At\u00e9 2021, 40% das empresas que s\u00e3o atualmente l\u00edderes de mercado ter\u00e3o desaparecido. E a raz\u00e3o disso \u00e9 o que os gurus da administra\u00e7\u00e3o chamam de “destrui\u00e7\u00e3o criativa”. Quem corrobora tal previs\u00e3o \u00e9 Lu\u00eds Rasquilha, CEO da Inova Consulting. Essas companhias n\u00e3o ser\u00e3o engolidas pelas concorrentes diretas, muito longe disso.<\/p>\n
Ser\u00e3o deixadas para tr\u00e1s por empresa novas, que provavelmente nem existem ainda, mas que aparecer\u00e3o perfeitamente inseridas \u00e0 realidade do mercado. J\u00e1 estamos experimentando o in\u00edcio dessa transi\u00e7\u00e3o. Basta lembrar da gigantesca Kodak, que sucumbiu na era digital. Ou da decadente Nokia, que demorou a perceber que os aplicativos seriam o esp\u00edrito dos smartphones, algo que ficou evidente ainda em 2007, quando a Apple surgiu com o iPhone.<\/p>\n
\u201cOu as empresas mudam e se adaptam a esse novo mercado, ou vir\u00e1 outra mais relevante e a engolir\u00e1. N\u00e3o d\u00e1 para fazer as coisas como sempre foram feitas\u201d, disse Raquilha durante o 18\u00ba Congresso da Federa\u00e7\u00e3o das Associa\u00e7\u00f5es Comerciais do Estado de S\u00e3o Paulo (Facesp).<\/p>\n
Veja, por exemplo, o caso da Tesla, uma companhia que tem revolucionado o mercado automobil\u00edstico em pouqu\u00edssimo tempo. Uma empresa que s\u00f3 produz carros el\u00e9tricos, monta apenas tr\u00eas modelos e vale mais do que um dos \u00edcones de nossa economia moderna. Se isso n\u00e3o \u00e9 disruptivo, eu n\u00e3o sei o que \u00e9\u201d, disse Eduardo Terra, outro palestrante presente ao congresso, que preside a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).<\/p>\n
Mas que nova realidade \u00e9 essa que chega tal qual um rolo compressor, esmagando quem est\u00e1 pela frente? \u00c9 a realidade de um mundo conectado, de informa\u00e7\u00f5es instant\u00e2neas, de pessoas que produzem e recebem conte\u00fado de maneira ininterrupta. O consumidor que floresceu nessa nova era tem livre arb\u00edtrio, deixou de ser fiel. \u00c9 o consumidor que dita o que deseja, n\u00e3o s\u00e3o mais as empresas que dizem o que eles devem consumir. Em cidades da Alemanha o poder municipal decidiu instalar sem\u00e1foros no ch\u00e3o.<\/p>\n
N\u00e3o adiantavam campanhas pedindo aos pedestres para n\u00e3o atravessar a rua olhando para o celular. O jeito foi se adequar aos novos h\u00e1bitos. \u201cAs empresas precisam entender o comportamento desse novo consumidor e oferecer exatamente aquilo que eles querem comprar. As empresas precisam se adaptar \u00e0s pessoas, mas isso s\u00f3 vai acontecer se comprarem a ideia de que o mundo mudou\u201d, disse Rasquilha.<\/p>\n
Poucas companhias est\u00e3o conectadas \u00e0s novas necessidades dos consumidores. Segundo o CEO da Inova Consulting, 80% dos novos produtos colocados no mercado mundial n\u00e3o emplacam. Para ele, os empres\u00e1rios precisam se perguntar o quanto seus produtos est\u00e3o sendo relevantes para aqueles que pretendem atender. \u201cS\u00e3o poucas as empresas no mundo que sabem dizer se realmente s\u00e3o relevantes, que t\u00eam a certeza de que oferecem algo diferente para o mercado. A realidade \u00e9 que a maioria vende mais do mesmo\u201d, afirmou o CEO.<\/p>\n
Os empres\u00e1rios precisam sair da zona de conforto. Algo perfeitamente poss\u00edvel. A Godrej, empresa indiana que fabrica geladeiras, nunca conseguiu fazer suas vendas deslancharem. Seus donos ent\u00e3o decidiram ir \u00e0s ruas para entender o que acontecia e se depararam com quest\u00f5es culturais. Grande parte da popula\u00e7\u00e3o indiana n\u00e3o estoca comida. Uma outra fatia, nem acesso \u00e0 energia tem.<\/p>\n
