O brasileiro j\u00e1 alcan\u00e7ou certa maturidade para realizar compras pela internet. O recorde de vendas registrado na \u00faltima edi\u00e7\u00e3o da Black Friday, R$ 3,2 bilh\u00f5es entre quinta e sexta-feira, um aumento de 23,6% em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 data de 2018, ilustra bem esse movimento, de acordo com os dados da Ebit\/Nielsen.<\/p>\n
Cada vez mais as altas desse mercado s\u00e3o puxadas por diferentes segmentos, como, por exemplo, o de cosm\u00e9ticos e vestu\u00e1rio, indo al\u00e9m dos eletroeletr\u00f4nicos, que inicialmente, sustentavam esses n\u00fameros de forma majorit\u00e1ria. Entretanto, ainda h\u00e1 um segmento que resiste nesse cen\u00e1rio: o de supermercados. Uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2019 pela Associa\u00e7\u00e3o Paulista de Supermercados (Apas) e o Ibope mostra que apenas 15% dos brasileiros declaram j\u00e1 ter comprado produtos de supermercado pela internet.<\/p>\n
Mas, n\u00e3o se trata de uma dificuldade isolada do consumidor. Poucos lojistas sabem trabalhar bem a categoria na internet e isso tamb\u00e9m n\u00e3o se restringe ao mercado brasileiro. Muitas pesquisas confirmam que o crescimento das vendas online se deve, entre outras raz\u00f5es, a experi\u00eancias positivas, sobretudo com pagamentos, prazo de entrega e sistema de devolu\u00e7\u00e3o. Parte disso consegue ser bem executado pela maioria das varejistas do ramo, entretanto, ainda falta habilidade para solucionar algumas barreiras impostas especialmente pelos produtos mais frescos, como carnes, frutas, verduras e legumes.<\/p>\n
Lidar com a expectativa do consumidor com produtos que n\u00e3o s\u00e3o padronizados demanda uma s\u00e9rie de mecanismos para o cliente saber exatamente como o produto vai chegar a sua casa. A opera\u00e7\u00e3o log\u00edstica desses produtos perec\u00edveis tamb\u00e9m costuma ser complexa e cara, levando a fretes mais altos e restringindo um mercado em potencial. Muitas dessas entregas requerem ve\u00edculos com sistema de refrigera\u00e7\u00e3o e agilidade na rela\u00e7\u00e3o entre fornecedor, loja e consumidor, para garantir o frescor dos alimentos.<\/p>\n
Por outro lado, o delivery de comida e de alimentos espec\u00edficos, como os org\u00e2nicos, est\u00e1 sendo levado a s\u00e9rio por muitas startups, atraindo investimentos de grandes varejistas e maior atua\u00e7\u00e3o neste segmento. No \u00faltimo ano, o Grupo Casino, ao divulgar os resultados do terceiro trimestre, indicou que na Fran\u00e7a o e-commerce de alimentos cresceu 16,3% pelo fortalecimento da parceria com a Amazon. J\u00e1 as vendas no Brasil cresceram 10,3% em base org\u00e2nica, enquanto o e-commerce do Grupo apresentou crescimento de 30%.<\/p>\n
Vale lembrar que em 2019 a aquisi\u00e7\u00e3o da startup James Delivery tornou as compras online do P\u00e3o de A\u00e7\u00facar mais pr\u00e1ticas e r\u00e1pidas. A nova plataforma de entregas j\u00e1 funciona em diferentes estados do Pa\u00eds.<\/p>\n
O levantamento mais recente da Kantar sobre o assunto indica que apesar do crescimento do com\u00e9rcio eletr\u00f4nico no Brasil, muitos consumidores ainda n\u00e3o se sentem confort\u00e1veis em fazer as compras do supermercado on-line.<\/p>\n
Metade dos e-shoppers brasileiros nunca usou o carrinho virtual para abastecer a geladeira e a dispensa, segundo o eCommerce ON, estudo da Kantar. E 7% das pessoas que j\u00e1 fizeram afirmam que n\u00e3o fariam novamente por algum tipo de insatisfa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Mesmo com essas preocupa\u00e7\u00f5es, 30% dos e-shoppers brasileiros que nunca fizeram suas compras de supermercado online est\u00e3o abertos para come\u00e7ar a faz\u00ea-lo. O estudo tamb\u00e9m mostra que embora o cen\u00e1rio do e-commerce seja extremamente complexo, com diferentes players em jogo, surgem importantes nomes completamente digitais, como a Homerefill e a Rappi.<\/p>\n
