N\u00e3o \u00e9 exagero dizer que a pandemia do coronav\u00edrus fez com que a digitaliza\u00e7\u00e3o das empresas avan\u00e7asse cinco anos em cinco meses. O isolamento social e o fechamento da maioria das lojas f\u00edsicas fizeram com que atacadistas e varejistas precisassem buscar novos caminhos para alcan\u00e7ar os consumidores. E esse \u00e9 um caminho sem volta.<\/p>\n
N\u00e3o se trata de um fen\u00f4meno exclusivamente brasileiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, o e-commerce vinha ganhando, a cada ano, cerca de um ponto percentual de participa\u00e7\u00e3o nas vendas do varejo. Em mar\u00e7o e abril, ganhou dez pontos. O consumidor vai voltar \u00e0s lojas f\u00edsicas com o fim da pandemia, mas seu comportamento de compra n\u00e3o voltar\u00e1 ao que era antes.<\/p>\n
Para o atacado, essa \u00e9 uma grande oportunidade. Tanto empresas que atuam somente no B2B quanto as que t\u00eam uma opera\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m voltada ao consumidor final podem se beneficiar da digitaliza\u00e7\u00e3o dos neg\u00f3cios para conquistar mais clientes, aumentar as vendas e ocupar novos espa\u00e7os no mercado.<\/p>\n
Esse \u00e9 um caminho que tem in\u00edcio, mas n\u00e3o tem fim, e que n\u00e3o come\u00e7a na tecnologia. A jornada de transforma\u00e7\u00e3o digital do atacado depende muito mais de uma mudan\u00e7a cultural: uma cultura em que os dados dos clientes s\u00e3o o principal recurso que baseia as a\u00e7\u00f5es. Na sede do Google, no Vale do Sil\u00edcio, h\u00e1 uma placa com uma frase que, para mim, resume essa nova cultura: \u201cdados sempre ganham de opini\u00f5es\u201d. Empresas que fazem a transforma\u00e7\u00e3o digital s\u00e3o empresas que se baseiam em informa\u00e7\u00f5es s\u00f3lidas e n\u00e3o no feeling<\/em>.<\/p>\n Veja que isso provoca uma mudan\u00e7a de atitude de toda a empresa. A negocia\u00e7\u00e3o com fornecedores, por exemplo, passa a ser feita com base nos dados reais de venda. Em um atacadista digitalizado, as decis\u00f5es de neg\u00f3cios s\u00e3o tomadas a partir do que os clientes demandam, e n\u00e3o daquilo que a ind\u00fastria quer vender.<\/p>\n O lado positivo dessa mudan\u00e7a \u00e9 que, como toda decis\u00e3o \u00e9 tomada com base naquilo que importa para os clientes, sua empresa estar\u00e1 sempre muito pr\u00f3xima do seu p\u00fablico. Com isso, estar\u00e1 muito mais preparada para responder a qualquer mudan\u00e7a de comportamento, ser\u00e1 mais relevante e conseguir\u00e1 atrair, reter e fidelizar mais clientes.<\/p>\n E foi-se o tempo em que digitalizar os neg\u00f3cios dependia de planos s\u00f3lidos e grandes investimentos. Qualquer empresa pode dar in\u00edcio \u00e0 transforma\u00e7\u00e3o digital dos seus neg\u00f3cios, desde que tenha uma cultura de testar, aprender e melhorar sempre. Em vez de planejar por muito tempo para colocar no mercado uma ideia, \u00e9 melhor come\u00e7ar simples, perguntar para os clientes como melhorar, e ent\u00e3o aperfei\u00e7oar. A crise do Covid-19 deixou muito claro que \u00e9 melhor colocar no ar uma solu\u00e7\u00e3o que resolva um problema, e depois melhorar, do que gastar muito tempo elaborando uma ideia. Nos dias de hoje, feito \u00e9 melhor que perfeito.<\/p>\n \u00c9 preciso testar, experimentar. Isso vale tamb\u00e9m para novos canais de atendimento ao cliente. Por meio dos marketplaces<\/em>, o atacadista pode colocar seus produtos \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o de novos p\u00fablicos, at\u00e9 mesmo experimentando novas categorias e estrat\u00e9gias comerciais. O desenvolvimento de um e-commerce pr\u00f3prio e de canais de venda por redes sociais e WhatsApp tamb\u00e9m s\u00e3o caminhos importantes, desde que entreguem solu\u00e7\u00f5es para os clientes. O caminho dos Marketplaces \u00e9 sem d\u00favida complexo, envolve discuss\u00f5es e muitas reflex\u00f5es estrat\u00e9gicas para os atacadistas e distribuidores ter\u00e3o que testar caminhos e alternativas nesta dire\u00e7\u00e3o.<\/p>\n A digitaliza\u00e7\u00e3o do atacado brasileiro vem se acelerando nos \u00faltimos meses. A resist\u00eancia ao desenvolvimento de projetos caiu, porque o Covid-19 afastou os clientes e colocou novas barreiras \u00e0 intera\u00e7\u00e3o pessoal. Empresas mais \u00e1geis t\u00eam sido capazes de reinventar seu neg\u00f3cio a partir do entendimento de que seu ativo mais importante \u00e9 o relacionamento com o cliente. Somente entendendo o que o seu cliente precisa e como ele se comporta \u00e9 que ser\u00e1 poss\u00edvel criar solu\u00e7\u00f5es para resolver os problemas dele.<\/p>\n Em alguns momentos, o cliente ir\u00e1 aguardar um representante. Em outros, usar\u00e1 o WhatsApp para fazer o pedido, comprar\u00e1 no e-commerce ou far\u00e1 uma reposi\u00e7\u00e3o autom\u00e1tica de alguns itens. Para aproveitar todas essas oportunidades, por\u00e9m, voc\u00ea precisa come\u00e7ar j\u00e1. Estimule a inova\u00e7\u00e3o e a digitaliza\u00e7\u00e3o dos seus neg\u00f3cios para continuar a ser relevante no mercado.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Em artigo exclusivo para o NEWTRADE, Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, conta como a pandemia mudou o comportamento do consumidor e acelerou a transforma\u00e7\u00e3o digital do setor<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":1008139,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"content-type":""},"categories":[103],"tags":[116,792,63946,1327,10329,60227,16981],"yoast_head":"\nFeito \u00e9 melhor que perfeito<\/h5>\n
*Eduardo Terra \u00e9 presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC, palestrante internacional de varejo e transforma\u00e7\u00e3o digital e s\u00f3cio da BTR Educa\u00e7\u00e3o e Consultoria<\/em><\/h6>\n