando tem um delay (atraso). Isso acontece com o PIB, que \u00e9 um conceito mais abstrato, mas com outros indicadores tamb\u00e9m.<\/p>\n Basta pensarmos na queda da infla\u00e7\u00e3o. Se olharmos o comportamento dos pre\u00e7os dos alimentos, j\u00e1 era vis\u00edvel em fevereiro que eles estavam caindo, mas as pesquisas mostram que s\u00f3 em agosto a popula\u00e7\u00e3o come\u00e7ou a perceber esse movimento dos pre\u00e7os.<\/p>\n A queda precisava ocorrer por um per\u00edodo mais longo para que as pessoas acreditassem nela. Se voc\u00ea conversar com um empregado da constru\u00e7\u00e3o civil, setor cuja recupera\u00e7\u00e3o patina, ele dir\u00e1 que tudo vai mal.<\/p>\n Muitos economistas dizem que o Brasil est\u00e1 se recuperando dessa crise em ritmo e intensidade muito lentos. O sr. concorda?<\/strong><\/p>\n A recupera\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 lenta. Os economistas que pensam assim argumentam que o Brasil saiu de recess\u00f5es anteriores mais rapidamente e com um crescimento na casa dos 4% no ano seguinte, mas as quedas anteriores nem se comparam com a crise que enfrentamos agora. \u00c9 preciso ter isso em mente. Em 1999, logo sa\u00edmos da crise, mas v\u00ednhamos de duas “quedinhas” trimestrais. Agora, estamos vindo de 11 trimestres de queda.<\/p>\n Relativamente, a recupera\u00e7\u00e3o que estamos vivendo agora \u00e9 robusta – e o resultado do quarto trimestre n\u00e3o vai ser diferente. O fim de ano ser\u00e1 bom, o Natal deste ano vai ser melhor.<\/p>\n Para o ano que vem, qual \u00e9 a previs\u00e3o de crescimento?<\/strong><\/p>\n Os \u00faltimos trimestres j\u00e1 permitem que a gente seja mais otimista para 2018 tamb\u00e9m. O ano que vem j\u00e1 est\u00e1 dado e ser\u00e1 de crescimento mais parrudo. Nossa estimativa \u00e9 que o Brasil deve crescer acima de 3%, entre 3,1% e 3,5%. A indefini\u00e7\u00e3o sobre quest\u00f5es importantes, como a reforma da Previd\u00eancia, pode sufocar o respiro dos investimentos, comemorado no terceiro trimestre?<\/p>\n Eu acho que as reformas por fazer n\u00e3o devem reverter investimentos. Elas revertem expectativas. Parte dos investimentos previstos para o ano que vem j\u00e1 est\u00e1 dada pelas decis\u00f5es que os agentes est\u00e3o tomando agora, parte \u00e9 c\u00edclica. Os aportes no setor de petr\u00f3leo v\u00e3o acontecer de qualquer modo. Em energia tamb\u00e9m. A quest\u00e3o do ajuste fiscal compromete a sustentabilidade do governo, mas o efeito disso s\u00f3 deve vir em 2019 e 2020.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A previs\u00e3o \u00e9 do economista Jos\u00e9 Roberto Mendon\u00e7a de Barros, da consultoria MB, para quem a maior parte da popula\u00e7\u00e3o demora a perceber a retomada<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":60733,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"content-type":""},"categories":[96],"tags":[26797,18687],"yoast_head":"\n