Nas palavras de Luciana Piedemonte, diretora e l\u00edder de e-commerce da Kantar Brasil, as marcas precisam agir de forma diferente em cada caso, pois os compradores t\u00eam diferentes necessidades e motiva\u00e7\u00f5es. O que significa entender o perfil de cada um deles e entregar solu\u00e7\u00f5es espec\u00edficas. \u201cTemos que colocar o shopper e suas necessidades no centro da estrat\u00e9gia de e-commerce.\u201d<\/p>\n
<\/p>\n
No Brasil, o Carrefour oferece uma op\u00e7\u00e3o de clique e retire para produtos n\u00e3o aliment\u00edcios e outro para os aliment\u00edcios. Os itens dispon\u00edveis s\u00e3o sinalizados pelo selo \u201dClique & Retire\u201d. Assim que o pedido estiver dispon\u00edvel no ponto de retirada escolhido, o consumidor recebe um e-mail de confirma\u00e7\u00e3o com as instru\u00e7\u00f5es. O pedido fica dispon\u00edvel por no m\u00e1ximo sete dias, a contar da data de recebimento do e-mail que autoriza a retirada.<\/p>\n
J\u00e1 no caso dos alimentos, h\u00e1 algumas regras espec\u00edficas. O prazo, por exemplo, \u00e9 diferente. O pedido fica dispon\u00edvel na loja por no m\u00e1ximo um dia para compras com frutas, legumes e verduras, e de dois dias corridos para os outros produtos considerados frescos, a contar da data de recebimento do e-mail que autoriza a retirada.<\/p>\n
Tamb\u00e9m com a op\u00e7\u00e3o de clique e retire, no in\u00edcio de janeiro, o Walmart abriu uma loja sem caixa em Coral Way, na Fl\u00f3rida, nos Estados Unidos. A proposta da unidade \u00e9 entregar as compras finalizadas de modo on-line no mesmo dia da compra.<\/p>\n
Essa n\u00e3o \u00e9 a primeira tentativa do Walmart de se valer desse tipo de servi\u00e7o. Em outubro de 2018, o Check Out With Me – projetado para lidar com transa\u00e7\u00f5es menores \u2013 foi instalado para amenizar as filas formadas durante as compras de Black Friday e de Natal. Nessa op\u00e7\u00e3o, alguns funcion\u00e1rios circulam pelas lojas equipados com celulares e impressoras, que permitem finalizar as compras em qualquer corredor da loja, sem que o cliente seja direcionado para alguma fila.<\/p>\n
Meses antes, em maio de 2018, o Walmart apostava em outra tecnologia, que n\u00e3o vingou, o Scan & Go. Com uma din\u00e2mica parecida, o sistema permitia que os clientes pagassem pelos itens utilizando o pr\u00f3prio celular, enquanto andavam pela loja, sem ter que passar pela fila do caixa. Durante os quatro meses em que esteve dispon\u00edvel, no entanto, poucos clientes utilizaram o servi\u00e7o. Ou seja, muitas solu\u00e7\u00f5es ainda deixam muitos consumidores em situa\u00e7\u00f5es complicadas, desde itens n\u00e3o reconhecidos e falhas no sistema at\u00e9 dificuldades no autopagamento, que levam a experi\u00eancias ruins do cliente.<\/p>\n
Todas as inova\u00e7\u00f5es que v\u00eam acontecendo e outras que est\u00e3o por vir t\u00eam como \u00fanico objetivo melhorar a experi\u00eancia do cliente. De nada adianta toda a inova\u00e7\u00e3o e tecnologia se o consumidor n\u00e3o receber seu pedido com qualidade e conveni\u00eancia, seja por delivery ou pelo modelo tradicional.<\/p>\n
<\/p>\n
<\/p>\n
<\/p>\n
<\/p>\n
<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Mesmo com o crescimento das vendas digitais, fazer supermercado pela internet ainda \u00e9 um tabu. Enquanto o varejo americano tenta desenvolver alternativas internas, no Brasil, os aplicativos trazem novas possibilidades para as varejistas<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":1020893,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"content-type":""},"categories":[104],"tags":[2405,614,9958,10141,27544],"yoast_head":"\n