Com essa informa\u00e7\u00e3o, a Godrej lan\u00e7ou a chotukool, uma geladeira compacta \u00e0 bateria. Algo inusitado, que foi de encontro com as necessidades daquele p\u00fablico, e que ajudou as vendas a triplicarem. Bastou entender o que as pessoas queriam. Claro que nem sempre isso \u00e9 t\u00e3o \u00f3bvio. Por isso, segundo Rasquilha, as empresas precisam investir em pessoas com pensamento cr\u00edtico, que desafiem o \u00f3bvio. Pessoas que identifiquem oportunidades vi\u00e1veis e tomem decis\u00f5es. \u201cEmpresas e profissionais inflex\u00edveis \u00e0s mudan\u00e7as n\u00e3o ter\u00e3o espa\u00e7o nesse novo mercado\u201d, disse.<\/p>\n
A maneira mais garantida de entrar nesse mercado \u00e9 por meio da inova\u00e7\u00e3o, garante Rasquilha. Inova\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 uma ferramenta tecnol\u00f3gica \u2013 tecnologia \u00e9 commoditie, o que se faz com ela \u00e9 o que vai fazer a diferen\u00e7a. Ou seja, inova\u00e7\u00e3o \u00e9 uma forma de pensar. \u201cInovar pressup\u00f5e transformar ideias em coisas, em produtos. Para isso \u00e9 preciso processo, recursos e f\u00f3rmula de rentabilidade, porque temos de sobreviver\u201d.<\/p>\n
O que se percebe hoje \u00e9 que a inova\u00e7\u00e3o se divide em vertentes, sendo a disruptiva a mais promissora. Esta pressup\u00f5e oferecer ao mercado algo a que ele nunca teve contato. Mas apenas 10% dos produtos e servi\u00e7os oferecidos se encaixam nessa categoria, o restante \u00e9 aperfei\u00e7oamento de produtos e servi\u00e7os conhecidos.<\/p>\n
Em 10 anos ou 20 anos, prev\u00ea Rasquilha, ningu\u00e9m mais saber\u00e1 o que \u00e9 cart\u00e3o de cr\u00e9dito ou boleto. Bancos e companhias de seguro j\u00e1 est\u00e3o trocando trabalhadores por rob\u00f4s, que s\u00e3o mais \u00e1geis, trabalham 24 horas. “A pr\u00f3xima grande transforma\u00e7\u00e3o ser\u00e1 a forma como pagamos\u201d, afirma o consultor Eduardo Terra. Em sua vis\u00e3o, o celular \u00e9 hoje praticamente um instrumento de cidadania, sem o qual n\u00e3o ser\u00e1 poss\u00edvel consumir.<\/p>\n
Citou como exemplo o Grupo P\u00e3o de A\u00e7\u00facar, que lan\u00e7ou neste ano o aplicativo Meu Desconto, por meio do qual os clientes da rede varejista recebem em seus celulares descontos exclusivos de acordo com seus h\u00e1bitos de consumo. Quem adquire muita cerveja recebe mais e melhores descontos sobre produtos do tipo, assim como quem \u00e9 vegetariano \u00e9 notificado sobre promo\u00e7\u00f5es referentes a seu modo de vida. \u201cCada vez mais o relacionamento do com\u00e9rcio ser\u00e1 via smartphones por meio de aplicativos.\u201d<\/p>\n
De acordo com levantamentos do Google, 42% dos consumidores j\u00e1 usam celulares dentro das lojas para pesquisar pre\u00e7os e informa\u00e7\u00f5es. Terra afirmou, por\u00e9m, que o fato de o consumidor ser mais digitalizado n\u00e3o significa que esteja mais sofisticado: \u00e9 somente uma nova forma de comprar.<\/p>\n
\u201cPara este novo consumidor n\u00e3o existem canais, existem marcas\u201d. Em outras palavras, \u00e9 um consumidor que n\u00e3o entende limita\u00e7\u00f5es entre os online e offline. Na fronteira das pesquisas, cientistas est\u00e3o conectando c\u00e9rebros \u00e0 internet. H\u00e1 softwares em opera\u00e7\u00e3o que realizam 7 mil entrevistas de emprego por hora. Empresas j\u00e1 est\u00e3o implantando chips para rastrear funcion\u00e1rios e permitir que entrem em locais restritos.<\/p>\n
O Big Data est\u00e1 a\u00ed, as impressoras 3D fazem o futuro surgir na frente dos nossos olhos, criando de pe\u00e7as de roupas at\u00e9 \u00f3rg\u00e3os artificiais. E a sua empresa, est\u00e1 apta a entrar nessa nova realidade? \u201cQuem n\u00e3o se adaptar, n\u00e3o chegar\u00e1 a 2020.\u201d<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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