A perman\u00eancia de um quadro de chuvas fracas e reservat\u00f3rios baixos est\u00e1 preocupando o governo e j\u00e1 provoca reavalia\u00e7\u00e3o da metodologia de acionamento das bandeiras tarif\u00e1rias, que aumenta o pre\u00e7o cobrado pela energia no momento em que as usinas termoel\u00e9tricas s\u00e3o ativadas.<\/p>\n
A Ag\u00eancia Nacional de Energia El\u00e9trica (Aneel) deve discutir o assunto em reuni\u00e3o marcada para esta ter\u00e7a-feira, 24. Uma das op\u00e7\u00f5es na mesa \u00e9 a revis\u00e3o no processo, acarretando em aumento no pre\u00e7o da conta para o consumidor final.<\/p>\n
O diretor geral da Aneel, Romeu Rufino, admite que deve abrir uma audi\u00eancia p\u00fablica para reavaliar o instrumento da bandeira tarif\u00e1ria.<\/p>\n
Atualmente, a metodologia considera o valor do Custo Marginal de Opera\u00e7\u00e3o (CMO) para o pr\u00f3ximo m\u00eas, mas o executivo considera que esse valor \u00e9 muito vol\u00e1til e defende que tamb\u00e9m seja considerado o n\u00edvel de armazenamento. \u201c\u00c9 o que mais importa, olhando para o futuro, qual \u00e9 de fato a condi\u00e7\u00e3o de atendimento da carga.\u201d<\/p>\n
Segundo Rufino, isso poderia evitar uma bandeira verde como a observada em meados do ano, quando j\u00e1 se esperava uma hidrologia desfavor\u00e1vel durante o per\u00edodo seco e um forte consumo dos reservat\u00f3rios. A nova metodologia, disse ele, deve entrar em vigor no ano que vem.<\/p>\n
A Aneel afirma que a receita proveniente das cobran\u00e7as adicionais de bandeiras tarif\u00e1rias n\u00e3o ser\u00e3o suficientes para cobrir os custos extraordin\u00e1rios com o risco hidrol\u00f3gicoe a gera\u00e7\u00e3o termel\u00e9trica que se observa neste ano, o que tende a influenciar os reajustes tarif\u00e1rios do pr\u00f3ximo ano.<\/p>\n
Somente entre janeiro e agosto de 2017, o risco hidrol\u00f3gico j\u00e1 custou R$ 7,6 bilh\u00f5es, segundo levantamento feito pela TR Solu\u00e7\u00f5es, com base em n\u00fameros divulgados pela Aneel, e a tend\u00eancia \u00e9 de um crescimento expressivo nos meses sucessivos, tendo em vista a piora do cen\u00e1rio h\u00eddrico e a consequente eleva\u00e7\u00e3o dos pre\u00e7os da energia no curto prazo.<\/p>\n
Por outro lado, a arrecada\u00e7\u00e3o com as bandeiras tarif\u00e1rias n\u00e3o deve alcan\u00e7ar, em todo ano de 2017, sequer o custo com esse risco hidrol\u00f3gico. Nos oito primeiros meses, segundo a C\u00e2mara de Comercializa\u00e7\u00e3o de Energia El\u00e9trica (CCEE), a arrecada\u00e7\u00e3o com as bandeiras somou R$ 1,78 bilh\u00e3o.<\/p>\n
\u201cNem mesmo o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 at\u00e9 o fim do ano seria suficiente para cobrir todo o custo\u201d, afirma o gerente Comercial e de Novos Neg\u00f3cios da TR, Helder Sousa.<\/p>\n
Pelos c\u00e1lculos da TR Solu\u00e7\u00f5es, o montante obtido com as cobran\u00e7as extras na tarifa somaria cerca de R$ 7,5 bilh\u00f5es se fosse acionada a bandeira vermelha patamar 2 entre agosto e dezembro. Mas em agosto, a bandeira foi vermelha no patamar 1, e em setembro a bandeira foi amarela.<\/p>\n
No segundo n\u00edvel de acionamento da bandeira vermelha, os consumidores pagam R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. No n\u00edvel 1, a cobran\u00e7a extra \u00e9 de R$ 3,00 a cada 100 KWh e a bandeira amarela, que vigorou em setembro, por exemplo, adiciona R$ 2,00 a cada 100 KWh.<\/p>\n
Quando a receita com as bandeiras tarif\u00e1rias n\u00e3o \u00e9 suficiente para cobrir os custos, as distribuidoras arcam com compromisso e, no momento do reajuste, o saldo dessa conta entra no c\u00e1lculo da tarifa, resultando em aumento de conta de luz para o usu\u00e1rio.<\/p>\n
Para o ano que vem, a matem\u00e1tica aponta para um forte movimento de alta nos pre\u00e7os da tarifa. Somente a Light, distribuidora carioca, um exerc\u00edcio feito pela TR Solu\u00e7\u00f5es mostrou tem balan\u00e7o desfavor\u00e1vel de R$ 455,9 milh\u00f5es.<\/p>\n
Com isso, se ocorresse um reajuste tarif\u00e1rio em setembro, o passivo, descontados os valores j\u00e1 adiantados na tarifa (de R$ 389,59 milh\u00f5es at\u00e9 agora), se refletiria em um impacto tarif\u00e1rio de 1,84%.<\/p>\n
A consultoria fez o mesmo exerc\u00edcio para outras importantes distribuidoras do Pa\u00eds e identificou um impacto tarif\u00e1rio hipot\u00e9tico de at\u00e9 3,06%, no caso da Copel, ou de 2,75% para Eletropaulo e de 1,88% para a Cemig, considerando que as distribuidoras teriam reajuste em setembro.<\/p>\n
Vale salientar, no entanto, que como os aumentos nas tarifas s\u00e3o determinados em per\u00edodos distintos, esses n\u00fameros n\u00e3o servem de refer\u00eancia para um aumento futuro.<\/p>\n
A perman\u00eancia de um quadro de fracas chuvas at\u00e9 esta semana, como as observadas at\u00e9 agora em outubro, deve levar o Pa\u00eds a enfrentar mais uma vez a bandeira vermelha patamar dois, que adiciona R$ 3,50 \u00e0 conta de luz a cada 100 quilowatt-hora (KWh) consumidos.<\/p>\n
\u201cA continuar com o mesmo desenho que temos at\u00e9 agora, aponta para a manuten\u00e7\u00e3o da bandeira vermelha patamar dois\u201d, disseRomeu Rufino, na semana passada, para jornalistas.<\/p>\n
Ele comentou que o cen\u00e1rio hidrol\u00f3gico do Pa\u00eds permanece desfavor\u00e1vel e em outubro se observou o atraso do in\u00edcio do per\u00edodo \u00famido nas regi\u00f5es Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, com o registro de chuvas abaixo da m\u00e9dia hist\u00f3rica, o que n\u00e3o permitiu qualquer melhora nas condi\u00e7\u00f5es de armazenamento dos reservat\u00f3rios. \u201cA expectativa \u00e9 que novembro possa finalmente o per\u00edodo \u00famido entrar na normalidade\u201d, disse.<\/p>\n
Ainda assim, ele salientou que como os pre\u00e7os que determinam o acionamento das bandeiras \u00e9 vol\u00e1til, se houver um volume de chuva importante nos pr\u00f3ximos dias, o modelo considera essa precipita\u00e7\u00e3o e reproduz para frente, ainda que o cen\u00e1rio n\u00e3o seja verdadeiro, o que pode influenciar na defini\u00e7\u00e3o da bandeira de novembro.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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